Os carros devem ter mais deveres e menos direitos que os peões, explicado às crianças e ao Carlos Barbosa
Tentem perceber se há algo de estranho na seguinte fotografia:
Vemos uma mulher que abrandou o passo e verifica se os carros estão parados antes de atravessar o verde. Algo de estranho?
Talvez reformulando: apesar de estar verde a mulher, 1. abranda o passo, e 2. verifica se os carros estão parados. Em poucos minutos tirei várias fotos a peões com este comportamento, mas mesmo que tivesse passado um mês no cruzamento, não teria visto um único automobilista a abrandar perante um verde e a verificar se os peões estavam parados. Esta falta de cuidado do automobilista acontece mesmo sabendo que ele tem uma percepção muito pior do que se passa à sua volta - mesmo que abrandasse - em comparação com o peão mais apressado, porque pura e simplesmente o condutor vai a uma velocidade maior. Se alguém precisaria de abrandar para se inteirar da segurança, deveria ser ele e não o peão.
Mas por que é que o peão abranda e olha apesar do semáforo dizer que pode passar livremente (e nem se trata de um semáforo onde o verde dos peões pode coincidir com o amarelo intermitente dos automóveis!)? Porque o peão sabe que a sua vida está em jogo, sabe que um descuido da sua parte ou da parte dos outros o pode pôr tetraplégico. O automobilista está protegido por uma caixa de metal de duas toneladas, e não será sequer arranhado por um peão. É um desrespeito para com os milhares de peões assassinados afirmar que os peões não prestam atenção.
Esta fotografia prova sem a mínima dúvida que em média um peão está muito mais atento ao que se passa e que se comporta com muito mais cuidado do que quem tem a arma potencial nas mãos. Claro que se cometem erros, mas ambos os lados o fazem e nem todos são evitáveis. É exactamente por isso que quem leva a arma deve ser mais escrutinado.
É por o peão ter mais cuidado que campanhas de culpabilização do peão são patéticas, e que no Norte da Europa se atribui sempre a culpa à partida ao automobilista em caso de acidente, cabendo a este provar que tudo fez para evitar o acidente.
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Notícia via Lisboa Bike: Só um condutor perdeu a carta por excesso de infracções desde 2008