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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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Zona Pedonal em Almada protegida pela Polícia de Intervenção para deixar passar os Carros

António C., 18.01.09

Quando hoje recebi um e-mail com um relato dos acontecimentos, esta sexta-feira, de uma acção pacífica e de festejo da criação de uma zona pedonal em Almada fiquei boquiaberto e arrepiado.

 

O relato que recebi pode ser lido aqui. Um grupo de pessoas (200 segundo o comunicado da polícia mas que parece exagerado) juntou-se ao final do dia a partir das 16 horas para disfrutar de um espaço que foi recentemente requalificado para se tornar numa zona pedonal e que aparentemente permite a circulação automóvel a familiares de alunos da escola que fica na zona e também a várias carreiras de transportes públicos. A circulação motorizada deve ser feita a 10 km/h. Escusado será dizer que são poucos os automobilistas e condutores de autocarros que respeitam este limite.

 

Segundo as poucas notícias que fui encontrando e tentando formar um ponto de vista moderado sobre o assunto, a acontecido é no minímo, chocante. Ao que parece, uma banda que fazia parte dos festejos e onde participavam crianças foi varrida aos empurrões por membros da polícia de intervenção com a justificação de que estavam a impedir a circulação automóvel, na zona pedonal.

 

Resultado de tudo isto, 2 pessoas detidas e 3 feridas e uma mãe com uma criança ao colo atirada ao chão.

 

Tudo isto me parece surreal, e comentar este despotismo desporporcinado da polícia já seria razão de sobra para indignação.

 

Para acrescentar a isso, parece que a polícia se deu ao trabalho de apagar fotografias de pessoas que assistiam incrédulas aos acontecimentos e que registavam nos seus aparelhos o sucedido.

 

Lançamos aqui o repto, para que nos sejam enviadas fotos ou videos deste abuso policial, porque nos parece de todo descabido que se agrida pessoas pelo simples facto de estarem a andar a pé numa zona pedonal. (mesmo que impedindo de alguma forma o trânsito).

 

Finalizando deixarei todos os links que fui encontrando para esta notícia e deixo a pergunta, antes que me venham para aqui dizer que eram hippies revolucionários ou qualquer outra coisa estapafúrdia. O que será que acontecia aos peões se estivessem a festejar uma vitória de um clube de futebol ou, por exemplo, a participar numa procissão religiosa?

 

Media: (Actualizado)

 

http://diario.iol.pt/sociedade/almada-psp-manifestacao-policia-protesto-detencoes/1033520-4071.html

 

Blogs: (Actualizado)

http://supergreenme.blogspot.com/2009/01/ontem-fui-relembrada-pouco-suavemente.html

http://agitacao.wordpress.com/2009/01/17/de-quantos-carros-precisa-uma-zona-pedonal/

http://utopia-dos-sentidos.blogspot.com/

http://gaia.org.pt/node/14730

http://gaia.org.pt/node/14726

http://blogue-do-ogre.blogspot.com/2009/01/quantos-carros-precisa-uma-zona-pedonal.html

http://a-sul.blogspot.com/2009/01/almada-pedonal.html (caixa de comentários)

http://spectrum.weblog.com.pt/arquivo/2009/01/carga_policial.html

Volante = trono

MC, 26.10.07
Já aqui escrevi várias vezes (aqui, aqui, aqui e aqui) sobre o estranho fenómeno dos portugueses se sentirem reis a partir do momento que têm um volante na mão. É daí que vem grande parte dos nossos problemas em termos de sinistralidade, de excesso de trânsito, de má qualidade de vida nas cidades, de ruído, de ocupação do espaço público, etc... Qualquer ameaça a este poder ditatorial é ferozmente combatida como se de uma questão de perigo de vida se tratasse. Um exemplo que ainda não referi é o facto de o automobilista se considerar superior ao peão, e principalmente ao transporte público (apesar de num autocarro haver 50 vezes mais pessoas).
Hoje na página da RTP temos mais um excelente exemplo disto. Trata do número de infracções de trânsito que os funcionários portugueses da ONU (por terem imunidade) cometem em Nova Iorque. Ficam num honroso segundo lugar em todo o mundo ocidental!

De acordo com o comportamento registado entre os diplomatas de 146 países nas Nações Unidas e nos consulados em Nova Iorque, no que respeita ao cumprimento das regras de trânsito, constata-se que entre 1997 e 2005 os diplomatas portugueses foram os que mais infracções cometeram mas beneficiando de imunidade, entre os ocidentais (68º lugar), bastante pior situados do que os espanhóis (52º) e só à frente dos franceses (78º).
(estudo descoberto no Ondas3)