Apesar da economia crescer a passo de caracol, o forte endividamento da famílias e a subida dos combustíveis, os portugueses não desiludem a indústria automóvel. Segundo a nota de ontem do Banco de Portugal "no período de três meses terminado em Maio, as vendas de veículos ligeiros de passageiros, incluindo todo o terreno, aumentaram 7.7 por cento, em termos homólogos" E no primeiro trimestre já tinha havido um crescimento de 11.7 por cento.
Com o fim da era da energia barata (e digo energia, não digo apenas crude) e com o apertar das exigências em termos de eficiência energética devido ao Protocolo de Quioto (e pós-Quioto), o primeiro-ministro português também não desilude. Aponta o carro eléctrico como solução do futuro. Seja lá qual forem as melhorias tecnológicas, o automóvel será sempre o modo de transporte menos eficiente do ponto de vista energético (e logo mais poluidor). Já agora, alguém ouviu alguma palavra sobre a aposta em transportes públicos como solução de futuro? Eu não.
A linha ferroviária em Santarém vai ser alterada. Julgava eu que seria uma oportunidade para contrariar a nossa mania de afastar as gares dos centros das cidades, problema que quase mata à partida a possibilidade de o comboio ser uma forte alternativa ao automóvel. Seria uma oportunidade de arrepiar caminho e fazer o que se faz em todos os países europeus (pobres ou ricos), colocar o comboio na cidade. O governo não desiludiu as expectativas, vai colocar a estação a 4 ou 5km do centro da cidade. (Tenho a ideia de ter lido que os autarcas ainda queria a linha mais longe, para lá da auto-estrada).
Video recomendado: O programa Sociedade Civil há duas semanas foi sobre transportes e ambiente, com o Mário Alves, Francisco Ferreira da Quercus e o presidente do Metro de Lisboa. Para ver na página da Massa Crítica.