Privatização do Espaço Público
No dia em que, em pleno centro de Lisboa, quando eu estava a conversar no passeio junto a uma passadeira, uma automobilista me pediu para desviar para ela poder estacionar, lembrei-me de partihar estas fotos que um amigo me tinha enviado. São fotos de ruas de bairro no centro de Colónia, mas que poderiam ser de tantas outras cidades:
Para comparação, duas fotos de dois bairros centrais de Lisboa (Campo de Ourique e Campo Pequeno, ambos tidos como tendo uma boa qualidade de vida, tal como os preços das casas podem comprovar):
Na Alemanha, há aqui e ali alguns lugares de estacionamento. Em Lisboa... é o caos que se vê (os carros na foto debaixo estão estacionados, não estão a circular).
Eu nem gosto de mandar este tipo de bocas, mas a falta de respeito pelo espaço público é um sinal de subdesenvolvimento. Os automobilistas (e os responsáveis autárquicos que os apoiam) acham que têm o direito de ocupar o espaço público, independentemente de isso tornar a cidade mais feia, mais desagradável e mais inimiga dos peões. O que não falta são famílias com 2 e 3 carros, que se julgam no direito de abusar do espaço público. "Eu tenho que deixar o carro em algum lado, e este espaço é de todos" dirão muitos. Há até quem se queixe da EMEL - empresa pública - argumentando que o que é público não deve ser pago, mesmo sendo as receitas públicas, esquecendo-se que ele deixa de ser todos a partir do momento que o privatizam sem pedir autorização aos outros.
A responsabilidade de arranjar lugar para estacionar não deve caber à sociedade, mas a quem decide movimentar-se de carro. As cidades alemãs mostram-no bem, reduzindo os lugares públicos. Em Tóquio, antes de se comprar um automóvel é necessário provar que se tem um lugar para o colocar.