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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Como começar a andar de bicicleta em Lisboa

MC, 28.03.12

Relembro aqui dois serviços totalmente gratuitos (prestados por voluntários, incluindo os 3 autores do blogue) que podem dar um jeitão a quem quer começar a deslocar-se de bicicleta em Lisboa:

 

Bike Buddy da MUBi

Receio em andar na rua de bicicleta pela primeira vez?

Dava jeito ter companhia para dar umas dicas?

Tens dúvidas sobre o melhor trajecto entre dois pontos? Por enquanto os mapas online ainda não calculam o melhor percurso para bicicletas nas cidades portuguesas, e normalmente o "melhor" para o carro e o "melhor" para a bicicleta são coisas diferentes. O carro não tem de evitar declives, mas não pode virar à esquerda e à direita quando lhe apetece.

O Bike Buddy ajuda!

 

Cicloficina

A tua bicicleta está a precisar de uns arranjozinhos ou uma revisão? 
Ontem vi uma bicicleta com os travões sempre a travar, e hoje uma onde a corrente e as mudanças faziam uma grande chiadeira. Outras, que vejo por aí, até nem parecem ter os pneus em baixo, mas os pneus da bicicleta devem ter o dobro da pressão dos pneus do carro. Metade do esforço é perdido...

Se calhar até precisas de arranjos e nem sabes!

A Cicloficina dos Anjos é semanal, e há outras menos frequentes pelo país.

 

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Como sugestão de leitura, o "Elogio da Bicicleta" por Gonçalo Cadilhe no A Nossa Terrinha.

 

 

 

 

 

 

 

Boa notícia: 4 milhões para radares

MC, 17.11.11

Finalmente uma boa notícia vinda deste governo, um investimento de 4 milhões de euros em novos radares de controlo de velocidade.

Quando Portugal tem das maiores taxas de incumprimento do código da estrada na Europa, quando temos dos números mais baixos em termos de multas passadas, quando o Estado tem penalizado quem trabalha e quem produz - através dos impostos sobre o consumo e os rendimentos - porque não penalizar os comportamentos ilegais? Não percebo porque pode chocar  que o Estado triplique ou "ventuplique" as suas receitas em termos de multas, em vez de o fazer através do IVA e do IRS.

Será importante assegurar que as multas não sejam só passadas, mas também cobradas. Para tal bastaria que houvesse cruzamento de dados com outras cobranças e pagamentos do Estado. Tal como um clube de futebol não pode participar num campeonato se tiver dívidas em atraso, poder-se-ia reter a devolução do IRS/IVA a automobilistas com multas em atraso por exemplo.

 

 

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Para algo totalmente diferente, um apelo da Cicloficina semanal dos Anjos (Lisboa):

 

Mais estações de metro, NÃO.

TMC, 23.06.11

O metropolitano de Lisboa, uma empresa pública com elevados montantes de dívida, anunciou que quer construir mais estações no "miolo" da cidade de Lisboa.

 

Não concordo. Isto não se deve só a sucessivas derrapagens orçamentais na gestão da empresa, ao incómodo causado nos cidadãos pela dimensão dos estaleiros das obras ou ao crónico prolongamento para além dos prazos estabelecidos do tempo de obras. Razões talvez mais do que suficientes em tempo de vacas magras e que traduzem a habitual voracidade de recursos públicos para empresas da capital portuguesa.

O metro é o modo de transporte público mais importante para a cidade de Lisboa; mas tudo é que é demais é em erro. Esta empresa quer provocar a crença na necessidade da sua nova oferta.

 

As estações anunciadas no miolo (são Bento, Santos, Alcântara, Estrela) não têm razão de ser. Por várias razões. O metro não tem de ser a única rede de transportes que pela sua elevada densidade proporcione a garantia de acessibilidade. Ele tem é de ser complementar a outras redes já existentes. É absurdo querer densificar-se tanto a rede de metro, porque a oferta de pontos de embarque não está só a cabo de uma modalidade de transporte público.

 

 

 

Nesta época cabe mais às empresas de transporte a tarefa de articular o que já se tem: metro, comboio, autocarros e eléctricos; escalavrar durante anos os subterrâneos da capital é uma aventura onerosa, exactamente daquelas que tem todas as condições para correr mal. Por custos mais baixos, a bilhética poderia ser simplicada e as estações de comboio urbanas da CP poderiam ser concertadas com o metro num passe e mapa únicos.

 

 

A lógica de densificação de estações de metro no miolo está também, quanto a mim, profundamente errada. O meu pressuposto é que a distância entre as futuras estações será talvez demasiado curta, obrigando a gastos desnecessários;  como no Rossio e na Baixa-Chiado ou nos Restauradores e Martim Moniz, quatro estações bem no centro da cidade e que poderiam ser praticamente todas reduzidas a uma. Esta lógica quer fazer das pessoas deficientes motoras, como se andar a pé durante dez minutos fosse uma condição a ser "melhorada" por mais tecnologia, ao invés de uma capacidade inata a ser estimulada.

 

Outro aspecto desta lógica é o prolongamento e salvaguarda do estatuto privilegiado do modo de transporte à superfície: o automóvel. O seu uso deveria ser o mais limitado possível precisamente no miolo. O metro não faz isso porque não entra numa competição directa com ele pelo mesmo recurso limitado: o espaço. O que deveria ser feito em termos de transportes públicos no miolo de Lisboa, além da já referida articulação, era a adopção de eléctricos de baixa capacidade mas de elevada frequência, como uma ligação entre as Amoreiras e Alcântara, por exemplo, através da Rua de São Bento. Ao entrarem em conflito directo com o automóvel obrigariam os decisores a escolher entre privilegiar apenas um dos dos dois. Claro que aqui já estamos no plano da utopia.

 


A cicloficina dos Anjos está com uma saúde incrível. De frequência semanal, tem tido uma elevada afluência e ajudado a dinamizar a comunidade de utilizadores de bicicleta de Lisboa. Como participante activo, recomendo uma visita ao respectivo blogue e facebook!

 

Não esquecer também que nesta sexta-feira há outra Massa Crítica, no Sábado o evento CycleChic repete-se e no Domingo temos a primeira World Naked Bike Parade em Portugal!

Cicloficina agora semanalmente em Lisboa

MC, 21.03.11

Passa a haver Cicloficina semanalmente em Lisboa, a partir já desta quarta-feira dia 23. Será todas as quartas na Rua Regueirão dos Anjos 69, nas traseiras do Banco de Portugal (Metro Anjos), das 19h às 23h.

A Cicloficina é uma oficina gratuita de bicicletas, organizada por voluntários, onde todos são bem-vindos para tirar dúvidas sobre mecânica, sobre bicicletas em geral, e mais importante de tudo para reparações de bicicletas gratuitas! Quem organiza as cicloficinas está equipado com todo o material necessário para reparar bicicletas, e até peças básicas (cabos, remendos, travões, etc.) para serem substituidos - se forem necessárias peças maiores terão de ser os ciclistas a trazê-las.

Contacto do grupo cicloficina.anjos@gmail.com

 

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E para quem ainda está de pé atrás no que toca à bicicleta como transporte urbano, recomendo a leitura de um relato de quem decidiu experimentar em Braga, e agora não quer outra coisa: um excelente texto do Sempre de Bicicleta.

O comércio e a rua

TMC, 20.02.11

A crença na necessidade do automóvel para as deslocações em meio urbano não é uma escolha sem consequências para os outros modos de deslocação. Ela é tão preponderante e tão disseminada que se tornou num facto cultural. E por isso afecta outros escolhas de locomoção.

 

Os centros comerciais dos subúrbios são um exemplo desse domínio do automóvel. O parque de estacionamento é enorme e gratuito, ou incomparavelmente barato. O acesso é preferencialmente feito de carro. Como a bagagem do carro dispõe de grande capacidade, é natural que uma ida a um centro comercial se torne numa oportunidade única para reunir várias compras numa só visita, para um período de um mês, por exemplo. Como atrai maioritariamente pessoas que se deslocam de carro, a sua escala de influência é elevada. É pouco provável que encontremos alguém que conheçamos num centro comercial.Tal como é improvável que algum empregado nos reconheça quando lá vamos. Podemos facilmente passar incógnitos enquanto passeamos pela multidão.

 

Por outro lado, alguém que faça as compras a pé ou de bicicleta está limitado pelo peso que os seus braços conseguem carregar e pela limitada distância que consegue percorrer. Como a capacidade de transportar produtos em cada visita ao supermercado é limitada, a frequência das saídas à rua aumenta, para que o abastecimento do lar possa ser mantido. Acresce a isto que, sendo a escala mais pequena, a probabilidade de reconhecer pessoas e vizinhos é bastante maior. A formação de comunidade, a consciência de uma vida para lá do lar ou do trabalho, é facilitada.

 

A crítica comum de que os estabelecimentos de comércio tradicional devem "adaptar-se aos tempos modernos", ou seja, adoptar parques de estacionamento a preços razoáveis, é um ponto de vista daqueles que acham que a deslocação num automóvel é uma solução universal, e por isso extensível a todas as localizações. Para os seus defensores, é aberrante que tenham de caminhar da sua casa ao supermercado, até a uma loja próxima, ou até ao cinema. O centro  comercial passa a ser o padrão de compras e de encontro social, não a excepção. As ruas vão assim cedendo o seu lugar a ambientes artificais.

 

Como catalisadores de tráfego automóvel, uma medida justa a impor aos centros comerciais seria a elevação dos preços dos seus parques de estacionamento. Doutro modo, é natural que muita da especulação imobiliária olhe para prédios devolutos como futuros parques de estacionamento: seguindo o paradigma da deslocação automóvel, a rua deverá tornar-se cada vez mais como um centro comercial.


O simpósio "A rua é de TODOS", da exposição "A rua é nossa" abordou de várias perspectivas o tema da rua. Para os leitores do blogue Menos1carro, fica aqui disponível o registo áudio da intervenção de três dos "key note speakers".

 

Dia 16 - Proximidade e acessibilidade | A vida de bairro e modos suaves - Mário Alves

Dia 17 - O carácter simbólico da rua | Identidade e apropriação - Antoni Remesar

Dia 18 - A rua metropolitana - Álvaro Domingues

  


E para finalizar, algumas fotos da ciclo-oficina de Fevereiro, que teve lugar no Regueirão dos Anjos deste Domingo!

 

  

 

 

 

 

 

 

Requiem por uma pistola

TMC, 16.02.11

Quando estava a tirar a carta de condução, um dos meus professores disse o seguinte durante uma aula de código:

 

Vocês não estão a tirar uma licença de condução. Estão a tirar uma licença de porte de arma.

  

A brutalidade de um acidente de viação, visto ou vivido, lembra-nos o que o conforto da cabine do carro vai paulatinamente apagando: uma tonelada e meia a 50km/h ou mais tem efeitos mortíferos. A responsabilidade de um condutor perante a própria vida e a vida dos outros é enorme. Perante tanta publicidade automóvel na imprensa, nas rádios e nas televisões, deveria haver uma quota parte de prevenção rodoviária: metade a cada campo (ou, como já defendi, que se banisse a publicidade automóvel, como a do tabaco); os vendedores seduzem-nos para as curvas e velocidades; o estado alertar-nos-ia para o efeito da sinistralidade, e de forma violenta e chocante. Porque é essa a realidade: vidas acabadas subitamente e de forma absurda, cadeiras de rodas e mazelas emocionais que já não deixarão as vítimas e uma justiça complacente.

 

Não sei se é a própria língua portuguesa que contribui para o alheamento da responsabilidade dos condutores. Parece que por chamarmos acidente ao facto de um autómovel embater com outro ou com um peão tornamos a situação acidental. Se eu guiar um carro, posso controlar a probabilidade da ocorrência de acidentes através de uma condução defensiva. Devo ser incitado a fazê-lo e penalizado se não o fizer. Não há nada de acidental na ocorrência de um acidente se eu conduzir de maneira desleixada. Não há como desculpar o condutor porque ele controla, como ser humano com livre arbítrio, as probabilidades de ocorrência de acidentes violentos.

 

No actual estado de coisas, não é assim que acontece. Se quiserem matar alguém, usem um carro. Sairão ilesos. Mesmo que tenham guiado a 100km/h dentro de uma cidade. Mesmo que tenham vindo de uma festa. Mesmo que tenham morto duas pessoas inocentes.


Na quinta-feira, no centro social do Regueirão dos Anjos em Lisboa pelas 20h, haverá um jantar vegetariano com o apoio do GAIA, seguido de uma mostra de filmes sobre bicicletas e intervenções no espaço público.

 

 

E no Domingo pelas 15h (o cartaz diz 17h mas podem e devem aparecer antes) a ciclo-oficina de Lisboa muda-se para o mesmo espaço, onde estará abrigada do previsível mau tempo. É divulgar e aparecer para um serão ou uma tarde bem passadas!

 

 

Transportes e Maturidade

TMC, 16.01.11

É um chavão que uma crise, seja ela económica ou política, é também uma oportunidade para um país e para os seus habitantes; porque ao encerramento do ciclo que permitiu o advento dessa crise, assiste a possibilidade de um novo começo. Esse novo começo é necessário, seja por os comportamentos estarem agora balizados por novas condicionantes financeiras, seja porque as pessoas compreenderem e sentirem nos ossos que o seu modo de vida anterior era parte integrante das condições que ocasionaram a crise.

 

Concretizando: perante os gastos de produção e manutenção e a escassez de matérias primas que não existem no nosso território, o estado e as empresas decidiram reavaliar a frequência, aumentar os passes mensais ou suspender alguns serviços de transportes para diminuírem os seus custos.

 

Perante estes factos, há duas atitudes. A imatura e a matura.

 

Existem os que pretendem manter a sua dependência e geri-la, exigindo ao estado que continue a facilitar o seu modo de deslocação com prejuízos sociais e financeiros colectivos. Acham que a generalização do automóvel como meio de transporte é algo irrevogável e necessários às suas vidas: 

 

 

Acontece que me apaixonei por um automóvel.

 

E existem aqueles que, por não terem opção ou por escolha própria, reivindicam o direito à mobilidade num meio de transporte colectivamente menos oneroso ou que se autonomizam completamente do uso do automóvel em meio urbano.

 

 

 

 

 

 

Há quem peça aos papás um aumento da mesada. E há quem saia de casa. 

 

 

A Ciclo-Oficina de Lisboa de Janeiro foi em Telheiras, na associação ART. Como sempre, a garantia de uma tarde de Domingo bem passada:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Muito boas e muito más notícias para Lisboa

MC, 19.11.08

Excelente notícia para Lisboa: 2 dos 5 projectos a ser concretizados em Lisboa, que foram escolhidos pelos habitantes no âmbito do orçamento partiicipativo, são relacionados com a mobilidade em bicicleta.

 

Terrível notícia para Lisboa: como compensação pela nova ponte rodoviária que vai despejar dezenas de milhar de novos carros em Lisboa, e para "facilitar o seu escoamento" (adoro estes eufemismos) a Câmara pediu ao governo que pagasse pela adaptação de 3 percursos dentro da cidade. Traduzindo para português: dar-lhes um perfil ainda mais de via-rápida do que já têm hoje.

 

Péssima notícia para Lisboa: O PSD e o PCP na Assembleia Municipal chumbaram o projecto de bicicletas públicas em Lisboa... vá se lá saber porquê! Vale a pena ler o relato do João do Pedalófilo que esteve presente na sessão.

 

Grande notícia: a Cicloficina está de volta graças à Ana e ao Ricardo. Todos os terceiros domingos de cada mês das 14h30 às 16h30 no Crew Hassan, perto dos Restaurades, há oficina gratuita de reparação de bicicletas, e muito mais. A próxima será no dia 21 de Dezembro. Apareçam!