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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Desta vez as palavras não são minhas, mas de alguém do sector

MC, 14.11.07
Estas frases vêm numa notícia com mais de um ano, mas o conteúdo é intemporal.

O presidente da Associação Nacional do Ramo Automóvel (ARAN), António Teixeira Lopes, só encontra uma explicação: «o povo português é muito vaidoso. Prefere empenhar-se e endividar-se a comprar um carro modesto. O mais importante para as pessoas é exibirem um bom carro. Muitas pessoas preferem importar um carro de gama alta, com oito ou mais anos a comprar um semi-novo de gama mais baixa em Portugal», explica, em declarações à «Agência Financeira.

Aliás, esta mentalidade tipicamente portuguesa nota-se ainda mais se tivermos em conta que «na Alemanha, por exemplo, muitos dos carros de gama alta, de classe D ou E, nem têm grandes luxos, como vidros eléctricos atrás ou espelhos retrovisores eléctricos. Mas os portugueses não querem esse tipo de coisas, só querem comprar carros com os luxos todos», disse.


O rico de carro e o pobre de bicicleta II

MC, 27.09.07
Já aqui mostrei que existe uma correlação positiva entre a riqueza de um país e o número de pessoas que usam a bicicleta como transporte.
O António descobriu agora um interessante artigo no britâncio The Times, que diz que o mesmo aconteceu ao nível das classes sociais dentro do Reino Unido: os ricos deslocam-se mais de bicicleta que os pobres. Mais precisamente o quinto mais rico da população anda duas vezes e meia mais que o quinto mais pobre.
Aqui fica um excerto:
"the poorest fifth, despite being five times less likely to have access to a car, are very unlikely to consider cycling as a solution to their transport needs (...) poorer people might also be concerned that being seen on a bicycle would encourage others to view them as socially inferior". Chama-se a isto desejo de ostentação, e é a principal razão para não se encarar a bicicleta em Portugal como um meio de transporte válido dentro da cidade.
Volto à mesma tecla: a melhor maneira de pôr o pessoal a ter uma mobilidade sustentável se calhar é oferecer automóveis e quadruplicar o preço dos transportes e da bicicleta.

O rico de carro e o pobre de bicicleta

MC, 31.08.07
É muito curioso o valor, em termos de status social, que o andar de carro tem em Portugal. Todos conhecemos casos de pessoas em que o carro é um bem de ostentação, antes de ser um meio de transporte.
Os transportes públicos acabam por seguir o mesmo padrão. Em Lisboa houve em tempos uma publicidade a uma loja de electrodomésticos, com preços alegadamente muito baixos, que incluia alguns mupies com uma frase tipo "Eu é que não sou parvo. Andar de autocarro para poder comprar uma televisão".
Isto já para não falar na bicicleta, algo que se compra por uns míseros 50€ no hiper. (Já agora, aconselho a releitura deste post).

Ontem houve uma manifestação de enfermeiros de bicicleta, alegadamente porque "é o único meio de transporte que a situação precária que vivem lhes permite sustentar".

Como um gráfico vale mais do que mil palavras, cá fica a relação entre a riqueza per capita (em percentagem da média UE27 no eixo horizontal) e a percentagem de pessoas que usa a bicicleta como principal meio de transporte na UE (vertical), em cada um dos países da UE27 (cada ponto é um país).
 (Fonte: EuroBarómetro, EuroStat. Weighted Least Squares usando a população como peso.)

O Forreta e o Pobre de Espírito

MC, 21.07.07
Há uns anos numas férias, conheci um imigrante português em Amesterdão, empregado num restaurante. A conversa, como seria de esperar, foi parar à comparação entre nós e eles. Dizia-me o português que os holandeses eram muito forretas. Forretas como? "O meu patrão, por exemplo, tem muito dinheiro, tem vários restaurantes e tem um grande Mercedes em casa. Mas mesmo assim vai de bicicleta para o emprego."

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Às vezes questiono-me se a melhor maneira de incentivar uma mobilidade mais sustentável no Portugal novo-rico e sedento de ostentação, não seria atribuir preços altíssimos aos transportes públicos e bicicletas e oferecer automóveis por vinte tostões.

A Manuela Azevedo não quer um GTI

MC, 07.07.07
A obsessão pela ostentação do pópó, tão típica do nosso novo-riquismo, vista pelo Carlos Tê


O sonho dos meus amigos
é ter um GTI
não importa de que marca
de que cor
o sonho dos meus amigos
é ter um GTI
não importa se inglês ou japonês


eu ando pensativo
porque não tenho esse sonho
ando a pensar qual o motivo
porque não sonho com um GTI

 

(...)


os meus amigos riem-se de mim
por ser feliz assim sem sonhar com um GTI