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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

E outra vez

MC, 22.07.10

Todos os anos temos uma série de eventos que são destacados na imprensa por... as pessoas não conseguirem chegar até eles. Esta semana tivemos o concerto do Prince, onde houve várias horas de trânsito, carros estacionados a 5km do concerto e muita gente que pura e simples desistiu de lá chegar depois de pagar o bilhete e fazer dezenas ou centenas de quilómetros.

Por que isto acontece é óbvio, o automóvel é o modo mais ineficiente que existe para transportar pessoas quando o espaço é limitado - isto já sem falar da agravante do automóvel necessitar de tempo e muito espaço para estacionar. Mesmo quem escolheu o transporte mais eficiente (o autocarro) acabou preso no meio do trânsito dos outros. O que não é nada óbvio, é o porquê deste erro ser cometido mês após mês.

Eu deixo aqui de borla algumas sugestões para evitar este caos em zonas com poucos transportes:

  • Desincentivar fortemente a vinda de automóvel, por exemplo cobrando caro pelo estacionamento e proibindo o estacionamento fora dos parques (a proibição existiu este domingo, a cobrança é que não).  Em alternativa proibir o estacionamento em toda a zona, e introduzir autocarros do estacionamento na periferia até ao evento.
  • Criar corredores especiais para a circulação dos transportes.
  • Autocarros desde a estação de comboio/cidade mais próxima.
  • Publicitar bem estas medidas.

E não seriam necessários muitos autocarros para transportar toda a gente. Tal como dentro da cidade, os autocarros são muito eficientes a transportar pessoas, o problema é quando estão bloqueados no trânsito.

 


Mais um estabelecimento de ensino a promover a vinda de bicicleta dos alunos na TVI. Depois de Santarém, Aveiro, etc. agora temos Braga, tal como já faz a universidade local.

Qual o transporte mais eficiente à face da Terra?

MC, 03.06.10

via Boston Biker

A escala vertical mede a eficiência energética (energia gasta por cada km percorrido por cada gama transportada) de cada transporte. A bicicleta deixa a concorrência a milhas! Repare-se que o caminhar de um homem, um sistema de locomoção primitivo e aparentemente ineficiente - por não ser contínuo, mete-se uma perna à frente, para-se, passa-se a outra para a frente, etc. - fica ligeiramente em melhor posição do que o automóvel!

Atenção ao ler o gráfico, ele mostra o total do peso transportado. Quando andamos de carro o objectivo é transportar as pessoas dentro dele, a deslocação do carro é apenas um meio para atingir o fim. O gráfico diz-nos que mesmo imaginando que tínhamos como objectivo transportar toda uma tonelada, o sistema da bicicleta seria mais eficiente. Se o objectivo for apenas transportar a pessoa, a derrota do carro é ainda mais humilhante.


Foto roubada ao Uma bike pela cidade:

O automóvel é o meio de transporte urbano mais estúpido que existe III

MC, 23.10.09

Nesta posta imperdível do Cenas a Pedal, encontrei um video perfeito para mostrar a ineficiência do automóvel como meio de transporte urbano. São três faixas exactamente do mesmo tamanho, uma para bicicletas, outra para autocarros e a última para automóveis. Reparem que há um trânsito intenso na primeira e na terceira - ou seja só não passam mais pessoas na faixa porque é impossível - e que se trata de uma rua a subir (logo a bicicleta estaria à partida em desvantagem).

Agora contem quantas pessoas vêem a passar em cada faixa.

 

De bicicleta contei 125 no primeiro minuto.

Passam 29 automóveis, o que multiplicado pelo número média de pessoas num automóvel 1,3, resulta em 38 pessoas.

Não há tráfego intenso de autocarros, mas passam logo dois em 12 segundos. Se o fluxo de autocarros se mantivesse teria havido 10 autocarros, que ultrapassariam em muito  as pessoas de carro em número de passageiros. Provavelmente até as bicicletas.

 

Nas cidades, onde o espaço não é infinito (nem mesmo nas auto-estradas dos subúrbios como sabe muito bem quem as entope diariamente) o automóvel é o pior método para transportar pessoas de um lado para o outro.

 


A (re)ver, um vídeo que já coloquei nos primórdios do blogue, exactamente com a mesma ideia mas só autocarro vs automóvel.

 

O automóvel é o meio de transporte urbano mais estúpido que existe II

MC, 21.05.09

É comum pensar-se que o automóvel é o meio de transporte que possibilita o transporte mais rápido de pessoas  na cidade. Nada poderia estar mais longe da verdade!

Esqueçam (por enquanto) os cruzamentos - que só ajudariam a contrariar este mito urbano - e pensem numa rua de 1km, com 2 faixas, ao longo da qual queremos transportar mil pessoas. Se fossem de carro, com a ocupação média de 1,3 ou 1,4 passageiros por carro, os primeiros demorariam 1 minuto a chegar ao fim da rua, mas porque a rua tem uma capacidade limitada de tráfego (1000 passageiros por hora, por faixa), só 30 minutos depois é que chegariam os últimos. 31 minutos!

A pé, os primeiros demorariam 10 minutos, e 1,5 minutos teriam todos passado. 11,5 minutos.

De bicicleta, 3 minutos para a viagem a direito e 3 para que passassem todos. 6 minutos

Mota não está incluída na tabela, mas eu diria 1minuto + 5 minutos, já que as motas ocupam mais espaço que as bicicletas. 6 minutos

Autocarro, 1 + 2 = 3  minutos, ou 1+1=2 no caso de autocarros expresso.

Eléctricos grandes, 2 + 1 = 3 minutos.

Metro, 1 + 0,5 = 1,5 minutos

 

Só com 6 faixas é que o automóvel seria tão rápido como os peões. Com 1 faixas apenas, só a partir dos 6 ou 7km é que o automóvel seria mais rápido que o peão. E nem estou a pensar no estacionamento! Claro que nos transportes também ainda haveria que esperar que as pessoas entrassem e saíssem, mas de automóvel teriam que sair do estacionamento, e estacionarem todos depois. Só mesmo os peões é que se safariam com esta tarefa extra.

A coisa torna-se absurda quando quem usa o transporte mais ineficiente, condiciona à força todas as restantes pessoas a sofrerem também as desvantagens da sua escolha.

 

A mesma ideia em video. Nos segundos finais deste vídeo  contem quantas motas passaram no início e quantos carros conseguiriam passar depois.

 


A ler n'Os Verdes em Lisboa: as trocas e baldrocas dos diferentes tipos de bilhete de transportes públicos  em Lisboa, continuam a prejudicar e a atrapalhar quem anda de transportes.

Há que reconhecer que a situação está hoje muito melhor, mas na Holanda resolveram o problema há décadas com uma tecnologia chamada papel.

Soluções tecnológicas? II

MC, 28.04.09

A eficiência (energética e ambiental) dos automóveis pode ser um objectivo interessante em si mesmo pela redução dos consumos e das emissões, mas não é de modo nenhum essencial para a mobilidade urbana. Como repito tanta vez, essa é uma questão lateral e focarmo-nos nela é não ver o retrato alargado.

Em vez do raciocínio habitual, imaginar o que aconteceria se os motores fossem mais eficientes, imaginem o contrário. O que é que aconteceria se amanhã todos os tanques tivessem um furinho, por onde vertesse o combustível? Apenas quem realmente necessita do automóvel é que usaria, não haveria congestionamento, a velocidade média na cidade seria mais alta e o sistema de autocarros mais rápido, frequente e eficiente, haveria menos sinistralidade, os peões poderiam caminhar à vontade, não haveria problema de estacionamento, não haveria tanta poluição sonora e atmosférica, a cidade seria mais agradável. Possivelmente até os consumos energéticos seriam mais baixos.

 


Blog a visitar: cada vez mais gente decide usar a bicicleta como transporte ou complemente aos transporte públicos, e sente a necessidade de a contar e mostrar as suas vantagens. Uma mãe  (seria um pormenor se não se falasse tanto do transporte das crianças à escola) de Almada conta o seu caso no Blue Banana.

O automóvel é o meio de transporte urbano mais estúpido que existe I

MC, 21.04.09

Ontem houve um abatimento de terras na "Avenida" de Berna em Lisboa, tendo a circulação sido reduzida de 4 para 1 faixa em cada sentido. Esta simples alteração causou um congestionamento gigantesco, afectando zonas a vários kms de distância. No Areeiro, a 2km de distância, o trânsito estava praticamente parado!

Isto nunca aconteceria numa cidade onde a mobilidade fosse baseada em peões, ou bicicletas,  ou motas, ou autocarros, pura e simplesmente porque estes não necessitam de um espaço enorme para transportar uma pessoa. (Não se pode comparar com o comboio/metro porque estes não têm vias paralelas)

Claro que esta é uma situação excepcional e rapidamente resolvida, mas mostra aquilo que não vemos no dia-a-dia. É necessária uma estrutura viária imensa, caríssima e monopolizadora do espaço urbano para que o carro funcione minimamente. E mesmo assim, depois de dezenas de auto-estradas, túneis, vias-rápidas, e diminuição de passeios continuamos com pessoas que perdem várias horas diariamente em congestionamentos.

 


A não perder: o politólogo Pedro Magalhães defende hoje no Público mudanças radicais anti-automóvel em Lisboa, dando como exemplo o caso de Londres. Fala ainda no círculo virtuoso (Mohring Effect de seu nome técnico) que eu tantas vezes menciono: menos carros significa autocarros mais rápidos, frequentes e eficientes, o que significa menos carros, o que significa etc.

Um cheirinho: candidato que não proponha uma maneira séria e radical de impedir a entrada de carros na nossa cidade não merece um único dos nossos votos.

Filas de trânsito à holandesa

MC, 04.10.07

Na foto vêem-se uma dúzia de bicicletas a ocupar sensivelmente o mesmo espaço que um automóvel. Quando cair o verde vão atravessar todas a rua em pouco segundos.
Se em vez de 12 bicicletas tivéssemos 12 automóveis, estes ocupariam 12 vezes mais espaço, provavelmente entupindo o cruzamento anterior, o que provocaria outra fila de outros tantos carros. Precisariam também de maior largura para circular, pois a da ciclovia não é suficiente. Seria necessário o triplo do tempo para que todos os automóveis passassem, aumentado assim o tempo de espera e o tamanho da fila nas outras ruas do cruzamento.
A isto chama-se eficiência.
Bem a propósito, recomendo o meu vídeo preferido aqui do blogue.