O relevo acidentado de Lisboa é um dos argumentos à chico-esperto contra a utilização da bicicleta como transporte na cidade. Para lá da reacção óbvia de dar razão ao chico-esperto, para depois lhe pedir para se focar apenas nos restantes 90% dos percursos que podem ser feitos sem dificuldade, há que notar que nem sempre falamos da mesma coisa. Já aqui lembrei que Lisboa não se resume ao Castelo e ao Bairro Alto como muita gente parece pensar - já que 69% da sua superfície tem declives baixos, e aqui mostrei como há quem invente o pior percurso ciclável possível para defender o seu ponto de vista.
Quem anda de bicicleta em Lisboa habitua-se a pensar em percursos que evitem declives maiores, ou seja diferentes daqueles que faria de carro (com a vantagem de se poder facilmente contornar sentidos e mudanças de direcção proibidos). Com o Path Profiler fiz no Google Maps um exercício interessante: o perfil da altitude de dois percursos - com o mesmo início e fim, um feito pela minha irmã de carro, e o que eu faço de bicicleta na zona antiga de Lisboa.
(sigam a linha colorida, a preta tem algumas variações que não me parecem existir na realidade)
A bicicleta faz claramente um percurso bem mais plano que o carro. O carro passa nos 55m e nos 100m, a bicicleta nos 73m e nos 97m.
A ver no Passeio Livre: fotos de Lyon, segunda cidade francesa, que apesar de ser tão acidentada como Lisboa tem tido uma política activa de promoção da bicicleta (incluindo um programa de bicicletas públicas cheio de sucesso) e de diminuição de carros no centro. Um exemplo: