Tiro ao lado (3)
Um resumo bem mais simpático e apresentável do que fiz nas postas anteriores pode ser encontrado na Resolução do Conselho de Ministros nº 169/2005, vulgo Estratégia Nacional para a Energia. É também um recordar de todo o propósito deste blogue. Tem cinco anos mas já diz o seguinte:
Neste quadro, Portugal assumiu o compromisso de produzir, em 2010, 39% da sua electricidade final com origem em fontes renováveis de energia. Tendo tal valor sido já atingido pontualmente no passado, em anos húmidos, alcançá-lo no futuro tem-se revelado poder ser problemático, dado que a taxa de crescimento anual dos consumos de electricidade (5% a 6%, por ano, em média) tem superado a capacidade de incremento da produção baseada em fontes renováveis de energia, tanto mais que a variabilidade da hidraulicidade afecta seriamente esses resultados. O consumo da energia em Portugal tem mantido um crescimento elevado ao longo dos anos, em correspondência com o progresso económico e social verificado nas últimas décadas, mas também em resultado de uma elevada ineficiência energética induzida pelo crescimento dominante de consumos nos sectores doméstico, dos serviços e dos transportes, em contracorrente com a tendência verificada na generalidade dos Estados membros.
As mais altas taxas de crescimento dos consumos têm-se verificado, sobretudo, nos edifícios e nos transportes. Isto, por razões que se ligam directamente com o tipo de comportamento dos cidadãos, menos sujeitos à disciplina do mercado do que as empresas, bem como à ausência de políticas coerentes e consensuais sobre o ordenamento do território e a energia, em particular no que toca a medidas de controlo dos custos, de eficiência energética e de sustentação ambiental.Do mesmo modo, os transportes, cuja prevalência do privado face ao público tem sido condicionada pelas opções de ordenamento do território, constituem um enorme desafio à eficiência no planeamento e na gestão dos sistemas urbanos. Um melhor ordenamento de território bem como edifícios e transportes energeticamente eficientes deverão ser objectivos nacionais, que não podem deixar de ser também traduzidos a nível autárquico. Em suma, é necessário alterar hábitos e padrões de consumo, através de políticas que incentivem os cidadãos às melhores opções energéticas e ambientais, por via de instrumentos económicos adequados e do reforço do acesso à informação e à educação naqueles domínios.
Viva o Papa Bento XVI! Se não sou católico ou cristão, porque festejo? Porque quando no dia 11, pela manhã, o Papa iniciar a viagem entre o aeroporto de Lisboa e a Nunciatura Apostólica, na Rua Luís Bivar, cerca de uma centena de ruas da capital (aquelas por onde irá passar o papamóvel e todas as laterais) não terão um único carro estacionado. Um exercício para todos aqueles que acham impossível haver uma cidade com menos carros.
Outros parabéns, mas desta vez para o vereador da mobilidade da Câmara Municipal de Lisboa e para a EMEL. Estacionar no centro da cidade vai passar a custar o dobro e com duas horas como limite máximo de estacionamento. Uma óptima medida para alterar alguns hábitos nocivos. Claro que os comentários dos que confundem viajar com andar de carro não se fizeram esperar:
ISTO É UMA VERGONHA. NÃO HÁ ALTERNATIVAS DECENTES E MAIS UMA VEZ É IR DIRECTAMENTE AO BOLSO DAS PESSOAS. MAIS UM EXEMPLO DO QUE AO QUE CHEGOU ESTE PAÍS.
Ler também uma breve crónica de Francisco José Viegas sobre as alterações paisagísticas no Douro causadas pelo frenesim de alcatrão