Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas
Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas
Mais para ler
Já tenho repetido isto vezes sem conta: uma pessoa a deslocar-se de automóvel tem um impacto negativo sobre os outros muito maior do que quem se desloca de outros modos. Fica agora aqui a primeiríssima tabela que aparece no manual de planeamento de tráfego da autoridade de transportes de Londres, uma das mais prestigiadas instituições de investigação em transportes:
Mais para ler
Relembro aqui dois serviços totalmente gratuitos (prestados por voluntários, incluindo os 3 autores do blogue) que podem dar um jeitão a quem quer começar a deslocar-se de bicicleta em Lisboa:
Bike Buddy da MUBi
Receio em andar na rua de bicicleta pela primeira vez?
Dava jeito ter companhia para dar umas dicas?
Tens dúvidas sobre o melhor trajecto entre dois pontos? Por enquanto os mapas online ainda não calculam o melhor percurso para bicicletas nas cidades portuguesas, e normalmente o "melhor" para o carro e o "melhor" para a bicicleta são coisas diferentes. O carro não tem de evitar declives, mas não pode virar à esquerda e à direita quando lhe apetece.
O Bike Buddy ajuda!
Cicloficina
A tua bicicleta está a precisar de uns arranjozinhos ou uma revisão?
Ontem vi uma bicicleta com os travões sempre a travar, e hoje uma onde a corrente e as mudanças faziam uma grande chiadeira. Outras, que vejo por aí, até nem parecem ter os pneus em baixo, mas os pneus da bicicleta devem ter o dobro da pressão dos pneus do carro. Metade do esforço é perdido...
Se calhar até precisas de arranjos e nem sabes!
A Cicloficina dos Anjos é semanal, e há outras menos frequentes pelo país.
.......................................................
Como sugestão de leitura, o "Elogio da Bicicleta" por Gonçalo Cadilhe no A Nossa Terrinha.
Mais para ler
O automóvel é sempre o ponto de comparação quando pensamos em mobilidade e cidades. O andar de automóvel é o status quo, a visão do automobilista é o padrão. Dá jeito andar de metro? Parte-se sempre do ponto de vista do automobilista para se responder.
Mas o que será um dia de trabalho feito de carro, do ponto de vista de quem faz da bicicleta e dos transportes o seu padrão? Há uns 7 anos que eu não usava o carro num dia de trabalho em Lisboa, e tive de o fazer há dias (carro emprestado, obrigações familiares).
A primeira coisa que chamou a atenção é o tamanho da coisa. O blog está cheio de problemas que isso causa às cidades, mas o transtorno é igualmente grande para quem anda nele. Ficar completamente imobilizado durante minutos numa fila de trânsito, é claustrofóbico para um ciclista. Numa rua estreita, quando há um carro que decide estacionar, há uns 10 que ficam imobilizados à espera. Impensável. Chegar a um semáforo vermelho, ver o verde a passar e o vermelho a cair, e ter de esperar outra vez porque nem todos conseguiram passar, é desesperante. E estacionar? De que serve chegar ao local 2 minutos antes, se demoramos um quarto de hora a desenvencilhar-nos da coisa e a voltar a pé até ao sítio onde realmente queríamos estar? Uma vez foram voltas e voltas aos quarteirões para estacionar bem longe. Noutra, um parque subterrâneo, onde havia de atravessar um labirinto de pilares para alcançar os lugares disponíveis, ter de andar a pedir trocos para ir para a fila para pagar. De bicicleta escolho um poste à porta do destino, em segundos ponho e tiro o cadeado. Simples.
Uma coisa chocante foi a falta de respeito pelas regras, pondo os outros em perigo. Os primeiros segundos do vermelho contam como amarelo. Andar a 50km/h numa avenida de Lisboa é ver os outros a passar a alta velocidade, e sujeitar-nos a uma businadela.
Por último, o egoísmo latente em todos os comportamentos. Nas caixas de um supermercado ninguém pára uma fila para falar ao telemóvel, mas estranhamente este comportamento é socialmente aceite quando um automobilista interrompe uma faixa de rodagem para ir ao Multibanco.
No global, a verdade é que os automobilistas subiram na minha consideração. Por muito calmo que seja, não sei se aguentaria tamanho stress dia sim, dia sim.
..........................................................
O conselho para hoje, foi sugerido por um leitor há tempos: uma pequena reportagem da BBC sobre o comportamento dos condutores.
Mais para ler
Uma bicicleta estacionada ocupa 60 vezes menos espaço que um carro, e por isso pode ser estranho ouvir alguém afirmar que não se desloca de bicicleta por não ter sítio onde a deixar. Contudo, é uma queixa válida que frequentemente oiço de quem gostaria de usar a bicicleta, mas que muito raramente oiço de quem gostaria de ter carro.
São poucos os prédios onde há facilidade em deixar uma bicicleta, e logo muita gente não tem outra hipótese se não transportar a bicicleta escadas acima e deixá-la numa varanda. No outro extremo do espectro, temos o estacionamento do automóvel que entre nós se considera ser uma responsabilidade dos poderes públicos e não do dono do dito, ao ponto de ser literalmente a preocupação número 1 de muitos presidentes da junta, e estar sempre presente em tudo o que é discussão sobre transportes e espaço público da parte das câmaras municipais.
No Norte da Europa, a esmagadora maioria dos prédios tem arrecadações de fácil acesso para deixar a bicicleta. A foto mostra uma calha omni-presente em tudo o que é escadarias na Holanda, na cave de um prédio:
As câmaras poderiam ainda tmobrigar os estacionamentos subterrâneos concessionados (que são vigiados) a ter lugares de estacionamento para bicicletas. Outra solução seria ainda a criação de infra-estruturas na rua como estas duas (uma Roterdão, outra de Copenhaga):
A falta de estacionamento é, tal como os semáforos, uma barreira à bicicleta em Lisboa, e fomos nós que a criámos, não foi a natureza.
........................................................................
E a sugestão de leitura de hoje vem do Lisbon Cycle Chic, que fala da seguinte fotografia dum estacionamento de bicicletas de crianças, que, atenção, é tirada em Lisboa!
Mais para ler
Embora focado na mobilidade em bicicleta e nas preferências e critérios dos utilizadores nas escolhas de percursos em Lisboa, o inquérito inclui também questões relativas à utilidade e funcionalidade de uma plataforma de apoio a utilizadores de bicicleta na escolha de percursos em Lisboa (utilizando tecnologias SIG), que ao mesmo tempo dará informação para a gestão da rede ciclável e gestão da mobilidade urbana, informação que poderá ser utilizada para apoiar decisões na gestão, planeamento e expansão da rede, assim como para recolher opiniões sugestões e feedback da comunidade de utilizadores.
As respostas do inquérito visam identificar perfis de utilizadores de bicicleta em meio urbano, e as suas necessidades e propostas em termos de melhorias de infra-estruturas e da rede ciclável.
..............................................
Para motivar a participação, deixo-vos um artigo no The Globe and Mail (jornal canadiano) sobre o "pico do automóvel" - nome roubado do peak oil, o período onde a produção de petróleo chega a um máximo e partir daí só desce... algo que muitos especialistas defende já ter acontecido.
Mais para ler
Quem não tem experiência costuma apontar o relevo de Lisboa como "A" grande barreira a vencer para torná-la numa cidade onde a bicicleta seja dos principais meios de transporte. Mas quem tem uma longa experiência a circular cá e em cidades cheias de bicicletas, sabe bem que o relevo é apenas uma entre várias diferenças que separam Lisboa de Amesterdão. Se um génio da lâmpada me desse a escolher entre acabar com o problema do relevo, ou acabar com as barreiras que nós criámos na cidade, eu não teria dúvidas em escolher a segunda.
Uma barreira humana, decorrente da ditadura do automóvel sobre o nosso espaço urbano, é o excesso de semáforos. Só quem não conhece outras realidades é que não se apercebe do tempo excessivo que se perde a olhar para um semáforo vermelho em Lisboa, o que é responsável por um parte substancial do tempo de viagem. Isto é especialmente incómodo para o esforço dos ciclistas, que têm constantemente de perder e voltar a ganhar momento.
Em cidades como Amesterdão (mas não tanto em Copenhaga) há um enorme desincentivo ao automóvel, e como não são necessários semáforos para gerir cruzamentos de peões, bicicletas e transportes públicos, há muito menos semáforos. Além disso há canais próprias para circulação de bicicletas. Ou seja há percursos pensados para permitir uma circulação quase contínua das bicicletas, seja fazendo ciclovias ao longo de linhas de comboio e auto-estradas (vias com poucos cruzamentos), seja colocando as bicicletas em ruas exclusivamente para elas - ou compartilhadas com transportes públicos - e com prioridade nos cruzamentos, seja criando as "auto-estradas" de bicicletas (que tanto sucesso têm tido em Londres) onde a sequência de verdes está feita para quem circula a 20km/h e não a 50, etc.
Abaixo, a velocidade que eu fiz em quatro percursos urbanos em Portugal e na Holanda. À esquerda há constantemente acelarações e travagens e tempos mortos. Esquecendo os declives, não é difícil perceber em quais deles é que eu despendi mais tempo e energia por km percorrido.
............................................................
Bem a propósito, o leitor P.M. sugeriu-nos este excelente vídeo (do também excelente blog A View from the Cycle Path) sobre o aparecimento das estruturas cicláveis na Holanda:
Mais para ler
Finalmente uma boa notícia vinda deste governo, um investimento de 4 milhões de euros em novos radares de controlo de velocidade.
Quando Portugal tem das maiores taxas de incumprimento do código da estrada na Europa, quando temos dos números mais baixos em termos de multas passadas, quando o Estado tem penalizado quem trabalha e quem produz - através dos impostos sobre o consumo e os rendimentos - porque não penalizar os comportamentos ilegais? Não percebo porque pode chocar que o Estado triplique ou "ventuplique" as suas receitas em termos de multas, em vez de o fazer através do IVA e do IRS.
Será importante assegurar que as multas não sejam só passadas, mas também cobradas. Para tal bastaria que houvesse cruzamento de dados com outras cobranças e pagamentos do Estado. Tal como um clube de futebol não pode participar num campeonato se tiver dívidas em atraso, poder-se-ia reter a devolução do IRS/IVA a automobilistas com multas em atraso por exemplo.
............................................................................................
Para algo totalmente diferente, um apelo da Cicloficina semanal dos Anjos (Lisboa):
Mais para ler
A Massa Crítica faz 8 anos em Lisboa, e como tem sempre acontecido a Massa Crítica de Setembro é sempre a maior de todas. Eu arriscaria 500 bicicletas, podemos contar contigo? Aparece esta sexta, dia 30, no Marquês às 18h30 e divulga!!
Depois da Massa Crítica muita gente seguirá para o Bicycle Film Festival 2011, cujo programa começa logo a seguir.
Mais para ler
Será que há algum local no centro de Lisboa que a algum momento não se veja nenhum automobilista a desrespeitar as regras de trânsito?
Não haja carros mal estacionados, carros a exceder o limite de velocidade, carros a passar o vermelho ou acelerar no amarelo, carros sem parquímetro pago, etc.? Duvido que seja fácil encontrar.
A dúvida surgiu-me numa discussão entre os sócios da MUBi, onde se debatia se as bicicletas deveriam respeitar todas as regras de trânsito. Dada a minha dúvida, e dado que um automobilista incumpridor prejudica os outros, enquanto um ciclista não, a resposta parece-me óbvia.
................................................................................................................
A propósito o Pedalinas tem uma lista de dicas sobre circulação em bicicleta na cidade.
Mais para ler