As rodas são todas iguais, mas há umas mais iguais que outras
Há quem ande de rodas grandes por opção
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Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas
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Há quem ande de rodas grandes por opção
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A CML aprovou há dias a proibição de circulação de carros muito poluentes (Euro 1) na Baixa, medida demagógica sobre a qual já falei aqui. Há algo que me aflige bem mais no centro histórica da cidade, que não será certamente a poluição, nem a falta de ciclovias ou de estações de metro. Nem é a falta de fiscalização do estacionamento ilegal ou legal, nem fiscalização do respeito pelos peões ou o respeito dos limites de velocidade.
O que me deixa chocado no centro da cidade é isto:
Ontem participei numa corrida/gincana nocturna com centenas de pessoas, e era ridículo ver aquele mar de gente a tentar esgueirar-se pelos pouco centímetrozitos que têm os passeios no centro. A grande maioria dos passeios nem espaço tem para uma pessoa poder caminhar normalmente, quanto mais um casal, uma cadeira de rodas, um idoso, um carrinho de bebé. Estes passeios são tão pequenos, que uma amiga lhes chama "os para-choques dos prédios", porque é esse o único propósito que têm: evitar que os carros não colidam com os prédios. Isto numa zona com duas linhas de metro, dezenas de autocarros, e um parque de estacionamento em cada esquina.
São ruas com traçado antigo, do século XVIII, dirão alguns. O problema não é esse, porque a rua teria espaço para carros e peões, bastaria que a CML quisesse que Lisboa fosse uma cidade em vez de um parque de estacionamento, aproveitando aqueles dois metros à esquerda como passeio em vez de estacionamento. São decisões do século XXI, não do século XVIII, que criam o problema. E choca-me que as pessoas passem ali sem estranhar, e que me avisem (palavras ou businadelas) que estou a caminhar fora dos centímetros reservados aos peões. Todos aceitam esta mentalidade do automóvel antes da pessoa. Todos os problemas começam aqui.
Se houvesse passeios, dignos desse nome, a cidade seria bem mais amiga dos peões e dos transportes, em vez de convidar o automóvel a entrar, disponibilizando-lhes milhares de estacionamentos. Até para quem está preocupado com a poluição seria melhor.
Graças às revoluções no mundo árabe, a televisão tem mostrado imensas imagens de cidades árabes. Tenho reparado que nem aí se vêm o triste espéctaculo de Lisboa. Tal como não se vê na Bolívia ou na Espanha, já para não falar do norte da Europa.
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O "A Nossa Terrinha" tem quatro excelentes posts sobre isto, cheios de fotos que dizem tudo: 1, 2, 3 e 4.
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Já referimos neste blogue a existência de um movimento cívico que pretende desbloquear uma situação muito desfavorável aos peões que se deslocam à zona envolvente à estação de Sta.Apolónia.
São milhares as pessoas que percorrem uma rua que tem passeios de cerca de 50cms e muitos autocarros a fazerem razias aos peões. É uma situação grave de segurança do espaço público e que urge ser resolvida.
Nos últimos dias tem havido alguma cobertura dos media para este movimento e vale a pena ouvir a reportagem da antena 1 em que é entrevistado um dos promotores deste movimento, mas também responsáveis da Refer, que alegam dificuldades financeiras... (parece que a segurança não é algo prioritário).
Já esta semana, foi um dos destaques do programa sociedade civil da RTP2
Parabéns a todo o esforço desenvolvido para resolver um problema de um bairro, mas também de uma cidade. Que dê resultados e que sirva de exemplo para que mais peões se unam e reclamem os seus direitos.
Adiram à página do movimento do facebook e acompanhem os desenvolvimentos. Aqui:
http://www.facebook.com/entradanorte
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A Avenida do Brasil em Lisboa é um triste exemplo de como temos deixado o espaço das nossas cidades ser conquistado pelo automóvel. Esta avenida é particularmente interessante por ser uma avenida (1) moderna, (2) larga, (3) numa das áreas onde houve planeamento urbano digno desse nome, (4) central, (5) com metro a 300m, (6) servida por imensos autocarros, (7) foi abençoada pelo plano de ciclovias, resumindo, teria tudo para ser um bom exemplo.
4. Estacionamento ilegal no passeio
Não seria uma avenida lisboeta se não houvesse dezenas de carros no passeio 24h por dia. Seja a meio,
seja em frente às travessias dos peões.
5. Circulação de carros no passeio
Outro clássico de Lisboa
6. Estacionamento LEGAL no passeio
A Avenida do Brasil é um dos casos onde um ignóbil presidente da junta decidiu legalizar a ocupação do espaço do peão.
O Gonçalo encontrou uma foto que mostra na perfeição que o principal problema do automóvel na cidade, o seu tamanho, não se resume ao espaço que ocupa. Repare-se no espaço que é preciso dedicar a um automóvel para ele poder estacionar:
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Trânsito de Lisboa e Porto passa para as polícias municipais.
Tal como o vejo, a medida destina-se a maximizar competências e a dar à Polícia Municipal, sob a alçada das autarquias, um maior controlo sobre as infracções ao trânsito e ao estacionamento. Se juntarmos a isto o tempo de vacas magras em que vivemos e os aumentos recentes do IMI, é expectável que as câmaras vejam na cobrança de multas uma forma de aumentarem o seu financiamento. E qual é o problema? :-)
A última experiência que tive foi em Lisboa. Fui à FIL no carro de um amigo que reside fora de Lisboa ver uma exposição de arte comtemporânea, e estacionámos a cerca de 2km do local. Um sítio frequentado por "pessoas de bem", ou "elites com muito bom gosto" e em que as crianças saltitavam por todo o lado, entusiasmadas que estavam com as obras de arte expostas. Ao percorrermos o local, a paisagem era a mesma, quer na Av. 24 de Julho, quer na Rua da Junqueira: bólides nos passeios sem qualquer pudor, muitas vezes com uma fresta mínima para os peões mais atrevidos passarem. À porta da FIL estavam dois agentes da PSP que, perante a minha queixa, arrebitaram o olho e estranharam quem lhes recomendava que fossem multar e rebocar uns carros, por ser o trabalho deles. Para que os leitores saibam, a PSP pode multar um carro mal-estacionado, mas a multa só chega a casa do dono do carro passado uns 4 meses e sem que este saiba, ou se lembre, do motivo pelo qual recebe a multa. É preciso dizer mais alguma coisa?
E sorte têm os tripeiros. Só tenho boas coisas a dizer do Porto e do seu urbanismo. Há mais amor. A capital está uma nojeira.
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E se nos cruzamentos de bairro os passeios fossem contínuos e os peões não tivessem que atravessar o alcatrão?
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A ler O fim da mobilidade automóvel de Brian Ladd no Jornal de Negócios, republicado no CidadaniaLx.
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Por razões de saúde ou simplesmente pelo convívio, são muitos os que saem de casa ao final do dia para caminhar nos centros das cidades. Em família ou com os vizinhos, andar a pé também é moda longe da praia e das marginais de rio.
A Avenida da Conduta, principal via que atravessa Gondomar, é exemplo daquela tendência. A partir das seis da tarde e até perto da meia-noite, sobretudo ao fim-de-semana e quando está bom tempo, vê-se muita gente a caminhar à volta de cinco quilómetros. Mas os passeios estão cheios também nos dias úteis. Na Maia, a afluência é bem menor. Com o portão aberto até à meia-noite, os munícipes optam por andar à volta do Estádio Prof. Dr. José Vieira de Carvalho. O local é mais procurado ao final da tarde. Em Valongo, são cada vez mais os que vão caminhar ao fim do dia. Mas há quem prefira andar uns quilómetros logo pela manhã, antes do trabalho. A zona dos Lagueirões é a mais concorrida.
Andar é desporto para qualquer idade nos Lagueirões
Dos oito aos oitenta, o hábito de andar a pé não tem idade. Rosa de Jesus foi com a nora Maria dos Anjos e a neta Letícia caminhar entre os prédios, na zona dos Lagueirões. Por volta das oito e meia da noite, marcava passo num grupo de seis mulheres e meninas. Uma rotina que se repete há dois anos. Fazem uma hora de caminhada, todos os dias, "mesmo no Inverno", contou, ao JN. E "só se chover muito" é que ficam em casa. A nora não se fica por aquele grupo. Às 22 horas, volta a sair para o mesmo local para "andar a pé com duas colegas". O marido prefere caminhar "de manhã e sozinho", explicou Maria dos Anjos.
Eduardo Jorge, de 37 anos, também marca presença todos os dias, mas logo pela manhã. "Costumo vir às sete e meia, mas hoje deu-me mais jeito de noite", explicou, ao JN, prometendo que na manhã seguinte não ia faltar. "Sabe melhor, é mais fresco e não estou com o stress do trabalho", justificou. Corre sempre até às oito e meia, cerca de 10 quilómetros, toma banho e sai para o trabalho, que fica perto de casa. Acompanhado pela filha Ana Rita, de 13 anos, que estava de bicicleta, Eduardo trazia uma camisola da selecção portuguesa, mas garante que é "amador". O percurso, confessa, "é um bocado perigoso" por causa dos carros que passam, mas procura os locais com maior visibilidade.
Quarenta voltas ao estádio para fazer bem às pernas
António Alves, de 57 anos, também escolheu o estádio para caminhar com a mulher porque "faz bem as pernas". "Ele anda mais, cerca de 40 voltas", conta Joaquina. O casal garante que "está sempre muita gente a andar" ali. E há dias em que se juntam naquele espaço "40 ou 50 pessoas".
"Sou obrigado a andar pelo meu médico", contou, por sua vez, José Santos, de 61 anos, porque "parar é morrer". "Todos os dias ando a pé e só pego no carro quando é preciso", disse ao JN. Além disso, não gosta "de estar parado". Em sentido contrário, num passo mais acelerado, seguia Maria Fernanda, de 55 anos. Habitualmente, caminha durante cerca de uma hora. E não pára para conversar.
Passeio na Avenida da Conduta junta vizinhos
Todos os dias, o mesmo ritual: descer e tocar às campainhas dos vizinhos para ver quem se junta à caminhada, explicou Lurdes Madanços, de 45 anos. Num grupo de seis pessoas, constituído por casais e moradores do mesmo prédio, em Fânzeres, seguia ao longo da Avenida da Conduta.
Nesta via de Gondomar, há dias em que os caminheiros chegam às três centenas. Alguns fazem o percurso entre o centro do concelho e a freguesia de Rio Tinto, passando pela Vila de Fânzeres. Porém, se os calçadões atraem quem gosta de andar ou correr, por outro lado ouvem-se críticas ao mau estado do pavimento. Entre os largos passeios que foram sendo construídos na Avenida da Conduta existem muitas falhas. "Há pontos que nem sequer têm passeio", queixa-se Pedro Monteiro, de 33 anos. Até porque numa das bermas da via ele é inexistente. Por outro lado, os carros passam a alta velocidade e as pessoas criticam a retirada das lombas de desaceleração.
No "lado bom" da Avenida, David Silva, de 46 anos, e a esposa, Paula Duarte, de 42, empurravam o carrinho de Iris Filipa, de dois anos. Com Carolina e Leandro, cada um com quatro anos, Iris integrou esta família de acolhimento que passeava após o jantar. Fazem sempre o percurso entre a chamada fonte luminosa e a Rotunda da Carvalha. O Inverno não costuma ser obstáculo. Porém, quando está de serviço nos bombeiros, David falta à caminhada.
Quanto às razões que os levaram a fazer exercício, o marido explica que "tinha o colesterol muito alto e o médico mandou andar". Prefere andar de bicicleta e às vezes traz consigo a sua filha mais velha. Mas assim não pode fazer companhia à Paula que, por sua vez, tem indicação médica para caminhar no sentido de "perder alguns quilos".
A alguns metros de distância, estava um grupo entre os 14 e os 19 anos. Cristiano, César, Fávio e Márcio chegaram após as 22 horas. Mais dois amigos costumam juntar-se ao grupo mas estavam de férias. "Fica mais barato vir andar" do que o ginásio, explicou Márcio.
Paula Cruz, de 41 anos, diz que não tem tempo para ir ao ginásio "e são muitos caros". "Costumo vir andar para a Avenida da Conduta porque acho que me faz bem. Além disso, não faço mais nenhum desporto", justificou.
Comentário: não deixa de ser irónico que haja uma notícia que aborde uma actividade por demais natural ao ser humano. Além de estar deitado e sentado, o andar a pé é algo que é inerente a qualquer pessoa e que advém do facto de termos um corpo com duas pernas.
Porque há então uma notícia que aborda uma actividade tão natural como se fosse um novo fenómeno? As respostas estão na própria notícia e nos seus pressupostos:
1) andar a pé nos passeios e nas cidades não é normal porque...
2) ...as pessoas na cidade normalmente deslocam-se de automóvel;
3) se as pessoas realmente estão a andar a pé nas cidades e nos passeios ou é uma moda ou é para melhorarem a saúde por recomendação do médico ou é por factores económicos
São estes os efeitos deturpados que uma cultura do automóvel provoca: tem que haver uma razão para andar a pé; tem que haver uma explicação para uma deslocação que não é regra, que não é a deslocação motorizada. As próprias pessoas encontraram-nas e justificaram a sua actividade , a sua diferença, como se isso fosse necessário. Não me admira que um dia se chame ao andar a pé o footing e haja até passeios especiais para o fazer.
Não nos esqueçamos que pela etimologia, automóvel é qualquer móvel que se automobilize. As pessoas são automóveis!
E no entanto, é evidente que há algum prazer e convívio que esse desporto económico e salutar fornece. Ficar surpreendido é que é bizarro.
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Porque é que os carros estacionados ilegalmente no local de passagem dos peões são bloqueados*, mas os que estão estacionados ilegalmente no local de passagem dos carros não o são? (Sendo contudo rebocados e com uma probabilidade bem maior?)
(a parte traseira esta num lugar de estacionamento, não na rua)
*(imaginando por breves momentos que as autoridades competentes até fazem alguma coisita)
A ler: contra os preconceitos, a CM de Aveiro pôs os seus funcionários a deslocar-se de bicicleta! Notícia do Pública via Cidade Ideal
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No CidadaniaLx pus a seguinte foto (tirada num bairro residencial central de Lisboa) e pedi ajuda para perceber o que seriam os pedaços de metal colocados no passeio. Ainda pensei que fosse um modo de sinalizar aos peões que só deveriam caminhar na parte de dentro do passeio, para deixar o espaço para estacionamento livre, mas houve uma sugestão melhor dos leitores, a que está no título.
Julgo que a "coisa" é bastante recente, e isso explica porque é que os carros ainda não aproveitaram mais este espaçozinho roubado ao peão.
Ainda a propósito do baixo preço dos parquímetros em Lisboa, uma estatística sobre o preço diário de um parquímetro em várias cidades do mundo, via Cantos de Lisboa.
Lisboa custa entre 12$ e 21$ consoante a frequência em que se mete a moedinha. Basicamente com um preço semelhante a São Paulo e mais barato que Moscovo. Países onde os salários são mais baixos que os portugueses.
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A iniciativa divulgada no post abaixo anda a dar algumas dores de cabeça a automobilistas que já se tinham habituado a estacionar no passeio mais próximo incomodando os peões.
Agora sempre terão de passar uns minutos em limpezas se quiserem andar por aí sem mostrar que cometeram uma ilegalidade.
Foto Roubada ao Forum Auto-Hoje
Esta acção é participação cívica no seu melhor e pode ser que os condutores em vez de gastarem 5 minutos a retirar o autocolante passem a gastar 5 minutos à procura de melhor lugar de estacionamento.
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