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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Deslocações curtas

MC, 29.04.08
Ainda estou chocado com o número do post anterior, um quarto das deslocações de automóvel em Bruxelas são inferiores a 1km. Aqui não há lugar para a habitual desculpa esfarrapada da qualidade dos transportes públicos, é pura e simplesmente comodismo.
E não é um comodismo qualquer, é um comodismo que afecta todos à nossa volta - especialmente porque as emissões poluentes são ainda maiores nos primeiros minutos de funcionamento do carro. Escolher entre andar de carro ou não na cidade não é um escolha meramente individual como beber café ou chá, mas sim como tocar bateria ou não dentro de casa às 4h da manhã.
Para isto só vejo uma solução: parquímetros e redução de estacionamento. Alguém tem outra ideia, agora que a desculpa esfarrapada não se aplica? (Ah claro, podemos fazer umas "campanhazinhas de sensibilização" e ficar mais uns bons anos à espera de resultados).

Video recomendado: The If You Rode a Bike You'd Be Home By Now Ride

Comodismo

MC, 24.01.08
É habitual contarem-me histórias de pessoas que vão ao café do bairro ou comprar tabaco do outro lado da rua de carro. É curioso então lembrarmo-nos que a cidade foi historicamente dos peões e não dos carros, que o que hoje nos parece um percurso a pé infindável era algo bem comum. Por exemplo Cais Sodré- Picoas (3km) ou Graça-Praça de Londres (3/4km) parece-nos um absurdo, mas era exactamente o que a minha avó e o meu pai faziam em miúdos no dia-a-dia.
Eu não quero obrigar ninguém a andar a pé, nem tenho nada contra o comodismo dos outros, excepto quando interfere na qualidade de vida de todos... e é esse claramente o caso do carro na cidade.

Toca a andar a pé, gente!

P.S. E não me venham com a história do progresso. As duas "capitais do mundo", Londres e Nova Iorque, são cidades de peões.

Exemplos concretos

MC, 22.10.07
Muito poucos admitem andar de carro na cidade por comodismo, escondendo-se geralmente por trás da má qualidade dos transportes públicos. Ficam aqui dois casos de pessoas minhas conhecidas.

O percurso diário de X é casa-emprego-ginásio-casa. Todos os percursos são no centro da cidade, e a sua distância média não chega a um quilómetro. X vai de carro.

Y mora à porta da estação de comboio, nem uns 200 metros serão. O emprego é a meio quilómetro, um quilómetro de outra estação da mesma linha, no centro da cidade. Y vai de carro.

X e Y não são deficientes motores, não têm horários irregulares, não fazem deslocações durante o dia, não têm que se preocupar com filhos e nenhum dos percursos é numa zona perigosa. Todos conheceremos muitíssimos casos assim. São milhares e milhares que diariamente tornam a cidade mais desumana. Faz sentido sermos prejudicados pelo comodismos deles?



A propósito o João do Pedalófilo descobriu um enorme elogio aos transportes públicos do Porto escrita por uma irlandesa que os compara com os de Belfast.

We (...) were absolutely astounded at the modernity and efficiency of its public transport system.

The tickets are totally interchangeable.
The trains arrive on the minute, are constant and encompass the whole of the urban and rural outskirts of the city.

Buses (which run on gas so therefore no diesel fumes), trains and trams are equally punctual. What absolute luxury!


Claro que não são perfeitos, mas lá se vai a desculpa do "eu andaria de transportes se fossem bons como no estrangeiro".