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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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Os caminhos do desenvolvimento

TMC, 10.09.08

Com a abertura do Tróia Resort patrocinado pela Somague e a pressão do grupo Amorim ao Governo para a redução dos impostos sobre o casino de Tróia, prevê-se que a pequena língua de terra até Comporta se veja envolvida por várias trocas de palavras pouco amenas entre o Governo, os grupos económicos que, sem imaginação, mostram algum dinamismo, os grupos ambientalistas e o autarca de Grândola, que clama por um desenvolvimento para a sua região.

 

Os acessos a esse pequeno istmo com vistas paradisíacas quer para o oceano, quer para o para o estuário do Sado são bastante fracos. Estradas apenas com uma faixa de circulação para cada sentido e que frequentemente são invadidas pela areia das dunas ou pela caruma dos pinheiros, típico da costa vicentina. Uma viagem feita de bicicleta pela zona atesta o seu profundo atraso.

 

Recomenda-se portanto uma ponte que permita ligar a região de Setúbal a Troía e que além de levar o desenvolviment a todo a estância de turismo de qualidade que virá a florescer, permite também o progresso da vila da Comporta e uma maior rapidez de fluxos a todo o litoral alentejano. De sublinhar é também a previsível diminuição da poluição marítima devido aos ferrys.

 

 

Este espaço permite-se ao auxílio do Ministro Mário Lino e das Estradas de Portugal e apresenta desde já um esboço algo tosco do futuro:

 

ONGAs contra a nova travessia rodoviária em Lisboa

MC, 11.03.08
Notícia no DD:
Ambientalistas contra nova ponte rodoviária do Tejo
Quatro associações ambientalistas manifestaram hoje a sua oposição à construção de uma terceira travessia rodoviária do Tejo em Lisboa, considerando-a «desnecessária, cara e com impactes ambientais excessivos».

Em comunicado hoje divulgado, a Quercus, a LPN, a SPEA e o GEOTA consideram que a terceira travessia não é um facto consumado, uma ideia que considera estar a ser promovida pela comunicação social «com a conivência do governo».
«Somos em princípio favoráveis à concretização de novas travessias ferroviárias, na medida do necessário, desde que com objectivos claros, optimizando as infraestruturas existentes e numa lógica de sistema integrado de transportes da Área Metropolitana», referem.
As associações opõem-se à construção «no futuro próximo» de uma terceira travessia rodoviária do Tejo em Lisboa, «em qualquer localização», uma vez que a consideram «desnecessária, cara, com impactes ambientais excessivos e mesmo contraproducente para a mobilidade» na Área Metropolitana de Lisboa (AML).
«A construção de tal travessia seria um investimento avultado e com impactes gravosos, que tudo indica ter uma relação custo-benefício muito negativa. Além disso, tal decisão é ilegal, na ausência de uma avaliação de impactes» ambientais, acrescentam no comunicado.
Argumento a argumento, os ambientalistas desmontam as justificações do Governo sobre este investimento, dizendo que a travessia não serve para satisfazer a procura gerada pelo novo aeroporto de Alcochete, tendo em conta que a ponte Vasco da Gama «tem capacidade excedentária» que pode comportar esses novos movimentos.
«Embora o estudo do LNEC [Laboratório Nacional De Engenharia] comparando Ota e Alcochete dê como adquirida uma nova travessia rodoviária, não fundamenta de todo esta pretensão, já que não considerou nem o seu custo, nem o seu impacte no ambiente e ordenamento, nem o conjunto do sistema de transportes da AML. É portanto tendencioso e sem fundamento tentar justificar a nova travessia rodoviária com o aeroporto», defendem.
Os ambientalistas também recusam a justificação de a nova travessia melhorar o acesso a Lisboa, invocando os estudos que «comprovam» que a construção de rodovias radiais de acesso a Lisboa contribuem para aumentar os movimentos pendulares e não resolvem o congestionamento dos acessos.
A melhoria da mobilidade na área Lisboa, segundo estas associações, deve ser conseguida apostando no transporte colectivo e não no transporte individual, nomeadamente criando um verdadeiro título inter-modal que cubra eficazmente todos os meios de transporte urbanos e suburbanos.

Subscrevo tudo. O comunicado completo pode ser lido neste link da Quercus.

Lógica da batata: toca a trazer mais carros para Lisboa

MC, 14.02.08
O senhor pode ser muito respeitável, mas não posso deixar de lhe chamar lógica da batata. De acordo com o Público, José Manuel Viegas veio dizer, a propósito da "inevitabilidade" da quarta (!) ponte rodoviária em Lisboa, que «politicamente, é impossível continuar a argumentar que não se querem mais carros na cidade depois de se ter decidido alargar a IC19, que liga a capital a Sintra. "Porque isso seria injustificável para a Margem Sul"».
Com esta brilhante lógica, está aberta a porta para mais umas 10 auto-estradas a entrarem por aí a dentro, até à Baixa de preferência. Já se cometeu um erro, por isso toca a repetir o erro para todas as outras entradas de Lisboa... há cada um...
Porque não aplica este lógica às portagens? (O senhor não gosta de portagens urbanas). Já que há portagens em duas entradas de Lisboa, porque não metê-las em todas as outras também?? Ou a lógica só se aplica quando estamos a falar de mais e mais automóveis para uma cidade que já está a abarrotar?
Bem sei que as duas portagens são casos particulares, mas também o é o IC19: Sintra é o 2º concelho mais populoso do país.

Boas e más notícias de Lisboa

MC, 13.02.08

António Costa insiste na adaptação da rede viária em Chelas, se a ponte for lá parar. Claro que isto seria necessário, mas cheira muito a Circular das Colinas (uma segunda circular no centro histórico da cidade com vários túneis e afins). E é pena não ser tão insistente (nem sequer o é) em questionar a necessidade da travessia rodoviária.
A inauguração de mais uma auto-estrada para trazer mais automóveis para o centro cidade, o IC16 na Pontinha, está para breve. (De uma vez por todas, o número de automóveis a entrar em Lisboa não é de modo nenhum fixo. Por isso não faz sentido argumentar apenas com o aumento de fluidez do tráfego, ou dizer que as vias na zona estão congestionadas, porque uma nova estrada vai criar novas "necessidades", novas entradas na cidade. O efeito imediato é o alívio do trânsito, mas no médio prazo é mais um incentivo ao transporte individual).
O governo, pela boca da Secretária de Estado, insiste em mais e mais pontes rodoviárias e repete esta lógica da batata, ao dizer que uma quarta travessia seria mais cedo ou mais tarde necessária. Maior fluidez num local, aumenta o trânsito no global, aumentam as "necessidades" noutras zonas. Além de que é mais que evidente que esta "necessidade" só existirá se a fraca política de transportes públicos se mantiver,

António Costa quer que as novas portagens (espero que não existam, porque significaria que não haveria nova ponte) sirvam para pagar os transportes públicos. Isto é exactamente o que eu defendo aqui tanta vez, mas refiro-me obviamente a portagens em toda a cidade (como em Londres, Estocolmo, Milão, Singapura, etc...) e não apenas na nova ponte. Este princípio é fundamental para aproximar os custos, que os automobilistas pagam, dos custos reais da sua escolha. Os custos para a cidade de uma entrada de carro na cidade são muito maiores do que a simples gasolina e hipotético parquímetro. Há o congestionamento, a sinistralidade, a necessidade de espaço urbano, o stress, a perda de qualidade de vida, as doenças respiratórias, o ruído, a poluição,etc... só para mencionar alguns exemplos.
António Costa quer fazer (no longo-prazo) da Segunda Circular uma avenida como as outras (como as outras vias-rápidas mais ligeiras que há pela cidade, entenda-se). Isto é uma excelente ideia. Para isso quer reduzir a velocidade máxima. Eu sugiro que seja para 50km/h, e acrescento: transformar uma das faixas em passeio, construir prédios ao longo da "avenida" (com volumetria razoável obviamente, para lhe dar mesmo uma sensação de cidade em vez de auto-estrada), acabar com as passagens desniveladas... Deixem-me sonhar..