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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Fim da governação Carmona/Santana

MC, 17.05.07
Chegou entretanto ao fim o executivo camarário onde Santana e Carmona se foram alternando no poder. Ao longo destes 5 ou 6 anos pouco mudou na mobilidade de Lisboa, mas aqui deixo alguns pontos que me vêm à memória.
NEGATIVOS
  • Túnel do Marquês. Lisboa tem agora uma auto-estrada que acaba no centro da cidade, não podendo por isso haver maior convite à entrada de automóveis em Lisboa. Esta péssima decisão bate qualquer boa medida que a CML tenha adoptado a favor da mobilidade (excepto se tivesse introduzido portagens, o que contrariaria o convite ao transporte privado).
  • Bicicleta. Apesar de haver um aumento de lisboetas a deslocarem-se de bicicleta, esta foi totalmente negligenciada pela CML. Nem como complemento aos transportes públicos foi promovida (bastaria um parque de bicicletas à porta do Metro).
  • Remodelação da rede da Carris. Houve bairros que deixaram de ter cobertura a toda a hora, avenidas e ruas centrais onde a frequência dos autocarros foi significativamente reduzida, etc... (ver positivo)
  • Barreira na Avenida da  República. Poucos se lembraram disto, mas em plena cidade Lisboa, numa das suas principais avenidas, foram colocadas barreiras entre as faixas de rodagem. A desculpa foi a protecção dos peões que insistiam em atravessar a Avenida (mas que parvoíce! as avenidas não foram feitas para as pessoas atravessar!), mas ajudou à transformação da avenida na actual via-rápida.
  • Pouco. Descontando algumas melhorias no estacionamento (havia passeios que os peões não viam há décadas) fica a sensação de que muito pouco mudou em seis anos. E em seis anos pode-se fazer muito.

POSITIVOS
  • Fecho do Bairro Alto, Alfama e Sta Catarina ao trânsito de não-residentes. Os bairros tornaram-se mais calmos e agradáveis. Os residentes também estacionam agora mais facilmente. O caso do Bairro Alto foi um grande sucesso. Havia vários receios que o afastamento do automóvel reduziria o número de pessoas a frequentar o bairro, mas aconteceu exactamente o contrário, provando que até no país mais carro-dependente menos automóveis significa mais vida e mais pessoas.
  • Pilaretes. Foi mantida a política de colocação de pilaretes para melhor combater o estacionamento selvagem que impedia a circulação de peões (com especiais problemas para os deficientes, os idosos e os pais com carrinho de bebé).
  • Remodelação da rede da Carris. A rede que existia tinha sido desenhada há décadas, quando a cidade era completamente diferente. As pessoas, os empregos e o comércio deslocaram-se, a cidade cresceu, o metro cresceu, etc... (ver negativo)
  • Radares. Infelizmente ainda não operacionais devido a problemas legais, os radares serão um excelente dissuasor às perigosas velocidades praticadas em Lisboa. Em muitas cidades europeias leva-se multa acima dos 30, em Lisboa leva-se uma buzinadela abaixo dos 80.
  • EMEL. Reforço da actividade da EMEL que permitiu algum controlo do estacionamento selvagem, criando barreiras à entrada de veículos na cidade.
(Lista em aberto)

Acidentes rodoviários são a principal causa de morte de jovens a nível mundial

MC, 14.05.07
Notícia de 19.04.2007 da Lusa:

OMS: acidentes rodoviários são a principal causa de morte entre os dez e os 24 anos

Os acidentes rodoviários são a principal causa de morte dos dez aos 24 anos, matando anualmente cerca de 400 mil jovens em todo o mundo, segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado hoje.

Intitulado "Os Jovens e a Segurança Rodoviária", o relatório indica que é nos países menos desenvolvidos, e principalmente em África e no Médio Oriente, que a taxa de mortes por acidente é mais elevada.

Além dos milhares de jovens mortos anualmente, os acidentes rodoviários ferem ou incapacitam muitos outros milhões, estando os rapazes mais expostos do que as raparigas, na faixa etária até aos 25 anos

Meros danos colaterais...

(notícia descoberta no Apocalipse Motorizado)

Milagre de Fátima

MC, 13.05.07
- Fátima: Parques da cidade lotados desde as 07:00
- Fátima: Trânsito intenso e dificuldades já na A1, diz GNR
- GNR admite repensar acessos à cidade

Estes são alguns títulos de jornais a propósito das cerimónias em Fátima. Só fico espantado por serem notícia. Não será óbvio que é impossível ter centenas de milhares de pessoas a entrarem numa pequena cidade de automóvel?
Os meus favoritos são contudo estes:

- Trânsito bloqueado em Fátima: Estradas nacionais são solução
- Condutores e moradores revoltados com problemas de trânsito em Fátima

As estradas nacionais são solução? Importa-se de repetir?
Os condutores estão revoltados? Só se for com eles próprios!
Talvez um novo milagre resolva o problema. Como ateu convicto tenho uma solução mais simples e terrena: transportes públicos e restrições à entrada de automóveis. Mas isso em Portugal seria um sacrilégio.

"Elogio" do Wall Street Journal à Europa da bicicleta

MC, 12.05.07
Artigo interessante encontrado na mailing list da World CarFree Network.

Building a Better Bike Lane
Bike-friendly cities in Europe are launching a
new attack on car culture. Can the U.S. catch up?
By NANCY KEATES
May 4, 2007;

COPENHAGEN -- No one wears bike helmets here. They're afraid they'll mess up their hair. "I have a big head and I would look silly," Mayor Klaus Bondam says.

People bike while pregnant, carrying two cups of coffee, smoking, eating bananas. At the airport, there are parking spaces for bikes. In the emergency room at Frederiksberg Hospital on weekends, half the biking accidents are from people riding drunk. Doctors say the drunk riders tend to run into poles.
[Go to slideshow]
Click on the image to see different models of Dutch-style bikes and where to buy them.



Externalidades explicadas às crianças

MC, 11.05.07
Aparentemente a maioria das pessoas julga que esta gente da mobilidade sustentável e dos ambientalismos quer abolir o automóvel e meter todos a pedalar.
Nada de mais errado. Defendemos apenas que os transportes amigos do ambiente e das cidades sejam apoiados em detrimento do automóvel. Quem quiser usar o automóvel que o faça, mas tem que ter a noção que está a prejudicar os outros.

Uma questão simples para ilustrar a posição. Do ponto de vista meramente egoísta preferirias que
A. Todos usassem os transportes públicos, bicicleta ou andassem a pé (o que significa ausência de trânsito, menos poluição, menos ruído e ausência de automóveis nos passeios), sendo tu livre de escolher.
B. Todos usassem o automóvel (alfacinhas e tripeiros, é só pensar nos dias de greve... só que pior), sendo tu igualmente livre de escolher.

Calculadora de CO2 em bicicleta

MC, 11.05.07
A página espanhola Mejor Con Bici disponbiliza uma calculadora simples das emissões de C02 para um certo percurso. O meu percurso diário de bicicleta vale 0kg, de moto seria 1.2kg e de carro 2.1Kg.
A calculadora é mais uma brincadeira. Para ser mais preciso a bicicleta também emite alguma coisita devido à respiração (algo começado com 0,0...), mas os veículos emitem ainda mais do que anunciado no caso de percursos urbanos devido ao para-e-arranca e ao maior nível de emissões nos primeiros quilómetros. 

Carro-dependência sempre a crescer em Portugal

MC, 10.05.07
Notícia da Agência Financeira sobre um estudo da Marktest (não disponível online):

O número de portugueses que usam o automóvel diariamente, nas suas deslocações aumentou em 50 por cento, na última década.
Segundo os resultados do Consumidor, da Marktest são 3.900 mil os residentes no Continente com 15 e mais anos que dizem que usam o automóvel nas suas deslocações diárias, um número que corresponde a 46,9% do universo em estudo.
Desde 1996, este valor aumentou 50%. Naquele ano, o Consumidor indicava que 31,2% dos indivíduos utilizam automóvel diariamente, um número que passa para 46,9% em 2006.
(...)
A idade e a classe social também apresentam oscilações significativas, com 68,7% dos jovens entre os 25 e os 34 anos a afirmar usar diariamente o automóvel nas suas deslocações, um valor que baixa para os 15,9% junto dos idosos com mais de 64 anos. Na classe alta e média alta, são 67,6% os utilizadores diários destes veículos, face aos 24% da classe baixa.
Também entre os dois sexos se registam valores diferenciados, com a maioria, 57,2%, dos homens a usar automóvel nas deslocações diárias, face aos 37,6% das mulheres que também o faz.
Entre as regiões é onde se registam menores diferenças, com os valores a oscilar entre 51,3% no Litoral Norte e os 44,4% no Sul.

Acho que o dado mais preocupante é o valor dos jovens, onde é claro que a ostentação (ao bom estilo novo-rico)  tem um papel muito importante. Quem não se lembra da moda imbecil que havia há uns 3 anos, em que os meninos e meninas andavam com a chave do carro pendurada ao pescoço para mostrar que tinham carro da marca X. Um aluno meu chegou a dizer, meio a brincar, que era para arranjar gajas...

Estacionamento em LX: mais uma foto do CidadaniaLx

MC, 09.05.07
Foto roubada do Cidadania Lx (tirada na Av. Avenida Cor. Eduardo Galhardo, na Penha de França). Em frente à passadeira há uma esquadra de polícia.
Mais uma prova que as nossas cidades não são cidades paras as pessoas mas para os automóveis. Para quando uma revisão na Constituição estabelecendo o princípio do "um carro, um voto"?
(Mais uma vez recomendo este post)