Quando se fala em bicicletas na cidade e em como promovê-las pensa-se quase automaticamente em ciclovias. Muitos queixam-se que há pouquíssimas ciclovias nas cidades portuguesas e defendem que isto seria a principal razão para haver tão poucos ciclistas por cá.
É curioso notar - para quem não está por dentro do assunto - que a defesa das ciclovias aconteça normalmente por quem tem pouca ou nenhuma experiência de usar a bicicleta na cidade, havendo até muitos opositores às ciclovias entre os ciclistas com mais experiência (na eterna discussão deste tema na
mailing list da
Massa Crítica/Bicicletada houve até quem propusesse uma declaração da experiência tida com o transporte bicicleta sempre que se desse a opinião) .
São dois os principais argumentos
- As ciclovias dão uma sensação totalmente falsa de segurança, porque elas na realidade aumentam a sinistralidade
- Ao segregar as bicicletas do resto do tráfego está-se a alimentar a ideia de que as bicicletas não são tráfego e a fomentar comportamentos do tipo "sai-me da frente!" (quando na realidade são os automóveis e não as bicicletas que causam congestionamento e velocidades baixas).
A propósito disto recomendo o excelente
post do Frederico - com muitos quilómetros de bicicleta em Lisboa - no
Vou de Bicicleta cheio de estatísticas e exemplos em vez de wishful thinking e argumentos no ar. Há ainda este
texto do Mário Alves (especialista em mobilidade) sobre os perigos de segregar as bicicletas do trânsito.
Já agora reparem que a rua na foto deste
post, e apesar de ser uma rua importante num bairro residencial na
Holanda, não tem ciclovias. É mais um mito urbano que a maioria das ruas na Holanda têm ciclovia.
Mais:
Não use a ciclovia!(Brasil)
A associação alemã de ciclistas
defende que os ciclistas circulem na rua
El carril-bici es el opio del pueblo ciclista