O carro é anti-social II
A agressividade que as pessoas ganham quando se sentam ao volante é um fenómeno que eu não consigo explicar. Há alguma coisa no automóvel que dá a ideia a quem o guia, que se é o senhor do mundo. A pessoa mais calma fora do volante, é capaz de coisas inimagináveis quando está atrás dele. Todos conhecemos histórias de condutores que se convertem em hooligans mesmo à frente dos filhos.
Isto é algo que as empresas de publicidade sabem bem, e o que não falta são anúncios onde há sempre algum espírito agressivo e competitivo implícito, algo que nunca se viria em publicidade a detergentes, bicicletas ou seguradoras. O próprio design de muitos automóveis é agressivo, há cada vez mais SUVs com aspeto de tanque de guerra.
Em Porto Alegre no Brasil, na Bicicletada/Massa Crítica de sexta-feira passada, houve um condutor (acompanhado do filho de 15 anos) que investiu contra os ciclistas, provocando vários feridos. A minha solidariedade para eles, e todos os ativistas de Porto Alegre. Na de Lisboa, vi carros a forçarem fisicamente a passagem quando a lei diz que não tẽm prioridade, um louco que acelerou aos zigue-zagues entre vários blocos de ciclistas dispersos, etc.
Há frequentemente cenas de pugilato entre condutores por pequenas e ridículas zangas no trânsito, há uns anos em Lisboa chegou a haver quem carregasse no gatilho e tenha assassinado o outro condutor.
Como escreveu um leitor num comentário antigo: alguém imagina dois peões ou dois ciclistas ao insulto ou à pancada, porque um passou à frente do outro?
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E algo completamente diferente para dar uma olhada, um relatório do Eurostat sobre as emissões de gases com efeito de estufa na Europa. Qual foi o sector que mais aumentou as emissões nos últimos 10 anos, contrariando a tendência de descida? Claro os transportes, dominados (83%) pelo automóvel.