Populares da Vila da Branca, Albergaria-a-Velha, manifestaram-se esta quarta-feira frente à Assembleia da República contra um traçado da A32 «sem fundamento técnico» que, dizem, vai «dividir a freguesia», noticia a Lusa.
Munidos de bandeiras negras, flores e cartazes onde se liam frases como «três auto-estradas no espaço de 6km não», um grupo de populares da Branca apresentou-se «de luto» pela decisão do Governo de adoptar um percurso da futura A32 que atravessará a freguesia.
Antero Pereira, um dos populares presentes, apontou para «cerca de 450 pessoas» que se manifestam por estar em causa «a qualidade de vida e o património da Vila da Branca».
«As pessoas que estão aqui são pessoas que se deslocaram 300km num dia de semana, perderam, num momento de crise, um dia de trabalho e estão aqui para defender aquilo que é o futuro da Branca», afirmou.
«Nós não aceitamos este traçado, querem impor-nos um trajecto que começa logo por cortar transversalmente a expansão da zona industrial de Albergaria-a-Velha, que tem uma grande importância em termos económicos para a região», continua.
Segundo Antero Pereira o traçado proposto pressupõe ainda «um viaduto de 1km com uma pendência de 6 por cento de inclinação, pendência máxima, que é uma barbaridade», acrescentando que «a paisagem vai sofrer com a inserção de um traçado pesado como o é uma auto-estrada».
«Não precisamos de nada disto»
Antero Pereira referiu ainda em declarações à Lusa que este traçado vai «cruzar no centro de gravidade da estação arqueológica do monte de S.Julião» e lembra que há alternativas que considera mais adequadas.
«O Plano de Desenvolvimento Municipal prevê uma variante cujo corredor podiam aproveitar para implantar esta estrutura sem que se levantasse uma voz que fosse, uma única bandeira a opor-se a uma solução desse tipo», referiu.
«Não precisamos de nada disto: Temos uma auto-estrada A1, está em construção a A29, temos a linha do Norte, estão a querer impingir-nos um TGV também, o que é que nos querem impingir mais?», questiona Antero Pereira.
«A Branca continua de luto»
Estas preocupações são partilhadas por Beatriz Marques que também participou na manifestação garantindo que «a Branca continua de luto até que o senhor primeiro-ministro decida que aquela auto-estrada não faz lá falta».
«Daqui a pouco não temos terreno para semear batatas, para plantar couves para fazer nada! Importa-se, que o país é rico e tem muito dinheiro para importar os produtos que a gente tem de comer», reclama Beatriz Marques.
Segundo Antero Pereira, «a luta continua até que o poder possa subverter esta decisão, a declaração de impacte ambiental proferida possa ser anulada e adoptado o traçado mais consensual, mais de acordo com a razão, mais pacífico, mais tranquilo, que não fira o ambiente, o património e que traga sobretudo paz» à população de Vila da Branca.
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Esta notícia será em breve esquecida e desprezada mas é o que de mais directo e concreto sentem as populações locais aos traçados das auto-estradas do desenvolvimento. Torna-se claro que nestas discussões, a qualidade da nossa democracia é que sai lezada. Como rebater o argumento de haver três auto-estradas num espaço de 6km?
Será possível dar qualquer credibilidade aos técnicos e governo que permite que isto suceda?