Vinte anos do primeiro dia sem carros
Há exatamente vinte anos Aveiro, Évora, Leiria, Lisboa e Porto fecharam o seu centro ao trânsito de automóveis privados, no primeiro grande Dia Europeu Sem Carros por cá. Quando digo centro, não falo em duas ruas e uma praça. Em Lisboa foi um área enorme (a leste da Av Ceuta e sul do Campo Pequeno) onde apenas os residentes podiam circular no sentido de saída. Lembro-me do Marquês cheirar a Parque Eduardo VII e não à tradicional fuligem que o caracteriza há mais de meio século.
Pensar que há vinte anos (vinte!) houve coragem para fazer isto deixa-me triste. Primeiro porque relativiza as pequenas coragens de hoje da devolução da cidade às pessoas; têm resultados mais importantes, certamente, mas duas décadas de consciencialização para o problema dever-nos-iam ter dado mais decisões disruptivas, não menos. Segundo, porque afinal as mudanças ainda são mais lentas do que poderíamos pensar. Sim, Amesterdão não fui humanizada de um dia para o outro, mas quem teria dito na altura que Aveiro, Évora, Leiria, Lisboa e Porto ainda teriam dado tão poucos passos até hoje?