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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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E peões de capacete?

MC, 22.07.09

Já sabemos que os perigos e inconvenientes da sociedade do automóvel são atirados para cima dos outros, como se de algo normal se tratasse.

O trânsito faz barulho? Azar o teu, morasses noutro sítio. Reduzir o trãnsito é que não!

O trânsito automóvel põe em perigo os ciclistas (andar de bicicleta não é por si perigoso)? Azar, metam um capacete e saiam da rua. Proteger os ciclistas e reduzir as velocidades do trânsito é que não! Etc.

Mas a coisa chegou ao absurdo na Indonésia. Os peões com deficiências físicas vão ser obrigados a sinalizar-se como tal, para que os automobilistas possam notar a sua presença! Tudo a bem da segurança dos peões, pois claro.

“Handicapped pedestrians are obliged to wear special signs that can be easily recognized by other road users,” the clause stated. (...) “This law is to protect pedestrians, including those who are handicapped,” Malkan Amin of the Golkar Party said. “It is for their own protection.”

 

Aquele dia em que um zeloso legislador se lembrará, que obrigar os peões a andarem de capacete é uma medida eficaz para reduzir a sinistralidade, nunca esteve tão perto.

 


Foto de uma praça do centro histórico de Lisboa, roubada ao Observatório da Baixa (sim, estão estacionados). Não admira que a vida fuja para os arredores cheios de auto-estradas, as pessoas preferem o original à cópia.

Egoísmo

MC, 20.12.08

s. m.,
amor próprio excessivo, que leva o indivíduo a olhar unicamente para os seus interesses em detrimento dos alheios;
conjunto de propensões ou instintos que levam à conservação do indivíduo.

Um leitor residente em Amesterdão comentava aqui como os seus amigos portugueses adoravam conhecer, passear e "viver a cidade" de Amesterdão (onde ter um automóvel é muito caro e complicado), mas que rapidamente mudavam de postura mal se falava em aplicar o mesmo nas cidades portuguesas. Escusado será dizer que já tive a mesma conversa com várias pessoas, e que outras pessoas me contaram o mesmo.

 

Acho que só há uma explicação para isto, egoísmo. Egoísmo de quem aprecia uma cidade pensada para as pessoas quando é um peão, mas prefere uma cidade de vias-rápidas e estacionamento abundante e gratuito quando regressa à sua carro-dependência.  De quem não dá a mínima importância aos enormes custos que a sua decisão pessoal de andar de carro acarreta para os outros.

 

O mesmo direi de algumas reacções à intenção da CML de afastar o trânsito da Baixa (as aparentemente boas notícias não são claras, por isso ainda não referi este assunto por aqui), o Automóvel Club de Portugal ameaça pôr a CML em tribunal se o plano for avante!

 

Na mesma linha, uma assumida carro-dependente queixa-se dos dias sem carros. Quer ela que a cidade seja monopolizada pelo automóvel, porque ela escolheu viver longe da cidade, e por isso não pode usar os transportes públicos. Um raciocínio a não perder!!

 


Posts recomendados, ambos relacionados com o que é dito acima.

Um mini-post meu no CidadaniaLx, sobre duas cidades que escolheram afastar os automóveis da Baixa.

A divertida e exaltada reacção do RedTuxer no Uma bike pela cidade, sobre o egoísmo do ACP.

Egoísmo extremo

MC, 20.02.08
Esta notícia do JN sobre a estacionamento ilegal em Alcântara é hilariante pelas atitudes e citações que apresenta. Mostra bem o extremo egoísmo de quem acha que pode pôr o seu popó onde lhe apetecer. E isto também está bem patente na escolha de palavras do jornalista, que por vezes apresenta os transgressores como coitadinhos.

As multas e o bloqueamento de viaturas em Alcântara estão a deixar comerciantes e moradores com os nervos em franja. A presença mais assídua da Polícia Municipal, desde Dezembro, na sequência de queixas de munícipes, fez com que o estacionamento se transformasse numa dor de cabeça. A falta de espaço obriga à transgressão [obriga à transgressão? Que tal estacionar mais longe ou num parque?] e esta leva à multa. Até o presidente da Junta de Freguesia, José Godinho, veio gritar um "basta" através de uma carta aberta ao vice-presidente da Câmara de Lisboa.
"O negócio está péssimo. Quem é que pára aqui para mandar fazer uma chave por um euro para depois pagar 60 de multa?", questiona Luís Correia. (...) [Porque é que os comerciantes culpam sempre o estacionamento, em vez de procurarem as razões dos maus resultados na sua própria loja, como acontece em lojas antiquadas e desagradáveis da Baixa de Lisboa? Curioso também que nas cidades europeias, a "animação" das lojas costuma ser anti-proporcional ao número de automóveis].
José Manuel Soares, que dá apoio a uma familiar idosa residente na Calçada da Tapada, não podia estar mais insatisfeito. "Dantes estacionava em cima do passeio. Depois de me terem bloqueado as rodas fui colocar o carro no parque de estacionamento (a poucos metros, sob o viatudo da ponte) e roubaram-me o automóvel. Apareceu três dias depois todo danificado", contou ao JN.
José Godinho, presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, fala em "excesso de zelo", por parte da Polícia Municipal, na Rua Leão de Oliveira, sobretudo quando "bloqueia ou reboca viaturas que estão estacionadas em passeios larguíssimos". Segundo o autarca, "fica livre mais de metro e meio de passeio para os peões poderem circular".
Mas que raio de político é este que defende os seus munícipes transgressores em vez das vítimas?
Obrigado Hugo