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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Apoios ao Carpooling (partilha do mesmo carro)

MC, 18.09.09

Pressionado há 10 anos pela UE devido aos elevadíssimos graus de poluição dentro das cidades portuguesas, foram finalmente publidados os planos de melhoria de qualidade do ar para Lisboa e Porto. Apesar de apenas 20% da poluição não vir do sector dos transportes, muitas das medidas não vão para os transportes mas para a indústria e habitação. Fala-se ainda em faixas bus, ciclovias, etc.mas aquilo que a imprensa mais destacou foi a criação de faixas específicas para carros com mais de 2 ou mais de 3 ocupantes nas entradas da cidade (a decisão está por tomar mas espero que não se caia no ridículo de considerar um carro com 2 ocupantes como um carro bastante ocupado!).

Acho que esta medida é positiva por ser um incentivo à diminuição do número de automóveis. Os impactes ambientais e mais importante ainda os não-ambientais do automóvel são obviamente menores se em vez de 1,4 pessoas por carro houver 3 por carro. Não chegará ao nível de um autocarro, mas já é algo.

Têm sido sugeridos com alguma insistência incentivos financeiros (além deste incentivo "espacial") para o carpooling em alguns comentários do blogue, pela própria Quercus, por essa blogoesfera fora e não só, nomeadamente ao nível de portagens actuais e nas futuras possíveis portagens urbanas. Quanto a isto... (vem aí sarcasmo) eu acho que deveria haver um incentivo proporcional ao número de pessoas no carro. Com duas pessoas, a portagem seria metade, com 3 um terço, com 4 um quarto, etc. Mas, isto já acontece! Quando a portagem é 5€ uma pessoa isolada num carro paga 5€, mas uma pessoa num carro cheio paga 1€. Quando um dos principais problemas nos transportes é o desfasamento entre o custo pago pelo automobilista e o custo real para a sociedade do uso do automóvel, não percebo como se pode sugerir que este desfasamento seja ainda maior do que já é.

 


E porque há algum tempo que não roubava fotos ao Passeio Livre, aqui ficam duas da Rua Brancaamp, bem no centro de Lisboa. Como é possível que isto seja aceite numa sociedade?

Parabéns Galp!

MC, 06.04.09

A Galp lançou um programa de Car Pooling, ou partilha das viagens de carro (infelizmente chamou-lhe galpshare o que ajuda a confundir entre car sharing e car poolng) com uma forte e interessante campanha publicitária. O galpshare  junta-se assim ao CarPool e o Dê Boleia. O funcionamento é semelhante, uma pessoa que queira fazer um determinado percurso num determinado dia ou regularmente, deve registar essa informação indicando o contacto e se quer partilhar o seu carro ou viajar no carro de outrém. Sendo que a Galp é a principal afectada pela promoção do car pooling, e tendo a capacidade de realmente criar uma iniciativa com muitas adesões, a gasolineira está obviamente de parabéns!

 

Gosto especialmente da campanha publicitária. A campanha Solitários do Asfalto na rádio "chateia" o automobilista por passar horas sozinhos dentro do carro, incentivando a partilhá-lo. Mas o spot na TV (45 seg) vai mais longe:

 

Ele mostra o absurdo da mobilidade em automóvel nas cidades, onde levam em média 1,4 pessoas. É pena que o foco do texto seja a energia gasta, porque todo o spot parece ter sido construído para explicar a maior estupidez do automóvel na cidade: o espaço que ocupa. Quase todos os problemas são causados pelo espaço. O congestionamento não existiria se cada pessoa andasse de bicicleta/mota ou autocarro, ocupando menos espaço. E o congestionamento reduz a velocidade de circulação e a frequência dos autocarros, duplica o tempo de viagem e o stress, triplica os gastos em combustível e a poluição. Por culpa do espaço ocupado é necessário construir grandes viadutos, túneis, e parques de estacionamento, é necessário haver semáforos (o que por sua vez também causa congestionamento, etc.). A própria sinistralidade é causada pelo espaço ocupado (imaginem uma mota em vez de cada carro). A monopolização do espaço público por parte do automóvel, não permite mais praças e jardins, ocupa passeios e impede uma fácil de circulação dos peões. Tudo culpa do espaço ocupado.

Depois de lerem este sermão, revejam o filme, e digam lá se não é muito bom.

 

Não, eu não acho que uma gasolineira deva ser criticada pelo simples facto de ser uma gasolineira. Nem acho que tenha uma obrigação moral maior em termos de respeito pelo ambiente. As leis é que devem ser mais exigentes, e as autoridades menos complacentes, mas tratando todos por igual. O GreenWash é diferente, mas isto não é claramente um caso de Greenwash.


Enviado pelo leitor P.A. Uma notícia no DN onde se diz que Portugal vai transcrever uma directiva europeia que reforça a cooperação judicial na UE, em termos de pagamentos decididos judicialmente (indeminizações, multas, etc.). Estão em causa crimes como terrorismo, tráfico de armas, exploração sexual de crianças e pornografia infantil, tráfico de armas, tráfico de órgãos humanos, etc. Mas qual é o título que o DN escolheu? Escolheu aquilo realmente preocupa o povo: Multas apanhadas na UE vão ser cobradas em Portugal

Notas soltas

MC, 04.06.08

Depois da triste figura de guerrinhas pelos lugares de estacionamento por parte dos juízes, temos mais uma bela notícia relacionada com a justiça: o novo Campus de Justiça em Lisboa vai ter 4000 lugares de estacionamento! Numa zona tão bem servida de transportes públicos como é o Parque das Nações (vários comboios, metro, autocarros, etc...), as autoridades esquecem os discursos bonitos do ambiente, da promoção dos transportes públicos e da diminuição dos automóveis na cidade e apostam num paradigma cada vez mais ultrapassado: lugares de estacionamento para tudo e todos. O presidente da Junta não fica atrás, achando que o problema da "mobilidade" se resolve com estacionamento. Com gente assim...

 

Para compensar ligeiramente temos a notícia de 4 concelhos (Barreiro, Lisboa, Loures e Odivelas), que incentivam o carpooling por parte dos seus funcionários através de uma página específica dentro do www.carpool.com.pt.

Fico obviamente contente mas só me vem dar razão no que escrevi acima: "incentivos" e "sensibilização" lá se vai apoiando, mas quando são decisões difíceis de tomar...

 

Manuel Tão, no Expresso, questiona a febre da transformação de antigas ferrovias  em "ciclopistas" sobre a capa do turismo verde. Destroí-se comboio e incentiva-se os passeios de bicicleta no tejadilho do carro.

 

Fernanda Câncio tem um interessante post sobre os impostos sobre os combustíveis: adira ao movimento dos sem-petróleo, pergunte-me como.

 

 

Boleias a nível nacional

MC, 28.04.07
Um comentário anónimo aqui no blogue apontou-me uma página portuguesa para boleias a nível nacional, o Dê Boleia. A ideia é muito simples: há um registo de quem quer dar e de quem quer receber boleias de A a B à hora H. Os passageiros e os condutores dividem depois os custos da viagem. Em vez de dois automóveis a fazer o mesmo percurso teremos apenas um com óbvias vantagens para o ambiente, o trânsito e a carteira dos envolvidos.
O car-pooling (compartilha de carro) é muito comum há décadas nos países nórdicos. Na Alemanha há centrais nacionais de informação (a MitFahrZentrale por exemplo) e na Holanda há por vezes placards junto às estações de autocarro para os condutores/passageiros afixarem a informação.