Ainda bem que não podemos alargar as nossas avenidas!
Discordo. Ainda BEM que não podemos alargar as antigas avenidas!
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Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas
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Discordo. Ainda BEM que não podemos alargar as antigas avenidas!
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É por as pessoas "terem" de usar o carro que as cidades lhes devem dar estacionamento, ou será que acontece o oposto? Ao darmos estacionamento, não estaremos a convidar mais pessoas a ficarem dependentes dele? Um novo estudo prova isso mesmo: mais estacionamento leva a mais posse e uso do carro.
Em San Francisco, há um grande programa de rendas controladas, onde as famílias são distribuídas aleatoriamente. O estudo mostra que quanto mais estacionamento para residentes existe no local, mais as pessoas optarão por usar o carro, e menos o transporte público: "On-site residential parking has even larger effects: increased parking causes more car ownership and more driving while reducing transit use, regardless of a neighborhood’s transit accessibility. "
https://usa.streetsblog.org/2021/02/10/study-yes-more-parking-does-put-more-cars-on-the-road/
E é por isto que não faz sentido as nossas cidades obrigarem a toda a habitação e comércio novo a ter estacionamento mínimo. Isso é escrever na lei que a cidade deve incentivar o uso do carro. Devemos sim fazer o oposto (já feito em muitas cidades para lá de Elvas): estabelecer um máximo de estacionamento.
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Cruzamento da Av Eua com a Av Roma, dizem que é uma zona nobre e central de Lisboa. Um carro aqui *nunca* tem de esperar por mais que um semáforo para atravessar. Uma pessoa pode chegar a esperar por seis; por quatro passa sempre. Quem desenhou assim a cidade, está a dizer ao peão "o teu tempo é me indiferente comparado com o do carro", "és um cidadão de terceira", "se não quisesses esperar, que andasses de carro".
E as pessoas obedecem, fugindo dali!
Com as passadeiras são 8 travessias que um peão faz num único cruzamento. Isto funciona como uma barreira invisível, mas bem real, para as pessoas. Apesar do muito comércio e habitação da zona, vê-se um décimo do que haveria se a cidade fosse desenhada para as pessoas.
Isto é tão comum nas nossas cidades, e feito de tantas formas, que duvido que alguém que passe ali, repare nesta injustiça E se o houver, deve encolher os ombros e pensar que o carro como máxima prioridade é a ordem natural das coisas
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Os nossos irmãos galegos a mostrar como as cidades devem ser: para as pessoas e não para os automóveis, pondo Pontevedra em destaque no Guardian. O centro estava morto e entregue aos automóveis. Mal a cidade foi devolvida às pessoas, tudo voltou a florescer: uma cidade menos poluição sonora e atmosférica, com mais comércio, mais pessoas a querer viver nela. O parágrafo essencial é este:
Miguel Anxo Fernández Lores has been mayor of the Galician city since 1999. His philosophy is simple: owning a car doesn’t give you the right to occupy the public space.
Artigo completo: For me, this is paradise': life in the Spanish city that banned cars
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Será Lisboa a cidade mais atafulhada de carros estacionados no mundo?
Este post estava pendente há anos (!) e é também um pedido da vossa ajuda. Estava pendente porque não queria ser injusto mas tendo acabado de visitar quatro novos países, menos "desenvolvidos", fico cada vez mais convencido que não haverá no mundo uma grande cidade que dedique tanto do seu espaço público ao estacionamento automóvel como Lisboa, seja estacionamento legal ou ilegal. Aliás, conhecendo cinquenta países, sempre com atenção à mobilidade, não consigo claramente dar um exemplo pior.
Responder seriamente à pergunta implicaria anos a recolher dados, mas posso dar quatro razões (ver fotos) que me levam a pensar assim.
1) Nunca vi ruas de 20m de largura, onde se conseguisse enfiar 4 filas de estacionamento automóvel (para lá de 2 vias de circulação), e Lisboa tem dezenas de exemplos assim.
3) Pequenos cruzamentos urbanos onde chegam a haver 4 carros impunemente estacionados em CADA esquina, pondo em perigo os peões e tapando a passadeira (quando existe).
4) É muito comum haver ruas e avenidas sem qualquer estacionamento à superfície no centro das cidades (tentem uma cidade ao calhas no google maps). Nos países mais "desenvolvidos" chegam a ser mais de metade. Em Lisboa conta-se pelos dedos das mãos, os casos assim.
Sei que Fernando Medina discorda - ainda há dois meses repetiu que um dos grandes problemas de Lisboa é a falta de estacionamento, e vocês conhecem algo pior?
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Fernando Medina fez uma importantíssima e corajosa proposta este fim-de-semana. Defendeu uma enorme simplificação dos passes de transportes públicos em Lisboa, um para o centro da cidade e outro para a Grande Lisboa, combinada com uma forte redução dos preços através de financiamento do orçamento do Estado.
As redes sociais explodiram com a discussão sobre se fará sentido o resto do país apoiar ainda mais os transportes de Lisboa e Porto, mas ninguém - nem Medina - se lembrou da vaca sagrada. É que ainda há umas semanas o presidente da CML se orgulhava dos milhões que tem gasto a financiar estacionamento automóvel. Dizia ele que desde que tomou posse já criou 22 parques de estacionamento, mais 3000 lugares, com recursos públicos.
Faz sentido haver quartos por 500€/mês em Lisboa, e a CML usar os seus recursos públicos para garantir mais uns milhares de estacionamento a preço simbólico? Faz sentido Lisboa reclamar mais financiamento do resto do país para os seus transportes públicos, quando esbanja assim em automóveis?
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Este fantástico vídeo da Streetfilms conta-nos como está a correr uma das mais excitantes inovações urbanas a acontecer no mundo, as superilles (super-quarteirões) de Barcelona.
A ideia é proibir todo o trânsito de atravessamento num dado cruzamento (no caso de Barcelona, dois consecutivos até), fazendo com que as ruas que lá vão dar deixem praticamente de ter trânsito. Assim pode-se libertar espaço e devolve-lo às pessoas, com jardins infantis, espaços verdes, espaços para desporto, esplanadas, etc.
E obviamente que não é preciso ter o quadriculado de Barcelona para tentar algo assim. Qualquer cruzamento secundário pode servir.
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Muitas vezes esquecemo-nos quanto do precioso espaço da cidade é preciso dedicar por cada automóvel. Há quem falem em 6m² ou 8m² para estacionar um, porque esse é a área que ele ocupa fisicamente.
Mas se eu tiver 600m² não vou lá conseguir pôr 100 automóveis, uns contra os outros... só se for numa sucata. É necessário espaço entre eles, e espaço para os acessos e as manobras.
Na foto, numa área de 6540m² (109x60), haverá 308 (22x14) automóveis SE o parque estiver totalmente ocupado. Isso dá 21m² por automóvel na melhor das hipóteses, e uns 30m² ou mais se pensarmos na ocupação média de um parque.
Quem pede mais estacionamento "grátis" às câmaras, está a pedir uma área que corresponde a meio apartamento, para o seu automóvel, pago pelos outros.
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Já não passa despercebido a ninguém que o comércio local cresce em detrimento dos shoppings. Depois de nos 80 e 90 os portugueses se terem apaixonado pelos shoppings nos subúrbios feitos só para o automóvel, na última década voltaram a preferir o comércio à escala humana onde se anda a pé.
Um sinal disto é como as grandes cadeias de supermercados deixaram de lutar pelos descampados ao lado das auto-estradas, e tentam ocupar o mais rapidamente possível as zonas urbanas ainda sem grande concorrência.
Isto mostra que o fácil acesso automóvel não é determinante para a localização do comércio, mas sim a proximidade e a escala humana dos antigos bairros.
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Nos santos populares, um comerciante lamentava-se que tinha pago 380€ para poder ocupar 6m de rua durante 6 dias. Na zona em causa, os automóveis nem pagam estacionamento, mas se pagassem um residente pagaria 0,20€ e o não-residente 24€ por 5m durante os mesmos dias*.
Quando os automobilistas se queixam de terem de pagar para ocupar espaço público, esquecem-se que o automóvel tem um subsídio gigante face às outras ocupações.
E isto mostra-nos também que entre uma esplanada aberta a todos, num grande evento social das festas da cidade, e a ocupação da rua por uma caixa metálica vazia de uma só pessoa, a Câmara Municipal de Lisboa tem uma enorme preferência pela segunda.
*metade dos dias eram dias de semana.
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