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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Os supermercados que cobram mais a quem não vem de carro

MC, 27.07.17

Muitos estabelecimentos comerciais com estacionamento optam por não cobrar aos clientes. É óbvio que o estacionamento tem enormes custos de funcionamento, e do espaço ocupado (seja comprado ou arrendado) especialmente quando falamos do centro das cidades onde o m² é bem caro. Estes custos são refletidos nos preços e no serviço para todos os clientes, quer venham de carro ou não.
Da próxima vez que forem a um supermercado ou centro comercial com estacionamento, lembram-se que estão a subsidiar o estacionamento dos outros.

Nota: Sim, há muitos casos que são as próprias câmaras que exigem, infelizmente, a existência destes estacionamentos. Mas isso não implica que o seu uso seja gratuito.
Além de ser uma situação injusta, trata-se de um incentivo perverso ao uso do automóvel, pago por quem não o usou. Haverá certamente clientes que optariam por outro meio de transporte, se o parque não fosse gratuito.

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Menos Carros = Menos Pessoas? IX

MC, 18.08.10

Mais um brilhante vídeo da Streetfilms sobre a devolução do espaço público às pessoas em Copenhaga. A história repete-se: quando se levanta a possibilidade de fechar uma rua ou praça ao trânsito ou reduzir o estacionamento, há uma forte oposição por parte dos comerciantes e há o receio de se criar uma zona morta.

Copenhaga também mostrou que os receios eram infundados, e foi nas ruas fechadas ao trânsito que a vida e o comércio floresceram.


 

Em Lisboa, a Avenida Duque de Ávila (que esteve fechada ao trânsito seis anos sem que nenhum mal viesse ao mundo) esteve para servir de projecto piloto em termos de pedonalização de uma zona muito comercial, mas também muito dominada pelo automóvel, de Lisboa, o Saldanha. Houve muita oposição, a CML vai seguir com uma versão light do projecto inicial. Grande aumento de passeios, esplanadas, mas infelizmente mantêm-se duas faixas e pior ainda estacionamento à superfície (numa zona apinha de estacionamento subterrâneo). Mesmo que reduzido, o projecto vai alterar radicalmente para melhor aquela zona.

 


A ler no A Nossa Terrinha: Faro, pelo direito a estacionar no passeio. Infelizmente o título resume mesmo aquilo que aconteceu.

Destrói os carros, não as cidades

MC, 17.11.09

Em tempos havia uma marca de roupa portuguesa chamada QuebraMar - que até tinha uma apreciável quota de mercado - marca essa que eu julgava estar morta há uma década.Há dias numa festa de anos, fiquei surpreendido por ver um presente dessa mesma marca e dei uma olhada na página. A marca existe e está de excelente saúde com uma rede de umas 40 lojas.

Agora como é alguém que viaja bastante e dá preferência às marcas portuguesas, não se apercebe de tal desenvolvimento?? A resposta é simples, eu não tenho carro e as 40 lojas estão todas nos shoppings onde se chega de automóvel. O que é mais grave, e por isso (re)conto esta história, é que isto se passa com todas as marcas portuguesas com a única excepção da Lanidor. As marcas internacionais fazem exactamente o contrário: estão dentro da cidade. Falando de Lisboa, a Baixa, o Chiado, o Saldanha, São Sebastião, Av. Liberdade, Av. Guerra Junqueiro, etc. estão completamente monopolizadas pelas marcas internacionais.

E esta diferença diz muito sobre nós. Na cabeça dos empresários portugueses, só o shopping onde se chega de carro é que é o progresso. Investir no centro da cidade é investir no passado. O que está por detrás desta deslocalização perversa do comércio explica muito da morte das zonas centrais das nossas cidades. Tornam-se desumanas, feias, pouco seguras. Perdemos qualidade de vida e turismo.

 


O A Nossa Terrinha tem um exemplo delicioso sobre este relativismo cultural centrado na suposta necessidade absoluta do automóvel: exactamente na mesma situação, os portugueses são aqueles que mais desprezam os transportes públicos.

Algo que eu já tinha comentado aqui.

Menos Carros = Menos Pessoas? VI

MC, 27.10.07
Regresso a um dos argumentos contra a restrição da entrada de automóveis no centro da cidade. Defendem muitos - baseando-se em wishful thoughts, e não em dados reais - que isto levaria ao afastamento das pessoas, dos empregos e do comércio, matando de certa maneira a cidade.
aqui escrevi que em Londres aconteceu exactamente o oposto, mas há também exemplos disso em países mais pobres. Refiro-me concretamente a Bogotá, capital da Colômbia, que nem Metro tem, onde houve uma forte aposta por parte do antigo presidente da Câmara Enrique Peñalosa em afastar os automóveis da cidade, criar melhores condições para os peões e criar os seus famosos autocarros expresso, etc...
Neste video (encontrado no Cenas a Pedal) ficamos a saber que foram eliminados dezenas de milhar de estacionamentos à superfície, o que num primeiro momento levou à ira dos comerciantes. Na realidade, além da óbvia melhoria na qualidade de vida, houve um aumento do preços dos imóveis (sinal de que há mais procura), o crime diminui e as vendas no comércio subiram.
Um outro sinal de que estas políticas são agora bem acolhidas, é que ainda não houve um retrocesso apesar de Peñalosa ter perdido a Câmara há 6 anos.

Sevilha

MC, 10.09.07
Av constitucion dantesHá muitos anos que não voltava a Sevilha, e fiquei positivamente impressionado pelo que vi em termos de devolução das ruas e da cidade às pessoas. E isto é especialmente importante por todas as semelhanças que Sevilha tem com Lisboa e Porto em termos de tamanho, de nível de desenvolvimento, de riqueza histórica, de turismo e principalmente em termos culturais (não estamos a falar de uma cidade nórdica, mas da Europa do Sul).

Sevilha hojeA Avenida de la Constitucion, que atravessa o centro histórico, era na minha memória uma avenida cheia de trânsito, barulho e fumo que servia de convite para regressar ao bairro muçulmano. Um pouco como a Avenida da Liberdade em Lisboa, como se vê na fotografia de cima.
Encontrei uma avenida totalmente fechada ao trânsito em toda a sua extensão, cheia de vida, comércio e esplanadas, onde apenas passa uma linha de eléctrico que foi construída recentemente.


Sevilha tem agora uma zona "pedonal" que deve ser mais do que todas as zonas pedonais de Portugal somadas. E para grande espanto dos lusos defensores da carro-dependência nas cidades, o comércio não esmoreceu nem estagnou, bem pelo contrário. A Rua Augusta e a Rua de Sta Catarina, "apesar" do relativamente fácil acesso por carro são bem mais desérticas que o centro de Sevilha.


Sevilha aderiu também à moda das bicicletas urbanas públicas como tantas cidades europeias (Sr António Costa, olhe que em Barcelona até dão lucro).

Por fim, algo que nem sei se me faz rir ou chorar: a foto do único carro que vi escandalosamente estacionado no centro histórico, em cima do passeio a atrapalhar os peões. Repare bem na matrícula... Sim, por cima do símbolo da União Europeia está um P. Também aqui se vê o nível de desenvolvimento de um país.