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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Reportagem SIC/Visão "O carro roubo-nos a rua" + Entrevista AMOL

MC, 08.11.12
  1. Já estava no Facebook do blog, mas aqui fica outra vez, a reportagem da Visão que passou na SIC, que conta com a minha participação:


  2. E continuando no mesmo registo, uma entrevista que dei (em nome do blogue) à revista AMOL há um ano e que estupidamente não pus aqui: AMOL Magazine 19 (a partir da página 38) ou o texto apenas aqui.

Portagens na 25 de Abril são hoje CINCO vezes mais baratas do que em 1966

MC, 31.07.11

A imprensa está hoje cheia de notícias que afirmam que as portagens na Ponte 25 de Abril estão hoje 15 vezes mais caras do que em 1966, quando a ponte foi inaugurada. Na altura custava 20 escudos, e hoje custa 1,45€. Claro que até os jornalistas que escrevem estas babuserias já ouviram falar em inflação, e certamente tomam em conta a variação geral dos preços ao longo dos anos quando escrevem notícias sobre outros preços. Ḿas quando se toca no sagrado automóvel, não há manipulação de números que seja demasiado tendenciosa para não se poder colocar na imprensa.

Se eles quiseram fazer as contas, façamos nós então como deve de ser. Usando a base de dados económicos da Comissão Europeia, podemos facilmente ver que os preços em Portugal subiram 71 vezes desde 1966. A portagem subiu apenas 14,5, logo está na realidade 5 vezes mais barata hoje.

Bom, mas hoje o rendimento dos portugueses até está mais alto mesmo descontando a inflação, "nominalmente" o PIB per capita está 216 vezes mais alto. Comparando* então com o rendimento o preço está hoje 15 vezes mais baixo.

 

*Esta comparação pode ser enganadora, mas esse tema dá pano para mangas.

 

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A DIF, uma revista gratuita de moda, dedicou o seu número de Julho quase inteiramente à... bicicleta!! Os temas vão desde o Bicycle Film Festival, à Massa Crítica, ao Bike Polo, aos tipos de bicicletas que existem, etc. É oficial: a bicicleta deixou de ser coisa de gente esquisita!

 

O projecto "Bike Buddy" na comunicação social

TMC, 02.04.11

Dois dias depois do lançamento da iniciativa "bike buddy" da MUBi, a comunicação social dá algum destaque à proposta:

 

- Lusa

- Diário Digital e Visão (iguais)

- Público

 

A relevância da comunicação social é precisamente ajudar à divulgação do projecto, algo que por si só o feitiço dos blogues e do facebook não podem lograr. É preciso, no entanto, muito boca-a-boca, muito boato, disponibilidade e até alguma moda associada ao andar de bicicleta (voltarei a este assunt mais tarde) para que o projecto tenha algum sucesso.

 

Recorde-se que o projecto está aberto a qualquer um, independentemente se os voluntários de acompanhamento se localizem em Lisboa ou não. Só é preciso acreditar na causa e contactar a MUBi. O pressusposto básico é que muitos dos habitantes das nossas cidades ainda não sairam do armário no que toca à bicicleta, por terem uma percepção (perigosa, cansativa, limitadora) errada da sua potencialidade como meio de transporte.

 


Por falar em percepções erradas, porque é que o seguinte stencil encontrado num bairro histórico de Lisboa não faz sentido absolutamente nenhum? O que revelam as palavras dos autores relativamente ao que compreendem por "as ruas serem nossas"?

 

"Mais de metade do espaço urbano ainda é para carros", no Público

MC, 24.10.10

Ontem foi o DN, hoje é o Público que tem uma série de artigos sobre a ditadura do automóvel. Sendo que a semana da mobilidade já passou há um mês, a publicação destas reportagens nos principais jornais "fora de época" é um excelente sinal de que este é um tema que começa a preocupar a todos.

A preocupação que a manchete espelha, "mais de metade do espaço urbano ainda é para carros" (sublinhado meu), não é ainda aparentemente partilhada pelos municípios portugueses. Não é que não haja boas intenções e boas notícias, mas as boas medidas nunca se atrevem a no carro, ainda estamos na fase de lhe dar mais e mais espaço urbano. Em Lisboa, descontando o aumento dos passeios na Av. Duque de Ávila, temos as novas ciclovias construídas no passeio que praticamente não tocam no espaço do popó, temos a proposta de usar os logradouros (traseiras dos prédios e afins) para construir mais estacionamento, temos o aumento da rede viária, não há qualquer intenção de reduzir o estacionamento à superfície que domina Lisboa como não acontece em mais nenhum lugar da Europa, etc.

 

(Os textos também estão disponíveis aqui)

 

Entrevista Os automóveis são os donos das cidades

"o veículo privado, que pouco a pouco se fez dono das cidades. E os planificadores passaram a desenhar as cidades a pensar neles. Na maioria das cidades médias e grandes, no Sul da Europa, cerca de 70 por cento do espaço público é para o veículo privado"

 

Portugal já tem uma rede nacional de Agenda 21 Local, mas há pouco trabalho para mostrar

 

Para cada cidade europeia há uma solução à medida

Malmo: "Nas ruas da cidade foram instalados sensores que garantem aos ciclistas prioridade em cerca de 30 cruzamentos, reduzindo o número de vezes em que são obrigados a parar ou a esperar pelo sinal verde."

 

Países da Europa Central com melhores transportes públicos

 

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Sugestão de hoje, como a cidade de Londres tem "poupado" dinheiro ao investir na bicicleta, no Um pé no Porto e outro no Pedal.

Palermice do ano

MC, 30.09.10

Quem lê este blogue sabe que os danos ambientais são apenas uma pequena parte dos problemas causados pela sociedade do automóvel. Os congestionamentos, a sinistralidade, a destruição do espaço urbano, etc. não são consequência da poluição mas do tamanho do automóvel.

A semana da mobilidade que passou costuma ser um período propício para greenwash automóvel. No dia 22, o ex-dia sem carros, o jornal gratuito Metro tinha numa página de fundo verde, e sob o título "3 maravilhas", a seguinte frase sobre um dado carro:

 

Um carro criado para cidades supercongestionadas pelo trânsito. Utiliza um pequeno motor de 1 litro de três cilindos que produz menos de 100g/km de CO2.

 

Uma cidade supercongestionada cheia de carros destes (diga-se de passagem que 100g/km não é nada maravilhoso) passaria a ser... uma cidade supercongestionada!

De resto o jornal é todo ele um exemplo da confusão existente em torno da mobilidade sustentável. A capa até tem uma foto grande de duas bicicletas, mas a circular no passeio. A 3ª página é toda ela um anúncio automóvel. As tais 3 maravilhas são 3 carros. As algas são apresentadas como um biocombustível potencialmente milagroso para usar no automóvel, quando a verdadeira melhoria ambiental não viria do uso de carros a biocombustível, mas do uso de transportes públicos e o uso dos biocombustíveis para produção elétrico e consequente redução das emissões. Por haver agora ciclovias nas nossas cidades, o jornal diz que "" é possível usar a bicicleta para fazer exercício fora do ginásio.

Por último, o disparate do anos em termos de política de transportes: o lançamento do MetroBus, um trolley/autocarro que vai nascer na Amadora. Depois dos comboios urbanos, metro de Lisboa, elétricos da Carris, metro da margem Sul e do comboiozinho do Isaltino em Oeiras, a Grande Lisboa vai ter um sexto sistema de transporte fisicamente incompatível com os outros 5. Nenhum destes sistemas poderá alguma ser integrado com os outros porque cada concelho quer ter o seu brinquedo diferente.

 

 


 

Uma imagem que anda por aí (obrigado Telma):

Bio-combustíveis podem levar a emissões de carbono quatro vezes maiores

MC, 22.04.10

Um relatório preparado para Comissão Europeia, afirma que os bio-combustíveis à base de soja levam a um nível de emissões de 339,9Kg de CO2 por GJ, quatro vez mais que os combustíveis convencionais. Estes valores são baixam para 150,3 Kg no caso de biodiesel produzido por colza na Europa, e 100.3 Kg para a beterraba europeia. Todos estes valores ficam acima dos 85Kg do diesel e gasolina convencionais.

Estes dados constam de um estudo que já estava nas mãos da Comissão Europeia há vários meses, mas que não tinha sido publicado. Foi apenas por pressão judicial da Reuters e ONGs que a Comissão foi obrigado a divulgá-lo.

Fugas de outros estudos para a Comissão, mencionadas pela Reuters, apresentam outros problemas dos biocombustíveis como aumento dos preços dos alimentos e destruição de ecossistemas.

De lembrar que a queima do bio-combustível em si, terá uma emissão próxima dos combustíveis convencionais. Mas a este valor deve subtrair-se o carbono que foi caputrado da atmosfera (100% se o combustível for 100% bio) mas deve somar-se os custos de produção (cultivo, recolha, processamento, distruição) que são maiores do que no caso dos convencionais.

 

A indústria e as autoridades andam agarradas ao paradigma automóvel tentando contornar todos os problemas energéticos e ambientais que ele tem. Como diz James Howard Kunstler, andam preocupadas em como vamos continuar a andar de carro daqui poucas décadas, quando a questão que se põe é como a sociedade vai funcionar sem automóveis.


A CM de Lisboa já estar a dar o seu passinho, tendo criado uma página sobre a bicicleta em Lisboa. Parabéns!

Cenas do Quotidiano do Automobilista Imperador do Universo I

MC, 04.06.09

De manhã a televisão mostra-nos incessantemente imagens de várias auto-estradas e vias-rápidas de Lisboa e Porto. O locutor vai-nos enunciado o estado do congestionamento em todas elas. De 15 em 15 minutos repete-se a longa e enfadonha lenga-lenga. Mesmo fora desses minutos, o Exmo. Sr. Dr. Automobilista é constantemente informado através de uma caixa no rodapé da televisão.

Muda-se e remuda-se de canal, mas a cena repete-se.

Liga-se a rádio, troca-se e retroca-se de estação, e nada nos salva do "trânsito muito complicado nos acessos à IC324 na zona de Vila do Popó". Há até rádios que têm números de telefone gratuitos para informação sobre o estado do trânsito. Agora já não é tão comum, mas antes das modernices das câmaras na estrada, havia helicópetros a sobrevoar Lisboa apenas para informar os Exmos automobilistas ouvintes das rádios sobre o congestionamento.

Para lá da maioria dos portugueses, que não vivendo nas grandes cidades, têm que aturar com isto, o que me choca é que nunca há qualquer informação para quem anda de transportes públicos. Metade da população de Lisboa e Porto tem todos os media a pensar neles constantemente, enquanto a outra metade não tem direito a saber de interrupções em faixas BUS que provocam longos atrasos nos autocarros, sobre problemas de circulação nas linhas de metro e de comboio, sobre carreiras de autocarro momentaneamente afectadas. Absolutamente zero.

 

Eu vou escrever às TVs e rádios a criticar a situação, queixa-te tu também.

 

P.S. Nem de propósito, pouco tempo antes de eu ter escrito esta posta houve uma interrupção na linha amarela do Metro de Lisboa que durou 20 a 30 minutos. Não passou na rádio (pelo menos na que eu estava a ouvir) nem aparece qualquer referência no Google News. Um interrupção semelhante numa AE teria direito a cobertura em grande, agora esta coitada não meteu carros...


Blogues relacionados que descobri recentemente:

Moving People (PT)

Diário do Tripulante (PT)

Wheels vs Legs (PT)

Por Cidades Mais Sustentáveis (BR)

Cidade Ideal (PT)

Lisbonize (PT)

Notícias soltas

MC, 15.05.09

Crise ajuda transportes públicos segundo o Expresso. Os valores são muito pequenos, e falar do caso do Porto é esquecer que o Porto teve grandes melhorias devido ao Metro ultimamente. O que é mais interessante, é que o número de viagens de carro dentro das cidades tem diminuído, aí sim os números são maiores.

Quando alguém diz que aumentar o preço não resolve nada, porque as pessoas vão continuar a abusarem do carro, lembrem-se desta notícia.

Governo vai instalar mais 100 radares de velocidade e ainda bem! O sentimento de impunidade ao volante é uma coisa absurda. Eu acho um pouco desumano chamar "caça à multa" à penalização de quem põe a vida dos outros em risco, mas seja lá qual for o nome ainda não conheci nenhum outro modo de contrariar os 160 nas AEs, os 130 na estradas e os 90 na cidade.

 

A propósito da construção de um ciclovia na freguesia de Alvalade em Lisboa, a Junta de Freguesia local está revoltadíssima. Bem espremida a sua argumentação resume-se a "chateia os popós",  incluindo uma espantosa crítica à redução de dois para um sentido de circulação numa rua no bairro. É que esse é um truque clássico para afastar o trânsito intenso das ruas residenciais, mas provavelmente a junta também está contra isso. Pessoalmente não tenho opinião formada sobre a ciclovia, mas nunca tinha visto uma junta fazer tanto alarido, ao ponto de lançar um abaixo-assinado (!), por seja o que for... Mas neste caso é pelo popó. 


A ler: mais um artigo do politólogo Pedro Magalhães a defender portagens urbanas em Lisboa.

Há aqui três falácias. A primeira consiste em supor que a introdução de taxas para entrar em Lisboa de automóvel retira "direito à cidade", como se não houvesse outras formas de entrar e circular em Lisboa e como se o excesso de trânsito não fosse, ele próprio, atentatório do "direito à cidade". A segunda consiste em supor que a faculdade de circular de automóvel por onde muito bem se entenda é um "direito" ilimitado. O problema é que, mesmo que fosse um "direito", não há cidade nenhuma no mundo (...) onde esse direito seja ilimitado.

Dois artigos interessantes

MC, 20.01.09

Eu costumo enviar os artigos para o fim dos posts, mas acho que estes dois merecem destaque. Aconselho a leitura deles, mas para quem não tem tempo, aqui ficam os destaques.

 

1. Bons investimentos públicos do Rui Rodrigues do maquinistas.org (obrigado Mário)

 

A cidade americana de Houston é uma referência, como um exemplo a não seguir, por ter graves problemas de mobilidade, e está a pagar muito caro por ter baseado a sua circulação apenas no automóvel.
Para se ter uma ideia da gravidade da situação, a União Internacional de Transporte Público (UITP) dá como exemplo a comparação entre as cidades de Singapura e Houston, que possuem aproximadamente a mesma população e rendimento per capita. Por ano, Singapura gasta menos 10 mil milhões de dólares para transportar os seus habitantes que a cidade de Houston, o que representa cerca de menos de 3000 dólares por habitante.
Esta diferença, em parte, também se explica devido à diferença da densidade populacional mas, mais importante, deve-se ao facto de que em Singapura 52,75% dos seus habitantes utilizam o transporte público, enquanto que, em Houston, 95,5 %, utilizam o veículo privado.
Na Europa, o transporte público consome quatro vezes menos energia que o transporte individual e, no Japão, esse valor é 10 vezes inferior. Por outro lado, segundo estudos realizados pela APTA (American Public Transport Association) o transporte público cria duas a três vezes mais postos de trabalho que o privado

(...)

Nas famílias portuguesas, os gastos em combustíveis atingem entre 76 a 125 Euros por mês. (...) Concluiu-se que, num país como o nosso, com poucos recursos económicos, dirigiu-se o maior esforço para o modo de transporte mais caro, mais poluente e que maior número de mortes, feridos e prejuízos provoca na sociedade.

 

2. Revolução na mobilidade urbana em Espanha no El Pais (em castelhano) (obrigado pedro santos)

Refere-se vários exemplos de mudanças que já aconteceram em Espanha, mas insiste que é preciso uma autêntica revolução - e que a necessidade desta é cada vez mais premente e consensual. O mais engraçado queixar-se que a Espanha está sempre na cauda da Europa em termos de mobilidade, que as coisas só são feitas muito depois, que a ditadura do automóvel e dos seus lobbies continuam a predominar... claramente o autor nunca veio a Portugal. Deixaria de dizer que Espanha está na cauda da Europa.

Uma coisa que me parece estar implícita, e que eu já insisti várias vezes: para uma melhor mobilidade urbana não é apenas lutar pelos transportes públicos, é lutar também contra o automóvel (algo que é quase um tabu em Portugal). Isto porque não se pode ter boas alternativas enquanto a ditadura do automóvel perdurar, porque o automóvel tem um enorme impacto negativo sobre as suas alternativas (autocarro, peões, bicicleta).

 


Aconselho a reportagem rádio (em alemão, mas com uma amável tradução e transcrição do  Jorge Tiago e Heidi Koenig nos comentários ao post!) da Deutschland Radio, a gozar literalmente com a obsessão do nosso primeiro-ministro pelas auto-estradas. Mostra o absurdo de haver um país pobre, com vários problemas estruturais, com uma das melhor rede de auto-estradas do mundo, que tem planeado a construcção de mais mil e tal kms nos próximos anos.

(obrigado Patrick)

 

 

Imprensa

MC, 30.08.07
1.Interessante crónica de Serafim Duarte no JN:

Em 1909, Henry Ford implementou o trabalho em cadeia na produção dos seus Ford-T. Procurava-se diminuir tempo e custos de produção, tornando o automóvel um bem de consumo acessível a todos. De lá para cá, o automóvel impôs a sua tirania, criando dependências e gerando cada vez mais consumos de combustíveis fósseis. As nossas cidades tornaram-se imensos autódromos. As ruas foram literalmente tomadas pelos carros, remetendo os peões para espaços cada vez mais exíguos e precários, onde a circulação se processa sem segurança e bem-estar.

O sonho da posse individual de um automóvel virou infernal pesadelo. Não são apenas os acidentes de viação, os atropelamentos, mas também os efeitos nefastos da poluição rodoviária responsável pela emissão de mais de 40% de gases com efeito de estufa, principais causadores do aquecimento global planetário

 
2. Crónica de Sena Santos sobre o sucesso das bicicletas públicas de Paris (graças ao Hugo Jorge)

Paris excitada com o programa de bicicletas ao serviço do cidadão. "Dois milhões de alugueres em 39 dias com tempo execrável, é o êxito. Serviço lúdico torna-se meio de mobilidade alternativo ao car-ro e transporte público. O parisiense faz da da bicicleta veículo quotidiano. Há pontos de entrega de bicicletas todos os 300 a 500 metros. Ao café no bairro vizinho vou de bicicleta, e noutra para regressar. Muitos que se riam agora são utentes.