"Túnel do Marquês é bom para Lisboa"
MC, 04.07.07
A primeira capa do último Expresso tinha um "Túnel do Marquês é bom para Lisboa" que remetia para um "Túnel do Marquês dá razão a Santana" no interior. Quem lesse apenas as letras gordas ficava convencido de tal título, mas com mais atenção é óbvio que isso não é assim. As novidades (que não são propriamente novidades, apenas confirmações das previsões dos críticos do túnel em termos de trânsito) podem ser resumidas a: mais fluidez ao longo do percurso do túnel, menos fluidez nas restantes vias e mais automóveis a entrar na cidade. Quando é consensual que Lisboa precisa de menos automóveis é curioso que estes dados sejam "bons para Lisboa".
Número chave: de 88 mil automóveis por dia a circular no Marquês, antes do túnel e antes das obras passámos para 102 mil por dia!
Curioso que o excerto com citações de técnicos e da polícia é remetido para o fim e contrasta com as citações dos populares que aparecem em destaque:
O túnel atrai trânsito e vias próximas do Marquês de Pombal têm trânsito como nunca tiveram. É o caso dos últimos dois quarteirões, no sentido ascendente, da Avenida da Liberdade. “Actualmente, ocorrem intensidades jamais observadas”, reconhece a Divisão de Tráfego. O recorde atinge os três mil veículos/hora, no período de ponta da tarde. Há várias leituras. E é junto de especialistas que se ouvem as primeiras críticas ou, então, avaliações menos encomiásticas. “O túnel gerou maiores engarrafamentos na Avenida da Liberdade, pois há menor capacidade de escoamento à superfície”, afirma Fernando Nunes da Silva, professor do Instituto Superior Técnico. “O mesmo acontece para quem desce a Fontes Pereira de Melo e pretende dirigir-se para a Baixa ou para o Largo do Rato”, acrescenta.
Vasco Colaço, consultor na área dos transportes, coloca o dedo na mesma ferida. “Quem perde é quem circula em Lisboa, pois a Fontes Pereira de Melo ficou estrangulada. Os tempos semafóricos foram muito alterados e isso nota-se. E hoje circula-se pior na Avenida da Liberdade, sobretudo no sentido ascendente”.
Pode também deprender-se dos destacados comentários dos populares que estes estão a comparar 2006 - quando havia obras que atrapalhavam toda a zona - com o trânsito hoje, o que é claramente uma comparação abusiva.
Resta ainda acrescentar que 2 meses em termos de tráfego é muito pouco para se poder tirar conclusões. Primeiro porque os dados são ainda pouco precisos. Segundo porque a adaptação ao fluxo de trânsito aquando da abertura de uma nova via demora muitos meses (basta pensar nas auto-estradas que quando abrem estão vazias durante meses), sendo que os primeiros meses são sempre marcados por uma fluidez melhor do que aquela que acontece em equilíbrio.
Número chave: de 88 mil automóveis por dia a circular no Marquês, antes do túnel e antes das obras passámos para 102 mil por dia!
Curioso que o excerto com citações de técnicos e da polícia é remetido para o fim e contrasta com as citações dos populares que aparecem em destaque:
O túnel atrai trânsito e vias próximas do Marquês de Pombal têm trânsito como nunca tiveram. É o caso dos últimos dois quarteirões, no sentido ascendente, da Avenida da Liberdade. “Actualmente, ocorrem intensidades jamais observadas”, reconhece a Divisão de Tráfego. O recorde atinge os três mil veículos/hora, no período de ponta da tarde. Há várias leituras. E é junto de especialistas que se ouvem as primeiras críticas ou, então, avaliações menos encomiásticas. “O túnel gerou maiores engarrafamentos na Avenida da Liberdade, pois há menor capacidade de escoamento à superfície”, afirma Fernando Nunes da Silva, professor do Instituto Superior Técnico. “O mesmo acontece para quem desce a Fontes Pereira de Melo e pretende dirigir-se para a Baixa ou para o Largo do Rato”, acrescenta.
Vasco Colaço, consultor na área dos transportes, coloca o dedo na mesma ferida. “Quem perde é quem circula em Lisboa, pois a Fontes Pereira de Melo ficou estrangulada. Os tempos semafóricos foram muito alterados e isso nota-se. E hoje circula-se pior na Avenida da Liberdade, sobretudo no sentido ascendente”.
Pode também deprender-se dos destacados comentários dos populares que estes estão a comparar 2006 - quando havia obras que atrapalhavam toda a zona - com o trânsito hoje, o que é claramente uma comparação abusiva.
Resta ainda acrescentar que 2 meses em termos de tráfego é muito pouco para se poder tirar conclusões. Primeiro porque os dados são ainda pouco precisos. Segundo porque a adaptação ao fluxo de trânsito aquando da abertura de uma nova via demora muitos meses (basta pensar nas auto-estradas que quando abrem estão vazias durante meses), sendo que os primeiros meses são sempre marcados por uma fluidez melhor do que aquela que acontece em equilíbrio.