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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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De agora em diante, teremos que viver com menos crude

MC, 15.11.10

A ideia de que o pico do petróleo - o dia em que a produção mundial de petróleo deixaria de crescer - estaria para breve ou já teria passado, foi durante muitos anos (bom, ainda é) alvo de chacota por muitos agentes envolvidos no setor da energia. Segundo estes ainda haveria ziliões de reservas de crude para encontrar e o pico do petróleo não chegaria nas próximas décadas.

Bom, agora foi a vez da Agência Internacional de Energia no seu último relatório fazer uma previsão para a produção de crdue nas próximas décadas, onde se mostra que esta não volta a crescer.

(Gráfico tirado deste artigo, encontrado pela ASPO-Portugal)

 

Não é difícil de imaginar o que acontecerá ao preço do petróleo, com um aumento explosivo das taxas de motorização na China e na Índia, o aumento populacional e o crescimento económico mundial. Nem difícil é de prever os impactos que isto terá já nos próximos anos na sociedade do automóvel.

Para lá da qualidade de vida nas nossas cidades e do ambiente, reduzir a nossa dependência do automóvel deve ser o principal ponto da nossa política energética.

 

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E aqui fica uma sugestão para esta redução, no interessante post Non-stop relaxed cycling in Utrecht no A View from the Cycle Path.

Mais Soltas

MC, 01.09.10

1. Os transportes no Porto estão de parabéns! Perdi o link da notícia que já tem umas semanas, mas recordo-me do essencial: vão ser instalados painéis com o tempo real de chegada dos autocarros (como existem em Lisboa), mas nas estações do Metro! Isto é interoperacionalidade. Depois de ter um sistema de bilhetes comuns a todos os transportes públicos, é mais um bom exemplo que deveria ser seguido em Lisboa onde as empresas ainda se tratam umas às outras como concorrentes (no Porto felizmente não existe essa divisão administrativa).

 

2. Não é só Copenhaga que tem um Copenhagen Cycle Chic, Lisboa tem agora o seu Lisbon Cycle Chic!

 

3. Outra novidade para Lisboa... o Bycicle Repair Man! Assistência em viagem (ou ao domicílio) para bicicletas. É só ligar o 91 748 96 31. A deslocação até ao local custa apenas 4€, e o preço das reparações também é bastante baixo (desde 5€).

 

4. Depois do governo inglês mostrar algum incómodo com o tema do Peak Oil (altura a partir da qual a extração de petróleo começará a diminuir), um estudo (em inglês aqui) encomendado pelo exército alemão admite que este ponto já tenha chegado ou que ocorra em 2010. O relatório prevê que o comércio de petróleo se torne num importante factor das relações internacionais, com um aumento do poder político dos países produtores. Refer ainda um aumento brusco dos bens de consumo, a necessidade de racionamento, etc.

 

5. A EMEL (Lisboa) vai lançar um sistema de aluguer de bicicletas em alguns parques de estacionamento em Lisboa, para pegar depois de estacionar. Nem sei o que pensar. Gosto da ideia, mas estranho serem apenas 12 bicicletas, estarem localizadas mais numa lógica de lazer (junto ao rio) do que de transporte, serem lançadas agora quando a CML se prepara para lançar um sistema de bicicletas públicas em larga escala (ainda mais costas viradas entre serviços públicos em Lisboa?).

"A chave não é encontrar uma forma de arranjar gasolina mais barata, a chave aqui é sair da estrada"

MC, 21.05.10

Uma interessante entrevista do economista Jeff Rubin ao DN, que vai de encontro ao que nós temos escrito por aqui sobre política energética e transportes, e à declaração de James Howard Kunstler que eu gosto muito: quem está a pensar em como vamos continuar a andar de carro, não percebe que a questão com a qual nos deparamos num futuro próximo é como vamos viver sem andar de carro.

 

Algumas partes:

 

Que vantagens vamos tirar daí?

Estamos a ficar sem reservas?

Não estamos a ficar sem petróleo, mas antes sem petróleo que temos capacidade de queimar. Todos os anos o mundo perde cerca de 4 milhões de barris por dia e consome 85 milhões. O que isso quer dizer é que temos de arranjar 20 milhões de barris por dia nos próximos cinco anos para que daqui a outros cinco possamos consumir a mesma quantidade que em 2010. Estamos a substituir petróleo low cost por high cost, além dos elevados custos ambientais das novas reservas.

 

O que aconteceu em 2008 vai voltar a repetir-se?

Antes da crise da Grécia, o barril estava a ser comprado a 85 dólares. E repare que a maioria das economias consumidoras de petróleo não está nas mesmas condições que estava antes de começar a recessão. O petróleo até pode voltar aos 40 dólares, isto se continuarmos em recessão, não digo que não. O que digo é que não podemos sobreviver como economia global se o preço do petróleo voltar aos três dígitos. E, quando isso acontece, a distância custa dinheiro. O modelo de economia global deixa de fazer sentido.

 

Quando é que isso vai acontecer?

Está a acontecer enquanto falamos. O petróleo esteve agora a custar 85 dólares por barril. Há três anos, esse preço seria um recorde inacreditável e agora é o que se paga quando metade do mundo está em recessão. Vamos chegar aos 150 dólares por barril. E não me parece que a economia esteja mais apta para lidar com esses preços do que estava em 2008. É por isso que acho que temos de mudar. Não faz sentido irmos buscar tudo à Índia ou à China porque os salários são mais baixos. O custo de importação vai ser mais caro. Aquilo que poupamos em custos de pessoal gastamos para trazer os produtos.

 

Vamos ter de nos habituar a outra forma de vida?

Sim, em tudo. No que comemos, onde trabalhamos, onde vivemos, como gerimos o nosso negócio, que tipo de trabalhos temos. Essas serão as mudanças que nos permitirão adaptar a preços de três dígitos. Mas não vamos deixar de comer. O problema é que nos Estados Unidos, Canadá ou Europa Ocidental metade dos terrenos agrícolas são hoje sítios pavimentados. As mesmas forças económicas que acabaram com as fábricas e as levaram para a China vão ter de reverter isso. Rendibilizar novamente os locais não porque o governo diz mas porque os preços do petróleo o dizem.

 

E acha que as pessoas estão preparadas para esta reviravolta?

A única vez em que concordei com George W. Bush foi quando ele disse "estamos viciados no petróleo". E estava 100% certo. Mas ninguém está mais viciado do que os norte-americanos. Contudo, é uma mensagem que as pessoas não querem ouvir. Preferimos fingir que conseguimos encontrar novas fontes de energia porque não queremos cortar no nosso consumo. Mas a chave não é encontrar uma forma de arranjar gasolina mais barata, a chave aqui é sair da estrada. Nisso acho que os europeus estão mais habituados. Pelo menos têm sistemas de transporte muito mais desenvolvidos.

 


Cada vez há mais iniciativas a favor da bicicleta: mais uma interessante numa escola de Faro a ler no Planeta QI.

 

Pico do Petróleo, há quem diga que já passou

MC, 24.10.07

O oil peak é um ponto no tempo em que a produção de petróleo chega ao seu valor máximo. Daí em diante a produção mundial será decrescente. É óbvio que este ponto tem que existir, porque o petróleo é um recurso não-renovável .
Um indício de que ele pode estar próximo é o facto de haver cada vez mais planos para extrair petróleo de locais onde a sua extracção era considerada demasiado difícil até há pouco tempo.
O Energy Watch Group publicou um relatório onde é afirmado que este ponto já passou em 2006. Daqui em diante a quantidade de petróleo nos mercados será sempre menor, e a humanidade vai ter que reduzir o seu consumo à força.
A originalidade deste estudo é não ser baseado em suposições quanto às reservas existentes (que são sempre incertas) mas no padrão de produção de petróleo em vários países no passado. Por exemplo, no gráfico vêem-se os picos do petróleo de vários países produtores, tendo sido o primeiro, o da Áustria, já no longínquo 1955.

Um dado curioso a reter (e isto é um facto, não uma suposição) é que o pico nas descobertas de petróleo já passou há 40 anos, ou seja nunca se descobriu tantas reservas de petróleo como nos anos 60.