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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

O saber não ocupa lugar?

TMC, 16.10.09

 

O panorama que este blogue tem traçado do país não é animador. Até parece que, para além das pessoas que nele colaboram e do punhado de leitores, há uma completa ignorância das medidas a tomar em termos de transportes em geral e contra o automóvel em particular.

 

Não é o caso. Existe em Portugal plena consciência dos problemas, desafios e medidas a tomar. Na nossa academia temos reputadas potestades em planeamento urbano, mobilidade sustentável, ordenamento do território; há doutoramentos em desenho urbano, car-pooling, biocombustíveis, optimização de frotas dos transportes públicos, etc.

 

Podemos dizer então o problema parece ser que esse conhecimento não escoa para a sociedade civil e para os decisores; ou que então o ritmo do escoamento é demasiado baixo ou que a complexidade do problema parece obviar qualquer resolução.

 

Eu por mim acho que falta qualquer coisinha, um je ne sais pas de quoi óbvio mas que é muito nosso, muito português e que nos tolda os olhos.

 

Alameda Universitária de Lisboa

Metro: Campo Grande, Cidade Universitária, Entrecampos

Autocarros: 21, 36, 31, 35, 44, 49, 64, 701, 738, 755, 768

Comboio: Estação de Entrecampos

 (clique na opção Ver imagem do Firefox para ampliar)

 

A alameda relvada ainda escapou.

 

 (clique na opção Ver imagem do Firefox para ampliar)

 

Na parte direita da fotografia havia uma escola chamada Cidade Universitária.

 

Instituto Superior Técnico

Metro: Alameda, Saldanha  (três linhas)

Autocarros:  7, 10, 16, 17, 35, 36, 44, 83, 708, 718, 726, 727, 732, 738, 742

 

 

Gosto especialmente das marcas de estacionamento em cima dos passeios.  Nas próprias barbas duma escola de suposta excelência em arquitectura, engenharia e ciências, os alunos habituam-se cedo aos grandes exemplos.

 

 

Funcionários, investigadores, professores e alunos finalistas têm direito a estacionamento gratuito.

 

O caso do Técnico é ainda mais flagrante porque está bem no centro da cidade. Qual é a legitimidade das próprias universidades apregoarem aquilo que não cumprem? Qual é o impacto na saúde, no trânsito e na cidade dos automóveis que estas universidades albergam? Quantos lugares ocupa ilegitimamente este saber?

 


 A polémica também existe do outro lado do Atlântico. No excelente blogue urbanidades, ler a reacção de Moacir Pereira às implicações no tráfego da cidade da Universidade de Santa Catarina.

 

O que é que o carro tem, que o resto das coisas não tem?

MC, 16.10.09

Ao ver mais um bom vídeo da Streetfilms sobre o Park(ing) Day * em S. Francisco (onde um entrevistado diz quem não tem um automóvel também deve ter direito ao espaço público) e ao ler esta posta do CidadanialLx com fotos do que acontece às praças de Lisboa (que em vez de serem praças são parques de estacionamento) fiquei a pensar...

Por que é que os habitantes de Lisboa que possuem um automóvel têm direito a ocupar o espaço público do seu bairro de borla, mas quem não o possui não tem direito nenhum? Muitos gostariam de usar o espaço público como arrecadação - por exemplo para guardar bicicletas, mas esse direito está lhes vedado por lei. Porquê?

 

*Dia em que se ocupa um lugar de estacionamento e se o transforma em jardim, de modo a demonstrar o desperdício de espaço urbano.

 


Posta a ler no Diário do Tripulante, o que eu digo sempre mas dito por um motorista da Carris: o problema do serviço da Carris em Lisboa não é a Carris, são os carros.

E ainda há quem se espante...

MC, 16.10.09

Uma semana depois da abertura de mais uma auto-estrada em Lisboa, a TSF diz que "ao contrário das expectativas"  o "caos de trânsito no IC-19 continua apesar da nova A-16". Nas última duas décadas foram inauguradas centenas de quilómetros auto-estradas e vias-rápidas na Grande Lisboa. Foram feitas dezenas de túneis e alargadas vias. O trânsito continua um caos, apesar do número de habitantes não ter variado.

Aparentemente ainda há muita gente que não percebeu que esta é a receita errada.

 


A ler: TGV sobre a trapalhada que é o serviço da CP.

Qual é a cidade qual é ela...

MC, 15.10.09

A cidade que correspondia a todas aquelas descrições maravilhosas era Veneza, tal como o TMC tinha adivinhado. Mas Fes também seria uma resposta certa, vinda da Joana. As zonas mais centrais de algumas cidades também caberiam na descrição.

Onde queria chegar é que toda aquelas características paradisíacas existem em Veneza  por ser uma cidade livre de carros. No dia a dia nem nos apercebemos dos pequenos grandes incómodos que a sociedade automóvel nos impõe.

 

Em Veneza, que aqui serve de metáfora para qualquer cidade sem carros, todas as praças podem ter esplanadas

 

Em Veneza os miúdos podem jogar à bola em todas as praças e recantos

Em Veneza pode saltar-se à corda e brincar em qualquer lugar

Em Veneza as velhotas não ficam em casa, porque são bem-vindas em qualquer praça. Aliás podemos sempre sentarmo-nos onde quisermos.

 

Em Veneza os cães andam sem trela porque nunca serão atropelados

 

Em Veneza os carrinhos de bebé podem andar em segurança por qualquer ponto da cidade

 

Em Veneza os transportes colectivos não são prejudicados pelo transporte individual, como acontece em tantas cidades numa inversão preversa de valores que coloca o indivíduo antes da sociedade

 

Em Veneza um miúdo pode parar no meio da rua para pintar o alcatrão

 

Em Veneza a barafunda da hora de ponte resume-se a isto


 

Blog Action Day contra as alterações climáticas

MC, 15.10.09

Hoje é mais um 15 de Outubro, dia de Blog Action Day, dia de activismo ambiental de bloggers de todo o mundo. Aproveito para deixar aqui várias coisas interessantes das que costumo deixar nos rodapés.

 

1. Vídeo dos comboios noruegueses (em inglês) pela promoção do comboio.

2. Um interessante texto sobre vários problemas técnicos que o carregamento de automóveis eléctricos em larga escala, causaria na actual produção de electricidade, na Low-tech Magazine.

(sugestão dum leitor)

 

3. O relatório anual da Agência Europeia do Ambiente sobre Transporte e Ambiente a ler aqui. O relatório destaca vários pontos preocupantes: o transporte de mercadorias por ferrovia e água tem diminuido o seu peso no total; o número de carros por habitante aumentou 22% em 10 anos; a UE é suposto baixar as suas emissões de GEE em 20% a comparar com 1990, mas as emissões vindas dos transportes aumentaram 27%; os níveis de óxidos de azoto e partículas continua muito alto dentro das cidades.

 

4. A França está prestes a aprovar um imposto sobre o carbono, uma excelente notícia e um exemplo para todo o mundo. É um absurdo económico taxar algo que não traz (directamente) mal nenhum ao mundo, como lucros ou consumo, e fechar os olhos a actividades altamente poluentes. A França segue exactamente esta ideia, taxando o carbono e baixando outros impostos clássicos.

 

5. Há mais dados a apontar que os programas de incentivo ao abate de carros são uma péssima política ambiental. Por cada tonelada de CO2 que deixa de ser emitido são necessários 365 dólares. Há aparentemente alternativas que custam apenas 3,50 libras por tonelada.

Adivinha: Qual é a cidade qual é ela III

MC, 15.10.09

(últimas pistas para uma adivinha que só tem uma solução)

 

Qual é a cidade qual é ela, onde

os graúdos ajudam os miúdos a saltar à corda no meio de qualquer praça,
o pior que pode acontecer ao atravessar a rua é levar um encontrão,

os miúdos pintam o alcatrão no meio da rua à vontade,
dois amigos se cumprimentam sempre que se cruzam, em vez de se buzinarem,
não há uns compartimentos barulhentos e outros calmos nas casas, porque todos são calmos,
não existem viadutos e auto-estradas a rasgar e destruir os bairros?

Menos Um Carro da Carris...

MC, 14.10.09

A Carris acabou de lançar uma campanha intitulada "Menos Um Carro". Já tinha visto uma referência a um endereço menosumcarro.pt (que não funciona mas está de facto registado em nome da Carris) e um leitor voltou a chamar a atenção nos comentários. A única coisa que descobri foi um vídeo de 3 minutos no YouTube:

 

Alguém sabe algo sobre este "plágio"?

 


A ler uma sugestão de outro leitor, Cars Make You Fat no TreeHugger.

Adivinha: Qual é a cidade qual é ela II

MC, 14.10.09

Qual é a cidade qual é ela, onde

não há um ruído ensurdecedor apesar do movimento,
não há dificuldade em respirar mesmo nas zonas mais movimentadas,
há zonas tão calmas que as pessoas se sentem obrigadas a falar baixo,
as velhotas não ficam fechadas sós em casa, mas encontram-se em todas as praças,
o comércio local arrasa os hipers e os shoppings,
há miúdos nas suas bicicleta, trotinetes e patins por todas as praças - seja no centro ou nos bairros residenciais - em vez de ficarem fechados em casa?

A linha do Tua chega ao grande ecrã

TMC, 13.10.09

     Pare, Escute, Olhe

 

 

      

 

Jorge Pelicano

 

   Portugal, 2009, 105’

      

Dezembro de 1991: uma decisão política encerra metade da linha ferroviária do Tua, entre Bragança e Mirandela. 15 anos depois, essa sentença amputou o rumo do desenvolvimento, acentuou as assimetrias entre o litoral e o interior de Portugal. Agora, o comboio é ameaçado por uma barragem. Pare, Escute, Olhe é uma viagem através de um Portugal esquecido, vítima de promessas políticas oportunistas.

 

DOC LISBOA  http://www.doclisboa.org/
18 OUT 23h00, LONDRES – 2
19 OUT – 18h30, CULTURGEST - Grande Auditório


 

É salutar o aparecimento de uma longa metragem sobre a temática dos transportes e do modo como eles podem induzir (ou não) justiça social e coesão ao território. É por isso muito bem-vinda esta obra do realizador Jorge Pelicano à pseudo-faustosa capital do país, centro das decisões ministereais e da nata intelectual, tão alheada e tão caviar quanto se queira.

 

Se puderem assistir, comprem o bilhete com antecedência porque costuma esgotar num ápice.

 

Para um historial das publicações no blog sobre a linha do Tua:

 

13 de Setembro de 2009

1 de Setembro de 2009 (#1)

1 de Setembro de 2009 (#2 e com vídeo)

28 de Julho de 2009

2 de Abril de 2009

9 de Setembro de 2008

      

 


Vá, não acham que estão a exagerar?

TMC, 13.10.09
 
 

 

 


Segundo este fantástico estudo, o governo português, via Estradas de Portugal, não está mesmo a exagerar. O que não investimos em educação, ciência e saúde e que delapidámos no Plano Rodoviário Nacional, reflectir-se-á daqui a menos 30 anos no aumento de riqueza. Donde é que virá ela? Não sei, mas os especialistas garantem-nos que ela vem, por isso mal posso esperar. Pelos vistos não há limites.