Michael Hartmann - Autobiografia V
Quando Michael Hartmann começou a caminhar no meio da rua, a polícia não gostou. Uma coisa é um carro enorme a ocupar o diminuto espaço do peão parado durante horas ou dias, algo que a polícia de Munique há 20 anos - e a nossa hoje - sancionava quando o rei faz anos, outra completamente diferente é um peão a ocupar uma pequena parte do enorme espaço dos automóveis durante alguns segundos, nem estando sequer parado. A primeira tolera-se, agora a segunda é um crime contra a humanidade. O Michael pediu várias vezes que lhe fosse passada uma multa equivalente à do estacionamento no passeio, mas sem sucesso. Como não havia enquadramento penal à altura do crime hediondo de Michael, a polícia começou a prendê-lo, para logo a seguir o ter que libertar por não haver fundamentos legais para a prisão.
O passo seguinte foi prendê-lo duas vezes num hospital psiquiátrico, alegadamente por ter comportamentos suicidas. Era portanto alguém que durante meses caminhou na estrada, e que a qualquer momento poderia querer suicidar-se, mas estranhamente ainda não tinha encontrado nenhum modo de o fazer durante as caminhadas entre veículos de uma tonelada a alta velocidade. Mais uma estratégia da polícia que fracassou por falta de fundamento legal.
Pouco depois foi atropelado com alguma gravidade. O chefe da esquadra local passou no local do acidente e comentou "pois então, afinal não é assim tão seguro caminhar na rua".