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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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Pelo comboio no centro da cidade (editada)

MC, 17.03.10

Em contraste com o automóvel que entra facilmente pelas nossas cidades adentro (Lisboa tem uma via-rápida que acaba no Marquês de Pombal...), os comboios  de longa distância têm as suas estações bem longe dos centros urbanos de Lisboa, Porto e Coimbra. Tanto no primeiro como no segundo caso são situações absurdas que contrariam as boas práticas europeias.

Sempre que comento isto dizem-me que as Gares do Oriente, Campanhã e Coimbra B têm "boas ligações"  por isso pouco importa se estão no centro ou não. Mais uma ligação, implica mais uma mudança, mais uma espera, mais um stress, mais um bilhete, mais uma incerteza. Hoje tenho dois exemplos do quão é importante levar as pessoas directamente aos centros, para diminuir as ligações.

 

1. Até há uns meses, nem todas as linhas do Metro de Lisboa se cruzavam. Com o prolongamento, e note-se que não houve a abertura de nenhuma estação nova, da linha vermelha houve vários percursos onde foi reduzido o número de ligações - e as que existiam já eram "boas".  Apenas com esta melhoria, houve em média um aumento de de 40% no número de passageiros da linha vermelha nos últimos meses, face ao ano anterior.

 

2. Antuérpia estava até há pouco na mesma situação que Lisboa, Porto e Coimbra: a estação com mais comboios estava longe do centro (4km enquanto a do Oriente está a 9km), mas alguns dos comboios partiam da estação central. Para os passageiros dos restantes, era necessário mudar. Foram gastos 1,6 mil milhões de euros para desviar a linha por túnel de modo a que todos os comboios parassem no centro. É difícil comparar números de passageiros (porque há novas linhas), mas o valor gasto mostra que havia sérios benefícios em causa.

 

Concluindo, bem sei dos custos e da dificuldade inerente - mas se esses argumentos nunca são suficientemente fortes no caso do automóvel, porque serão no comboio? Em Lisboa, porque não fazer uma estação central em Entrecampos/Rego? No Porto e em Coimbra, porque não tornar São Bento e Coimbra A em estações de passagem dos comboios principais através de túneis?


A ler: um texto de José Vítor Malheiros sobre quem "pertence à categoria dos sub-humanos: um peão".

4 comentários

  • Sem imagem de perfil

    Miguel 18.03.2010

    "hoje a cidade da justiça (não sei se é assim que se chama) "

    É Campus de Justiça. No Porto também vai ser construído um no último terreno de grandes dimensões ainda existente na zona mais central da cidade na zona da estação da Lapa e de Carolina Michaelis (perto da Rua de Cedofeita). Ao menos tiveram a feliz ideia de não o mandar lá para «cascos de rolha» junto a uma auto-estrada qualquer.

    Esses exemplos de que falas na zona do Oriente para mim fazem muito sentido. Eu cada vez mais noto que com as pessoas que falo que quando vão a Lisboa fazem praticamente tudo lá, só vão à baixa, Belém, etc. em passeio, negócios passa quase tudo por lá (se isso é bom ou mau já é outra conversa...).

    No Porto eu também gostava que a estação principal fosse S. Bento, mas face às condicionantes daquela zona toda (nunca poderíamos ter três das principais auto-estradas do país - A1, A3 e A4 - a passar quase ao lado de S. Bento como acontece em Campanhã), racionalmente faz muito mais sentido que esta seja em Campanhã. A outra zona possível seria a Boavista (que chegou a ser hipótese para o TGV), que estaria mais perto da zona de negócios mais «nobre» do Porto, mas ou se mudava tudo de Campanhã para a Boavista (um bocadinho inviável) ou para estar a dispersar serviços mais vale estar tudo concentrado em Campanhã.
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    HRC 22.04.2010

    "No Porto eu também gostava que a estação principal fosse S. Bento, mas face às condicionantes daquela zona toda (nunca poderíamos ter três das principais auto-estradas do país - A1, A3 e A4 - a passar quase ao lado de S. Bento como acontece em Campanhã), racionalmente faz muito mais sentido que esta seja em Campanhã."

    Não faz qualquer sentido recusar uma localização no centro duma cidade importante como o Porto com o propósito de localizar a estação de alta velocidade junto a um nó de auto-estrada. É algo que jamais se deve fazer e, que eu saiba, nos raríssimos casos em que se caiu na asneira de o fazer, o resultado foi péssimo. O planeamento das acessibilidades à estação deve dar primazia aos modos suaves e ao transporte colectivo. Não será por causa de a estação se situar no centro da cidade (longe das auto-estradas da periferia) que o acesso em transporte individual não se fará. Já o contrário não é verdade (a opção de situar a estação num nó rodoviário da periferia é fortemente inibidora para o acesso nos modos suaves e em transporte colectivo).
  • Sem imagem de perfil

    Miguel 23.04.2010

    Eu não disse que achava que Campanhã era uma boa opção porque tinha auto-estradas, o que eu disse é que além das outras coisas todas que Campanhã tem (está 1 4 minutos da baixa de metro e a 12 da Boavista), tem também 3 auto-estradas e isso é uma vantagem relativamente a outras opções, que não são servidas nem por metade dos TC que Campanhã é, nem por 1/10 do TI.
    E Campanhã está muito longe de ser um «nó rodoviário da periferia», acontece é que passa lá a VCI ao lado...
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