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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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O relevo de Lisboa e as bicicletas - percursos alternativos

MC, 09.07.09

O relevo acidentado de Lisboa é um dos argumentos à chico-esperto contra a utilização da bicicleta como transporte na cidade. Para lá da reacção óbvia de dar razão ao chico-esperto, para depois lhe pedir para se focar apenas nos restantes 90% dos percursos que podem ser feitos sem dificuldade, há que notar que nem sempre falamos da mesma coisa. Já aqui lembrei que Lisboa não se resume ao Castelo e ao Bairro Alto como muita gente parece pensar - já que 69% da sua superfície tem declives baixos, e aqui mostrei como há quem invente o pior percurso ciclável possível para defender o seu ponto de vista.

Quem anda de bicicleta em Lisboa habitua-se a pensar em percursos que evitem declives maiores, ou seja diferentes daqueles que faria de carro (com a vantagem de se poder facilmente contornar sentidos e mudanças de direcção proibidos). Com o Path Profiler fiz no Google Maps um exercício interessante: o perfil da altitude de dois percursos - com o mesmo início e fim, um feito pela minha irmã de carro, e o que eu faço de bicicleta na zona antiga de Lisboa.

(sigam a linha colorida, a preta tem algumas variações que não me parecem existir na realidade)

 

A bicicleta faz claramente um percurso bem mais plano que o carro. O carro passa nos 55m e nos 100m, a bicicleta nos 73m e nos 97m.

 


A ver no Passeio Livre: fotos de Lyon, segunda cidade francesa, que apesar de ser tão acidentada como Lisboa tem tido uma política activa de promoção da bicicleta (incluindo um programa de bicicletas públicas cheio de sucesso) e de diminuição de carros no centro. Um exemplo:

 

Como em Bruxelas...

MC, 13.05.08

A Helena Matos escreveu hoje um absurdo (por não estar minimamente informada sobre o que fala) artigo de opinião sobre as bicicletas e os automóveis. Não o vou comentar, porque já aqui foi feito e muito bem.

Aproveito só esta frase "querem obrigar os cidadãos de uma cidade quente e inclinada como Lisboa [...] a andar a pé ou de bicicleta como os de Bruxelas" para mostrar mais umas imagens dessa tal cidade "plana" onde tem havido um fortíssimo incentivo por parte das autoridades à bicicleta como transporte urbano.

 

 

 

A última foto serve apenas para mostrar que em Bruxelas há várias ruas a passar por cima de outras devido ao relevo, tal como acontece em Lisboa.

Estes belgas são parvos...

 


Post recomendado: Video da campanha da ACA-M sobre a sinistralidade dos peões há um ano n'O Carmo e a Trindade

Desculpas

MC, 08.01.08
A RTP transmitia hoje de manhã uma reportagem sobre a utilização de segways em Lisboa. Um senhor de meia-idade que faz diariamente um percurso de alguns quilómetros na zona do Campo Pequeno dizia ao subir a "Avenida" João XXI (para quem não conhece é uma "avenida" com uma pequena colina pelo meio) que não poderia fazer aquele percurso de bicicleta porque subir aquele troço seria complicado.
Isto é um excelente exemplo daquilo que eu me queria referir aqui, quando escrevi que muita gente não quer ter a plasticidade mental para perceber que não há nenhuma ordem divina que nos obrigue a ir pelo caminho mais complicado. É que a duzentos metros tanto a Norte com a Sul da "avenida" em causa há alternativas praticamente planas ("Avenida" Sacadura Cabral a Norte e "Avenida" Elias Garcia + Bairro do Arco do Cego a Sul), e ele de certeza que conhecerá esses percursos.
Eu percebo que o senhor se queira auto-convencer (e provavelmente à mulher) que não tinha alternativas, mas ao menos que fosse honesto e dissesse que usa o segway "porque é giro".

P.S. Pela segunda vez num espaço de dias volto a ler/ouvir que o Segway não polui. Deve haver aqui algum fenómeno paranormal (ou para anormais como dizia o Herman) que me passa ao lado. Quando se fala em protocolo de Quioto, fala-se logo na produção de electricidade que tem uma grande fatia das emissões. Quando se fala em aumento do preço do petróleo fala-se logo no aumento da electricidade que provem em parte da queima deste. Quando se fala em cabos de alta tensão fala-se nos alegados impactos na saúde pública. Quando se fala em iluminação, defende-se o uso das lâmpadas para ajudar o ambiente. Fazem-se campanhas ambientalistas de redução do consumo de electricidade, de isolamento das habitações, etc... etc... Mas quando se chega aos transportes eléctricos, eles são sempre puros, ecológicos e amigos do ambiente por artes mágicas.
Também publicado no CidadaniaLx

Mapa do relevo de Bruxelas

MC, 11.10.07
As autoridades da região de Bruxelas (que em termos de relevo padece do mesmo problema de muitas cidades portuguesas)  preocupadas em aumentar o número de viagens em bicicleta na  cidade, decidiram realizar um mapa das ruas de Bruxelas usando cores diferentes consoante a inclinação das ruas. Assim os ciclistas poderão mais facilmente planear o caminho a tomar.
Apesar de 99% do trânsito de Lisboa NÃO passar por subidas de Santa Apolónia ao Castelo ou de Santos à Estrela (como os críticos das bicicletas muito gostam de dar a entender), o relevo é um problema para as bicicletas em Lisboa. Quem diz isto, diz da Ribeira à Batalha no Porto, do Largo da Portagem à Universidade em Coimbra. Uma iniciativa deste género seria excelente para Portugal tanto para quem já anda e quer fazer um percurso fora do habitual mas especialmente para quem quer passar a usar a bicicleta como transporte. Isto porque quem está habituado a pensar nos percursos dentro da cidade em termos de viagens de automóvel não tem, ou não quer ter, a plasticidade mental para perceber que muitas vezes um pequeno desvio de um quarteirão é suficiente para evitar uma subida (exemplos disto há aos milhares).  Pessoalmente nunca deixo de fazer uma deslocação de bicicleta por causa do relevo.
Já agora lembro que a bicicleta tem muito mais flexibilidade dentro da cidade do que o automóvel, porque não fica presa no trânsito e porque pode fazer percursos proibidos para o automóvel - por exemplo, virar à esquerda nas avenidas pode sempre fazer-se levando a bicicleta durante uns metros pela mão nas passadeiras. Logo fazer desvios é muito mais fácil.

Por fim tenho que admitir que ando com esta ideia na cabeça há muito tempo, mas rapidamente chego à conclusão que é difícil medir a inclinação de uma rua "a olhómetro ". Voluntários?



(notícia via Rad-Spannerei Blog)