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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Fernando Medina, olhe para o que esbanja antes de pedir aos outros

MC, 03.09.18

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Fernando Medina fez uma importantíssima e corajosa proposta este fim-de-semana. Defendeu uma enorme simplificação dos passes de transportes públicos em Lisboa, um para o centro da cidade e outro para a Grande Lisboa, combinada com uma forte redução dos preços através de financiamento do orçamento do Estado.
As redes sociais explodiram com a discussão sobre se fará sentido o resto do país apoiar ainda mais os transportes de Lisboa e Porto, mas ninguém - nem Medina - se lembrou da vaca sagrada. É que ainda há umas semanas o presidente da CML se orgulhava dos milhões que tem gasto a financiar estacionamento automóvel. Dizia ele que desde que tomou posse já criou 22 parques de estacionamento, mais 3000 lugares, com recursos públicos.
Faz sentido haver quartos por 500€/mês em Lisboa, e a CML usar os seus recursos públicos para garantir mais uns milhares de estacionamento a preço simbólico? Faz sentido Lisboa reclamar mais financiamento do resto do país para os seus transportes públicos, quando esbanja assim em automóveis?

 

Lisboetas: votai pela semi-pedonalização do Largo Trindade Coelho até Domingo 31

MC, 26.10.10

Em Lisboa volta a haver orçamento participativo, cabendo aos cidadãos decidir que projectos devem ser levados avante.

Da minha parte apoio a 100% esta proposta apresentada pelo Fórum Cidadania LX, que passa pela requalificação da zona desde o Príncipe Real, passando pela Rua S. Pedro de Alcântara/R. da Misericórdia (a rua que contorna o Bairro Alto) até ao Largo de Camões. Para mim o ponto do alto da proposta é o corte da circulação automóvel no Largo Trindade Coelho - seria apenas para peões e transportes públicos - que cortaria toda a circulação automóvel da zona (atenção, não impede o acesso, apenas corta aquele eixo sobrecarregado).

É das zonas mais agradáveis e vivas da cidades, que perde muito com o trânsito automóvel. O zona entre Largo de Camões e o Chiado seria muito mais animada, se os peões não estivessem aprisionados aos passeios estreitos, e obrigados a (des)esperar para atravessar as ruas. Atravessar aquele eixo de autocarro é um martírio porque os automóveis entopem a zona, obrigando os peões e os utentes do autocarro e elétrico, a ficarem presos num congestionamento que não causaram.

Para votar basta registar-se na página do Orçamento Participativo da CML depois esperar pela confirmação por email, fazer login, e votar na proposta 803, que pode ser encontrada escolhendo

Área:Infra-estruturas Viárias, Trânsito e Mobilidade
Freguesia:Encarnação

 

Têm até este domingo para limpar a cara a uma das zonas mais bonitas da cidade.

3 parabéns à câmara de Lisboa

MC, 21.09.09

1. Já com algum atraso, mas os meus parabéns pela decisão de alterar a Avenida Duque d'Ávila. Os passeios vão ser alargados, as faixas vão ser reduzidas de 4 para 1, vão ser criadas esplanadas, parte da avenida vai ser pedonalizada. Tudo numa rua  bem central e onde passava bastante trânsito. A ideia é também criar uma zona para passar depois de jantar, algo que infelizmente cai em desuso.

Na altura que foi lançada, o lobí do popó veio dizer quea câmara estava a criar uma zona de assaltos, esquecendo-se que é exactamente a desuminazação das cidades, o afastamento dos peões das cidades, que a tornam insegura.

 

2.  Não sou grande fã de ciclovias, e há melhoras maneiras de promover a segurança dos ciclistas. Também é verdade que algumas das ciclovias criadas têm uma visão lúdica da bicicleta. Mas é inegável que esta vasta rede de 28km de ciclovias e ciclofaixas vai dar um peso à bicicleta como ela nunca teve em Lisboa. Vai mostrar que a bicicleta não é um transporte marginal de meia-dúzia, mas é um transporte sério a ser considerado por todos.  Coloca definitavemente a bicicleta "na agenda" lisboeta.

 

3. A mobilidade no Bairro Azul vai ser remodelada ao estilo norte da Europa. Zona 30, lombas a sério, mais árvores, passeios mais largos, passadeiras ao nível do passeio, chicanes para acalmia de tráfego, percursos dos peões mais directos, etc. Excelente!

 

 


Algo menos bom que também nos chega da CML (não sei se desta vereação), via CidadaniaLx:

Um belo largo histórico da cidade de Lisboa que foi recentemente esventrado para criar um parque de estacionamento. Mesmo debaixo de terra, os automóveis não deixam de destruir as nossas cidades.

 

Já cá faltavam os comerciantes velhos do Restelo

MC, 29.01.09

Depois da excelente e arrojada proposta da CML de impedir o trânsito de atravessamento da Baixa (atenção que também há aspectos negativos, mas isso fica para um post futuro), eram de esperar as reacções e o medo à mudança dos comerciantes da Baixa. Não deixa de ser irónico que a Baixa esteja a morrer, mas haja ao mesmo tempo tanta gente a querer agarrar-se ao seu actual estado.

Tenho pena de não ser possível enviar os comerciantes lisboetas a uma visitinha às cidades europeias onde o trânsito é altamente condicionado no centro (a larga maioria), e onde há muita vida, movimento e consumidores. À inenarrável reacção do ACP, apenas aconselho a leitura deste post, mas ao comerciantes que estão preocupados com o seu negócio recomendo:

O que aconteceu ao Bairro Alto depois de ser fechado ao trânsito

A diferença entre as "baixas" das cidades europeias e as "baixas" americanas

Comércio ficou a ganhar com as portagens em Londres

Comércio ficou a ganhar com interdição radical do trânsito automóvel no centro de Bogotá

Ruas fechadas ao trânsito levam a recordes de vendas em Londres

mas acima de tudo este

Equívocos dos comerciantes austríacos e ingleses quanto à mobilidade dos seus clientes (fim do post)

 

Acho que o receio dos comerciantes se resume ao velho problema de se achar que "quem não anda de carro não é gente"...

 


Fica aqui a minha homenagem à Márcia Regina Prado, activista pró-bicicleta de São Paulo, que eu obviamente não conhecia mas que foi atropelada mortalmente por um condutor que não respeitou a distância de segurança quando ela circulava de bicicleta.

Que sociedade estúpida é esta em que uma pessoa tem medo de fazer um coisa tão inocente como andar de bicicleta?

Homenagens no Panóptico e no Apocalipse Motorizado

Baixa de Lisboa quase sem automóveis!

MC, 14.01.09

A notícia já andava a circular, mas como havia versões contraditórias e a notícia era boa demais para eu acreditar á primeira, ainda não tinha referido.  A CML aprovou um projecto que prevê o fim dos atravessamentos da Baixa para automóveis privados! O trânsito não é cortado, mas apenas quem tem como destino final a Baixa é que passará lá de carro.

 

Isto vai obviamente diminuir em muito a circulação automóvel na Baixa, ajudando a revitalizar aquela zona da cidade, atraindo comércio, consumidores e habitantes. Vai ser uma zona com mais vida, mais agradável e mais segura. Imaginem só as ruas do Ouro e da Prata transformadas (quase, continuaram os transportes públicos) em Rua Augusta.

Atrevo-me a dizer que é a melhor notícia que a cidade já teve em termos de devolução dos espaço público às pessoas desde que ele começou a ser indevidamente apropriado pelos automóveis! Talvez com a excepção da pedonalização da Rua Augusta há uns 20 anos atrás.

 

A questão do desvio do trânsito para as zonas adjacentes é uma falsa questão. Primeiro a grande maioria dos veículos que atravessam hoje a Baixa, não têm como partida e chegada pontos imediatamente antes e depois da Baixa, logo faram percursos por zonas completamente diferentes. Segundo, tal como a abertura de uma nova via cria novas viagens nessa via que não existam antes dela (por pessoas que abandonam os TP por exemplo), o mesmo acontece quando uma via é fechada, a chamada evaporação de tráfego. Façam um Gedankenexperiment, pensem na abertura no túnel do Marquês  ao contrário, ou seja passando de 2008 para 2004. É o equivalente a fechar uma avenida, mas não consta que as ruas da zona estivessem em 2004 terrivelmente pior do que hoje. Foram milhares de viagens de carro que passaram a ser feitas. Por último,  a cidade deve ser das pessoas, quem insiste em andar de carro é que deve acarretar com as consequências da sua decisão, não faz sentido prejudicar quem anda a pé, de TP ou bicicleta.

 

 

 


Apelo para Almada: venham ensinar aos automobilistas que zona pedonal significa zona para peões. Falo da zona da Praça do MFA, que foi recentemente convertida em zona pedonal, mas aparentemente há muita gente - incluindo autoridades - que não sabem o que isso quer dizer, desrespeitando constantemente as novas regras. Esta sexta-feira ás 16h na Praça do MFA.

Mais informação do GAIA.

Muito boas e muito más notícias para Lisboa

MC, 19.11.08

Excelente notícia para Lisboa: 2 dos 5 projectos a ser concretizados em Lisboa, que foram escolhidos pelos habitantes no âmbito do orçamento partiicipativo, são relacionados com a mobilidade em bicicleta.

 

Terrível notícia para Lisboa: como compensação pela nova ponte rodoviária que vai despejar dezenas de milhar de novos carros em Lisboa, e para "facilitar o seu escoamento" (adoro estes eufemismos) a Câmara pediu ao governo que pagasse pela adaptação de 3 percursos dentro da cidade. Traduzindo para português: dar-lhes um perfil ainda mais de via-rápida do que já têm hoje.

 

Péssima notícia para Lisboa: O PSD e o PCP na Assembleia Municipal chumbaram o projecto de bicicletas públicas em Lisboa... vá se lá saber porquê! Vale a pena ler o relato do João do Pedalófilo que esteve presente na sessão.

 

Grande notícia: a Cicloficina está de volta graças à Ana e ao Ricardo. Todos os terceiros domingos de cada mês das 14h30 às 16h30 no Crew Hassan, perto dos Restaurades, há oficina gratuita de reparação de bicicletas, e muito mais. A próxima será no dia 21 de Dezembro. Apareçam!

Várias boas notícias em Lisboa II

MC, 22.09.08

1. A oferta de transportes públicos à noite em Lisboa vai ter um forte aumento aos fins-de-semana. Autocarros das 22h às 5h a ligar as zonas de animação nocturna, elevador da Glória até às 4h30, a rede da madrugada da Carris volta a ter autocarros de 30 em 30min durante toda a noite e uma nova carreira, mais autocarros depois das 5h, e vai haver comboios e barcos às 4h30 (quem mora longe do centro bem conhece o problema daquelas horas sem transportes das 2h às 6h). Além de promover os transportes públicos e a redução dos automóveis na cidade, ajuda a diminuir a sinistralidade e aumenta a segurança à noite, por haver mais gente a pé.

(obrigado Tiago)

 

2. Foi lançado o concurso público para instalação de uma rede de bicicletas públicas em Lisboa (o pdf inclui uma foto "roubada aqui do blog!), que deverá começar em Junho de 2009 com 1000 bicicletas e 100 estações (o que já é um excelente começo!) e deverá crescer até 2500 bicicletas e 250 estações, tendo integração com os bilhetes dos transportes públicos. Em princípio o preço do passe anual rondará os 25 euros.

 

3. Lançamento de 65 estacionamentos para bicicletas na cidade.

 

4. Cursos de circulação de bicicleta em meio urbano com a FPCUB. Quem anda nas cidades portuguesas, bem sabe que o medo inicial é uma forte barreira.

 

5. No lançamento de umas pistas para passeios de bicicleta (cuja relação com iniciativas de mobilidade urbana eu ainda não compreendi), parecem serem anunciados faixas cicláveis  dentro da cidade para deslocações urbana! Mas não há detalhes nem no documento, nem na imprensa (que só destaca a tal pista de passeio)... Alguém sabe alguma coisa?

 

6. Por último, alguma ambivalência... 30 minutos de parquímetro de borla para os carros menos poluentes. Não sou contra alguma discriminação positiva, mas acho que isto faz esquecer que os carros menos poluentes também contribuem para o congestionamento, a ocupação do espaço urbano, o ruído e a sinistralidade. E vai em parte contra a ideia, tanto vezes defendida, que a entrada de veículos em Lisboa deveria ser controlada pelos parquímetros em vez das portagens.

 


Video recomendado: o programa Sociedade Civil da RTP2 sobre Transportes e Ambiente, que contou com a participação do Paulo Santos do projecto (mais de) 100 dias de bicicleta em Lisboa.

Proposta dos Cidadãos por Lisboa

TMC, 10.09.08

O grupo com representação autárquica Cidadãos por Lisboa apresenta hoje uma proposta, já com cinco meses e hoje a ser discutida e votada, sobre a mobilidade em Lisboa. Mais concretamente, a medida quanto a mim mais salutar e recomendável, é a proposta da reintegração do eléctrico 24, desde o Cais do Sodré às Amoreiras, com passagem pelo Largo Rafel Bordalo Pinheiro que deverá ser reordenado de modo a poder eximir-se ao ataque do estacionamento abusivo.

 

 

 

A proposta pode ser conhecida mais a fundo aqui. Aguardam-se os resultados e as respectivas boas notícias para a cidade de Lisboa.

Comunicado de Manuel João Ramos

TMC, 10.09.08

Manuel João Ramos, ex-vereador do grupo Cidadãos por Lisboa e fundador da ACAM - Associação de Cidadãos Automobilizados, abandonou recentemente a cooperação com a edilidade. As razões serão, segundo se deduz de um dos seus mais recentes comunicados, conflitos éticos e talvez também por uma lúcida noção da ínfima importância dos esforços e tempo empreendidos na maior autarquia do país.

 

Como participante activo nas reuniões e engrenagens da Câmara Municipal de Lisboa e sensível aos problemas de mobilidade que a cidade atravessa, é talvez pertinente ler as suas palavras acerca do sistema de gestão de tráfego, aqui.

 

Só umas palavras de alguém que esteve lá dentro e que serão suficientes para ainda maiores doses de espanto ou a também saudável indiferença:

 

E regressei impressionado e profundamente desanimado. É que, apesar de Bordéus partilhar com Lisboa o software GERTRUDE, o nosso problema não é de natureza técnica, mas política. Por isso, o paraíso de mobilidade urbana que é Bordéus não é transplantável para Lisboa – não porque o afinamento do GERTRUDE não possa produzir os mesmos resultados nas duas cidades, mas porque o provincianismo e falta de visão dos nossos políticos municipais irá continuar a impedir a mais que urgente modificação do sistema de gestão de trânsito cá implantado.

Boas e más notícias de Lisboa

MC, 13.02.08

António Costa insiste na adaptação da rede viária em Chelas, se a ponte for lá parar. Claro que isto seria necessário, mas cheira muito a Circular das Colinas (uma segunda circular no centro histórico da cidade com vários túneis e afins). E é pena não ser tão insistente (nem sequer o é) em questionar a necessidade da travessia rodoviária.
A inauguração de mais uma auto-estrada para trazer mais automóveis para o centro cidade, o IC16 na Pontinha, está para breve. (De uma vez por todas, o número de automóveis a entrar em Lisboa não é de modo nenhum fixo. Por isso não faz sentido argumentar apenas com o aumento de fluidez do tráfego, ou dizer que as vias na zona estão congestionadas, porque uma nova estrada vai criar novas "necessidades", novas entradas na cidade. O efeito imediato é o alívio do trânsito, mas no médio prazo é mais um incentivo ao transporte individual).
O governo, pela boca da Secretária de Estado, insiste em mais e mais pontes rodoviárias e repete esta lógica da batata, ao dizer que uma quarta travessia seria mais cedo ou mais tarde necessária. Maior fluidez num local, aumenta o trânsito no global, aumentam as "necessidades" noutras zonas. Além de que é mais que evidente que esta "necessidade" só existirá se a fraca política de transportes públicos se mantiver,

António Costa quer que as novas portagens (espero que não existam, porque significaria que não haveria nova ponte) sirvam para pagar os transportes públicos. Isto é exactamente o que eu defendo aqui tanta vez, mas refiro-me obviamente a portagens em toda a cidade (como em Londres, Estocolmo, Milão, Singapura, etc...) e não apenas na nova ponte. Este princípio é fundamental para aproximar os custos, que os automobilistas pagam, dos custos reais da sua escolha. Os custos para a cidade de uma entrada de carro na cidade são muito maiores do que a simples gasolina e hipotético parquímetro. Há o congestionamento, a sinistralidade, a necessidade de espaço urbano, o stress, a perda de qualidade de vida, as doenças respiratórias, o ruído, a poluição,etc... só para mencionar alguns exemplos.
António Costa quer fazer (no longo-prazo) da Segunda Circular uma avenida como as outras (como as outras vias-rápidas mais ligeiras que há pela cidade, entenda-se). Isto é uma excelente ideia. Para isso quer reduzir a velocidade máxima. Eu sugiro que seja para 50km/h, e acrescento: transformar uma das faixas em passeio, construir prédios ao longo da "avenida" (com volumetria razoável obviamente, para lhe dar mesmo uma sensação de cidade em vez de auto-estrada), acabar com as passagens desniveladas... Deixem-me sonhar..