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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

O rico de carro e o pobre de bicicleta

MC, 31.08.07
É muito curioso o valor, em termos de status social, que o andar de carro tem em Portugal. Todos conhecemos casos de pessoas em que o carro é um bem de ostentação, antes de ser um meio de transporte.
Os transportes públicos acabam por seguir o mesmo padrão. Em Lisboa houve em tempos uma publicidade a uma loja de electrodomésticos, com preços alegadamente muito baixos, que incluia alguns mupies com uma frase tipo "Eu é que não sou parvo. Andar de autocarro para poder comprar uma televisão".
Isto já para não falar na bicicleta, algo que se compra por uns míseros 50€ no hiper. (Já agora, aconselho a releitura deste post).

Ontem houve uma manifestação de enfermeiros de bicicleta, alegadamente porque "é o único meio de transporte que a situação precária que vivem lhes permite sustentar".

Como um gráfico vale mais do que mil palavras, cá fica a relação entre a riqueza per capita (em percentagem da média UE27 no eixo horizontal) e a percentagem de pessoas que usa a bicicleta como principal meio de transporte na UE (vertical), em cada um dos países da UE27 (cada ponto é um país).
 (Fonte: EuroBarómetro, EuroStat. Weighted Least Squares usando a população como peso.)

Imprensa

MC, 30.08.07
1.Interessante crónica de Serafim Duarte no JN:

Em 1909, Henry Ford implementou o trabalho em cadeia na produção dos seus Ford-T. Procurava-se diminuir tempo e custos de produção, tornando o automóvel um bem de consumo acessível a todos. De lá para cá, o automóvel impôs a sua tirania, criando dependências e gerando cada vez mais consumos de combustíveis fósseis. As nossas cidades tornaram-se imensos autódromos. As ruas foram literalmente tomadas pelos carros, remetendo os peões para espaços cada vez mais exíguos e precários, onde a circulação se processa sem segurança e bem-estar.

O sonho da posse individual de um automóvel virou infernal pesadelo. Não são apenas os acidentes de viação, os atropelamentos, mas também os efeitos nefastos da poluição rodoviária responsável pela emissão de mais de 40% de gases com efeito de estufa, principais causadores do aquecimento global planetário

 
2. Crónica de Sena Santos sobre o sucesso das bicicletas públicas de Paris (graças ao Hugo Jorge)

Paris excitada com o programa de bicicletas ao serviço do cidadão. "Dois milhões de alugueres em 39 dias com tempo execrável, é o êxito. Serviço lúdico torna-se meio de mobilidade alternativo ao car-ro e transporte público. O parisiense faz da da bicicleta veículo quotidiano. Há pontos de entrega de bicicletas todos os 300 a 500 metros. Ao café no bairro vizinho vou de bicicleta, e noutra para regressar. Muitos que se riam agora são utentes.

Chips nas matrículas

MC, 28.08.07
O governo está a considerar a hipótese da colocação de chips nas matrículas dos automóveis. Um pouco ao estilo da Via Verde, mas em todos os automóveis.
A ser concretizada esta medida resolveria inúmeros problemas de uma vez só. Maior facilidade de controlo de um automóvel em excesso de velocidade e contagem de tráfego nas SCUTs segundo a notícia, e eu acrescento acesso à Via Verde facilitado (e todas as vantagens em portagens, gasolineiras, estacionamento, etc...), a introdução de portagens nas cidades poderia ser feita quase sem custos, as eternas complicações no pagamento dos parquímetros (e a sua fiscalização) seriam facilmente resolvidas, estudos de trânsito mais fiáveis, semáforos inteligentes, etc...
Claro que se levanta a importante questão do direito à privacidade. Quanto a isso
1. Não vejo necessidade na manutenção de um registo detalhado.
2. A CNPD tem feito um bom trabalho no controlo de abusos contra a privacidade.
3. Se aceitamos que haja pequenas câmaras (bem mais intrusivas do que um simples registo numérico) nos Multibancos, nas lojas, nos centros comerciais, etc... contra a pequena criminalidade, não vejo como se poderia ser contra este controlo a um sector que mata dezenas de pessoas por semana, e causa graves lesões a outras tantas, em Portugal. A somar ainda os enormes custos de vigilância que normalmente se gastam com a polícia, a GNR, EMEL, DGV, etc.. que poderiam ser usados em algo bem melhor.

Bicicletada em Aveiro

MC, 28.08.07
Esta sexta há a primeira bicicletada de Aveiro, integrada no movimento mundial Massa Crítica. Um encontro de bicicletas (e não só) por uma mobilidade mais amiga das cidades, das pessoas e do ambiente.

Às 18h00 na Ponte-praça!


Como sempre, também haverá em Lisboa, Porto, e Coimbra, todas às 18h00:
Lisboa - Marquês de Pombal
Porto - Largo dos Leões
Coimbra - Largo da Portagem


Viana, Braga, Guimarães, Viseu, Figueira da Foz, Leiria, Santarém, Setúbal, Évora, Faro, etc... de que estão à espera??


Blogue não-oficial da Massa Crítica de Aveiro

Acalmia no trânsito I

MC, 24.08.07
Com a polémica dos radares em Lisboa a prolongar-se (ainda há muita gente que acha que uma cidade deve ser constituída de vias-rápidas em vez de ruas e avenidas) venho deixar uma sugestão aos nossos autarcas: lombas de forma sinusoidal como a da foto, muito comuns na Holanda em bairros residenciais.
lomba
Ao contrário das lombas que se vêem em Portugal, que apenas chateiam (e colocam em perigo as motas), estas obrigam mesmo um automóvel a reduzir a velocidade até uns 30km/h devido à sua forma. Acima desta velocidade o chassis ou o pára-choques bate mesmo no chão. É um modo barato, simples e eficaz de acalmar o trânsito em ruas secundárias com a vantagem de não prejudicar as motas e as bicicletas, e de facilitar a passagem de peões com pouca mobilidade por estar ao nível dos passeios.

Nota: bem sei que há lombas compridas em Portugal, mas são geralmente planas em cima, servindo apenas para chatear não para abrandar.

Presidente de Junta pelo encerramento ao trânsito dos bairros históricos

MC, 20.08.07
Texto publicado hoje no Público-Lisboa

Saúdo a possibilidade de fechar mais bairros ao tráfego mencionada no programa eleitoral sufragado no passado dia 15 de Julho. Não consigo compreender os cartazes afixados em alguns estabelecimentos da Rua dos Remédios, neste bairro, nos quais se pode ler: " A EMEL está a matar Alfama." A principal razão para a eventual redução do comércio no bairro é a sua inadaptação à realidade do turismo dos nossos dias. O condicionamento do trânsito constituí uma oportunidade para incrementar o comércio - sendo para isso necessário modernizar, divulgar a marca "Alfama" e adaptar-se aos clientes que antes chegavam de carro e que chegam hoje a pé. E nunca estagnar!
Destaco o caso do Bairro Alto, onde o condicionamento do trânsito permitiu acentuar a marca deste local como o bairro nocturno por excelência de Lisboa (o que é, no entanto, tão nefasto para a qualidade de vida de quem lá mora). Nas restantes capitais europeias o sistema de condicionamento do trânsito encontra-se complemente consolidado. Não compreendo ainda que a representante dos comerciantes de Alfama, que possui a dupla qualidade de comerciante e moradora considere por um lado, enquanto moradora, que a vida no bairro "se tornou perfeita" e, por outro, destaque a discriminação na entrada no bairro de grande empresas de distribuição - quando todos sabemos tratar-se de realidades diferentes. Hoje em dia não é o cliente que se tem de se aproximar do comerciante, mas o comerciante que tem de se aproximar de cada um dos seus clientes.
Tenho ouvido diversas pessoas dizerem que, caso se voltasse à situação anterior, saíriam do bairro. A vida dos que aqui vivem efectivamente melhorou! Apesar disso, existem melhorias a fazer: na fiscalização, na sinalização, mas acima de tudo na articulação com as juntas de freguesia. São elas que estão mais próximas do cidadãos e que podem ajudar a prestar um melhor serviço. O progressivo condicionamento do trânsito na zona histórica de Lisboa deve ser consolidado e melhorado. Os custos do seu abandono seriam demasiado elevados.

Filipe de Almeida Pontes
(presidente da Junta de Freguesia da Sé)
Lisboa

Trânsito: Maioria das vítimas mortais não cumpriu regras

MC, 19.08.07
Um terço dos passageiros vítimas mortais de acidentes de viação, em 2006, não usava cinto de segurança. Uma em cada três vítimas autopsiadas pelo Instituto Nacional de Medicina Legal apresentava taxas de alcoolemia acima do valor máximo permitido por lei, sinais de que alguns comportamentos de risco continuam a deixar marcas.
Diário Digital

E ainda se chama "caça à multa" a qualquer controle que a polícia faça.

Alguém me explica...

MC, 17.08.07
... porque é que havendo limite de velocidade em todas as estradas, os automóveis não são obrigados a vir de fábrica com um dispositivo que os impedisse de ultrapassar os 130 ou 140km/h? Há mil e uma normas (vários tipos de luzes, catalizador, cintos de segurança, etc...), porque não esta que seria a que mais vidas salvaria?

Por coincidência descobri que isto mesmo foi proposto por um deputado inglês, infelizmente o limite seria apenas os 160km/h... Mas já seria um começo. (via Agonie Automobile)

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