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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Ocupação exclusiva do que é público

MC, 30.12.08

Revendo estas fotos de ocupação do espaço público de Lisboa,

e de Amesterdão,

 

apercebi-me de uma coisa. O problema de destinar o  pouco que existe de espaço público para o estacionamento de meia-dúzia de carros, não passa só por deixar de haver espaço para uma esplanada, um pequeno parque, um local para os miúdos brincarem e jogarem, umas cadeiras e mesas para os idosos conviverem, para os peões se poderem deslocar à vontade. O problema passa também pelo absurdo de ter alguém a ocupá-lo,  que nem sequer se encontrar lá! O espaço fica monopolizado por alguém que pode passar horas, dias ou semanas bem longe dali! Isto faz algum sentido na cidade, onde o espaço público é um bem escasso?

 


A ler:  o Squawfox diz que os automóveis devem ser vistos como o tabaco passou a ser visto e tratado nos últimos anos, por serem caros, viciantes, assassinos, etc.  (via)

(cache do google, no caso de a página original estar em baixo)

Casta superior

MC, 28.12.08

Tenho sido por vezes criticado por me "esquecer" de que dentro de cada carro vai uma pessoa, sempre que digo que algo que está feito para carros em vez de pessoas, ou que algo põe os carros à frente das pessoas.

Claro que eu sei que um carro não têm personalidade - se bem que alguém, que mais tarde veio a morrer de acidente de viação, já os retratou como tendo - o que me revolta é ver que a pessoa, que não tem o volante na mão, é constantemente preterida em favor da outra, seja em termos de planeamento urbano, de código da estrada, de comportamentos das autoridades ou de comportamentos de todos nós em geral. É como se as pessoas dentro do automóvel pertencessem a uma casta superior.

Nestes últimos dias em Lisboa, apercebi-me que NUNCA se buzina contra alguém que está a fazer as manobras de estacionamento numa rua de uma faixa só, bloqueando por isso todo trânsito, ou que NUNCA se buzina contra alguém que está a estacionar em plena faixa de rodagem (seja em primeira ou segunda fila), ou seja contra alguém que vai bloquear por completo uma das faixas atrapalhando o trânsito em toda a zona. Por outro lado, buzina-se contra um peão que se demora a atravessar, contra um peão que atravessa fora da passadeira, contra um ciclista que circular no local indicado mas que segue apenas a 20 ou 30km/h em vez dos 70 ou 80km/h dos automóveis. É que tanto em termos legais, como em termos de incómodo causados a terceiros, não há dúvida nenhuma que as situações acima são bem piores.

Alguma explicação que não seja a da casta superior?

 


A ler este post n'O Avesso do Avesso, bem a propósito, sobre o "status" da bicicleta e do automóvel.

O meu carro

MC, 22.12.08

(Sim, eu admito, eu tenho um carro*)

 

Um dos argumentos que me apresentam defendendo a suposta inevitabilidade de ter carro, é aquela coisa das compras do mês. "Mas, sem carro, como é que vais ao supermercado? Então e as compras para o mês inteiro?"

Pois bem, aqui fica a minha engenhosa, moderníssima, elaboradíssima, complicadíssima e super-alternativa solução:

 

Um carro destes, 1 ou 2km a pé, já resolve o problema à grande maioria das pessoas que moram na cidade. Poupa-se no tempo, no stress, na gasolina, etc.

 

Quando apareceram os hipers, houve muitos supermercados de bairro que fecharam.  Parece-me que felizmente a tendência se inverteu nos últimos anos. Toca a apoiar o comércio "tradicional".

*quem conhece o blogue, sabe que em nunca defendemos que nao se tenha um carro. Apenas defendemos que as consequencias de ter carro recaiam sobre quem o tem, e nao sobre terceiros.

 


A ler: um interessantíssimo comentário no Guardian sobre a segurança dos ciclistas e peões. Um cheirinho:

There is another important factor at work in the Netherlands and in Austria, Denmark, France, Germany, Italy, Sweden and several others European countries. It's the principle of strict liability. This puts the onus of responsibility on drivers in civil compensation cases in the event of a collision – not on the cyclist or pedestrian as is the case here. It does not affect criminal cases. Furthermore, as Roadpeace reports (pdf), in several of these countries children and the elderly are deemed not liable for their actions in civil cases. As far as I can see, this is bound to focus drivers' minds.

Obrigado José

Egoísmo

MC, 20.12.08

s. m.,
amor próprio excessivo, que leva o indivíduo a olhar unicamente para os seus interesses em detrimento dos alheios;
conjunto de propensões ou instintos que levam à conservação do indivíduo.

Um leitor residente em Amesterdão comentava aqui como os seus amigos portugueses adoravam conhecer, passear e "viver a cidade" de Amesterdão (onde ter um automóvel é muito caro e complicado), mas que rapidamente mudavam de postura mal se falava em aplicar o mesmo nas cidades portuguesas. Escusado será dizer que já tive a mesma conversa com várias pessoas, e que outras pessoas me contaram o mesmo.

 

Acho que só há uma explicação para isto, egoísmo. Egoísmo de quem aprecia uma cidade pensada para as pessoas quando é um peão, mas prefere uma cidade de vias-rápidas e estacionamento abundante e gratuito quando regressa à sua carro-dependência.  De quem não dá a mínima importância aos enormes custos que a sua decisão pessoal de andar de carro acarreta para os outros.

 

O mesmo direi de algumas reacções à intenção da CML de afastar o trânsito da Baixa (as aparentemente boas notícias não são claras, por isso ainda não referi este assunto por aqui), o Automóvel Club de Portugal ameaça pôr a CML em tribunal se o plano for avante!

 

Na mesma linha, uma assumida carro-dependente queixa-se dos dias sem carros. Quer ela que a cidade seja monopolizada pelo automóvel, porque ela escolheu viver longe da cidade, e por isso não pode usar os transportes públicos. Um raciocínio a não perder!!

 


Posts recomendados, ambos relacionados com o que é dito acima.

Um mini-post meu no CidadaniaLx, sobre duas cidades que escolheram afastar os automóveis da Baixa.

A divertida e exaltada reacção do RedTuxer no Uma bike pela cidade, sobre o egoísmo do ACP.

Imagens

MC, 20.12.08

 

Há quem vá passando... (via)

 

 

Um casal e um pinheiro de natal "a bordo" de uma bicicleta.

E há quem diga que a bicicleta não é um transporte versátil...

 

 

Guarda da PSP que não se deu ao trabalho de estacionar a uns metritos dali,

tendo deixado o carro em plena passagem de peões. E ainda há quem se espante

quando a polícia nada faz contra o abuso dos automobilistas.

 

Obrigado Tiago e Anabela

Primeira desconferência sobre mobilidade em bicicleta em Lisboa

MC, 19.12.08

Este domingo em Lisboa vai haver a primeira desconferência sobre a bicicleta como Transporte. A principal diferença entre uma conferência e uma desconferência é a ausência de sessões explicitamente definidas à partida. Haverá algumas pessoas que se proporão a debater um tema (quem quiser pode propor o seu também), e a partir daí haverá um debate aberto sobre ele sem powerpoints ou grandes formalismos.

 

A desconferência é organizada pelos meus colegas blogueiros Ana, Bruno e Ricardo, e será às 17h00 na Crew Hassan(Rua das Portas de Santo Antão, 159 - sala no 3º andar, Lisboa. Mais informação na página da desconferência

 

É de lembrar que entre a hora do almoço e a desconferência há cicloficina no mesmo espaço, uma oficina de reparação gratuita (por voluntários) de bicicletas.

 


Post recomendado: também da Ana, fotos do dia da Marginal sem Carros em Oeiras. Nestes dias é que se percebe o quanto perdemos por o espaço urbano ser monopolizado pelo automóvel.

As crianças e o espaço público

MC, 15.12.08

Foi perguntado a uma turma de crianças de um infantário nova-iorquino, o que fariam se não houvessem carros na rua. Acho que vale mesmo a pena ver as respostas neste vídeo da StreetFilms, e pensarmos nas consequências da monopolização do nosso espaço público por parte do automóvel. Pensarmos nas crianças que vivem fechadas em casa, nas pessoas fechadas em casa, na falta de interacção social, na falta de aprendizagem social das crianças  na falta de espaços de lazer para coisas básicas como andar de skate, subir às árvores, jogar à bola, etc. Isto tudo porque há quem se arroga o direito de ocupar esse mesmo espaço usando o modo mais irracional que existe para se deslocar.

 


Foto recomendada:

Roubada do CidadaniaLx, e tirada numa ampla praça lisboeta recentemente renovada, e inserida numa zona residencial e comercial, o Campo Pequeno. Do lado direito da foto já SEIS faixas para automóveis.

Biomapping em Lisboa! Voluntários são bem-vindos!

MC, 10.12.08

aqui tinha falado do projecto Biomapping, que mede o nível emocional dos peões (em termos de stress, receio, prazer, alegria, etc...) consoante a sua situação na cidade. Agora esse mesmo projecto vai passar por Lisboa pela mão de Carsten Hogertz, um estudante de geografia da Universidade de Trier, sendo que eeste vai ser o seu trabalho final de curso.

 

A experiência é simples, trata-se apenas de fazer um percurso a pé com um localizador GPS e uma smartband, um sensor que mede as variações eléctricas na pele. Vão haver 3 sessões nos dias 12, 13 e 14 (quinta-feira a sábado), por volta das 19h00 a partir do Crew Hassan (R. Portas de Sto Antão, Restauradores). Dado que há um número limite de pessoas a poder participar em cada dia, pede-se que avisem o Carsten pelo endereço emolisboa@gmail.com. Se houver necessidade, pode repetir-se a coisa nos dias 19, 20 e 21.

 


Boa e mais-do-que-esperada (à luz destes dados noutros países) notícia sobre os radares em Lisboa: Menos mortos e feridos graves devido a radares em Lisboa. Apesar de o período de experiência ainda ser curto, mas as diminuições são altamente significativas, os feridos graves passaram de 66 para 19. Claro que há mais e melhores coisas para fazer, mas parece-me que a crítica de os radares serem inúteis por só controlarem um bocadinho das vias, cai por terra. Também importante é a mensagem que faz passar, de ser o princípio do fim da impunidade.

Farmácia Drive In

MC, 07.12.08

Finalmente tenho a fotografia da farmácia drive-in que existe ali para o lado de Cascais. Mais precisamente Birre, essa localidade onde praticamente não há passeios, apenas ruas de grandes moradias com os muros mesmo sobre o asfalto, e algum comércio à americana - edifícios isolados com parque de estacionamento à volta.

Um triste sinal de uma sociedade que deixa de funcionar em comunidade, onde as pessoas deixam de se cruzar umas com as outras, deixam de interagir, deixam de partilhar um espaço em comum.

 

Dê-me lá uma caixa de Prozac, que o cliente de trás já está a apitar...

 


Vídeo a ver, outra vez da StreetFilms: A cidade de Los Angeles, provavelmente a cidade mais carro-dependente do mundo, começa a perceber que só com menos carros é que se pode melhorar a qualidade de vida e diminuir o congestionamento. O vídeo mostra alterações nos cruzamentos que facilitam a vida aos peões, como por exemplo o Barnes Dance (situação em que está verde para todos os peões em todas as direcções, evitando o absurdo de se ter que esperar 3 vezes só para uma atravessar um cruzamento). É engraçado saber que este tipo de medidas já tinha existido nos anos 50, mas que entretanto tinha sido removido em prol do automóvel.

Uma tarde ao sol, junto ao rio... drive-in

MC, 07.12.08

A dependência física e emocional do automóvel não para de me espantar.

Na zona junto ao rio em Belém/Alcântara em Lisboa, sempre que há um belo dia de sol, há dezenas de exemplares desta gente que vêm de carro, estacionam em frente ao rio, ficam horas fechadas dentro da caixa metálica a ler ou a olhar para o boneco, e voltam para casa. Nada de um passeiozinho, de um café numa esplanada ou pura e simplesmente sentar-se do lado de fora do carro nos vários bancos que há por ali.

Só não devem jantar e ver televisão dentro do carro, porque o carro não cabe na sala.

 

Outra coisa que não compreendo, é o porquê de ser possível estacionar mesmo à beira do rio. Os carros estão por vezes tão próximos da beira, que é impossível passar a pé. Na foto dá para perceber que só passa ali uma pessoa de cada vez, em segurança. Quem quer passear junto ao rio, não pode!  Tem sempre os popós a tapar a vista.

 

Outras paranoias drive-in.

 


Vídeo a ver: uma acção de Park(ing) -  transformação de um lugar de estacionamento na rua num pequeno jardim que pode ser usufruido por todos, em vez de haver uma privatização do espaço público - que nos traz a StreetFilms.

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