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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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Limite de velocidade nas auto-estradas alemãs

MC, 18.03.07
A Alemanha é conhecida pela sua vasta rede de auto-estradas e por nelas historicamente não haver limite de velocidade (excepto com mau tempo). Felizmente a Alemanha também é dos países mais empenhados em questões ambientais e a situação pode estar perto de uma mudança. Tal como já escrevi aqui, os gases poluentes emitidos por um automóvel crescem brutalmente com a velocidade, ou seja a poluição emitida por um carro a 140km/h é muito maior do que um a 120.
Quem lançou o debate foi o comissário europeu para o ambiente, que apelidou a situação de "uso sem sentido de energia" que ainda por cima "prejudica o clima". Embora o ministro dos transportes alemães se mostre pouco interessado em mexer na vaca sagrada, uma sondagem recente mostra que 58% dos alemães é a favor de um limite de 130km/h.
Há esperança.

Imposto sobre o gasóleo harmonizado

MC, 13.03.07
A Comissão Europeia quer aumentar e harmonizar os impostos sobre o gasóleo (notícia EuroNews). O objectivo é acabar com o "turismo da estação de serviço" que neste momento tem duas graves consequências. Primeiro os estados com impostos mais altos sobre a poluição são prejudicados ao verem as receitas fugirem para os estados com uma política mais permissiva. Segundo há uma enormidade de quilómetros percorridos apenas com o objectivo de ir ao preço mais barato, aumentando a poluição atmosférica em vão.

Este é um problema que nos afecta directamente. Vale sempre a pena relembrar (tal como referi aqui) que Portugal não tem impostos sobre os combustíveis altos, mas é Espanha que os tem muito baixos.

Fertagus aumenta número de comboios na Ponte 25 de Abril

MC, 12.03.07
No DN de hoje:

A Fertagus vai aumentar, a partir de Abril, o número de comboios nas horas de ponta da parte da tarde, com a criação dos chamados comboios curtos com início em Corroios, em vez de Setúbal.
(...)
A intenção de aumentar a oferta justifica-se pelo facto de conjugar melhor os comboios da Fertagus com outros modos de transporte, como o metro, que serve as três principais estações da empresa em Lisboa - Roma, Entrecampos e Sete Rios.
Em 2006, a Fertagus transportou 21,4 milhões de passageiros, um acréscimo de 4% face a 2005. As perspectivas para este ano são optimistas, devido ao aumento de passageiros registado em Fevereiro, 6% face a igual mês de 2006.
Dados da Fertagus revelam que 30% dos passageiros utilizavam no passado a sua viatura para atravessar a ponte. Face a estes números, a ferroviária estima que o comboio tenha contribuído para retirar 21 mil veículos por dia do tabuleiro da ponte. No último inquérito de satisfação, realizado junto dos passageiros da Fertagus, 49% responderam que optaram por viajar de comboio porque têm menos stress, 34% responderam que assim têm mais tempo livre e 19% referiram que esta opção lhes dá maior flexibilidade. Apenas 6% disseram que optaram pelo comboio por uma questão de poupança.

Fica contudo pouco claro se os passageiros que saem depois de Corroios, serão muito prejudicados ou não.

Corredores BUS para o Porto

MC, 09.03.07
A oposição PS veio hoje propôr uma nova rede de corredores BUS para o Porto (notícia no DD). Além de duplicar o número de quilómetros (de 25 para 48) a proposta consagra duas ideias fundamentais.
Primeiro os corredores devem ser contínuos. Desconheço a situação na Invicta, mas em Lisboa há corredores BUS quase ridículos de algumas centenas de metros. Muitas vezes os motoristas (da Carris ou de taxis) nem os usam, porque acabam por perder mais tempo a voltar para as faixas "normais". Ao serem contínuos os autocarros conseguem efectivamente andar mais depressa do que o resto do trânsito.
Segundo deve haver uma lógica de rede: três corredores longitudinais (entre o Marquês e a Boavista, entre o Campo 24 de Agosto e S. Roque da Lameira e entre a Praça do Império e a Cordoaria pelo Campo Alegre) e dois localizados na entrada e saída na cidade a partir dos concelhos limítrofes, ligarão a Rotunda AEP à Casa da Música e a Areosa ao Marquês de Pombal. Isto permitiria criar corredores rápidos onde passaria grande parte dos autocarros, numa espécie de metro de superfície (como é feito com grande sucesso em Bogotá em Curitiba).
Se o actual executivo não aceitar a proposta resta esperar que as oposições não esqueçam as boas ideias quando sobem ao poder. Em Lisboa de promessas de melhores corredores BUS já estamos todos fartos.

Poluição mata Lisboa

MC, 09.03.07
Fonseca Ferreira (FF) não é um ambientalista louco e fundamentalista. É sim o presidente da CCDR de Lisboa, responsável pela coordenação do planeamento territorial dos concelhos de Lisboa e Vale do Tejo. Diz hoje no DN que a poluição mata a imagem de Lisboa e que há uma degradação do espaço público. Este é claramente um grave problema que há décadas tem sido voluntariamente ignorado em Lisboa (digo eu).
Alguns excertos da notícia:

"Lisboa está suja, desordenada, com estacionamento caótico e muito poluída." (FF)

"É bom que as pessoas saibam que, em Lisboa, 80 % da poluição medida tem origem nos combustíveis fósseis utilizados pelos automóveis. Apenas 20% da poluição é de origem industrial" (FF)

"Apenas se tem dito que não às portagens à entrada da cidade, mas não se apresentam alternativas. Enquanto isso, a situação da cidade vai piorando de dia para dia" (FF sobre Carmona Rodrigues)

"Mas Lisboa, sendo o 'coração' de toda esta região, não pode continuar a 'viver ou a sobreviver' se estiver doente. Quem é que vai querer investir numa cidade com estacionamento caótico? Ou quem é que quer visitar uma cidade cada vez mais suja e poluída?" (FF)

Peso do automóvel nas deslocações de pessoas

MC, 08.03.07
Mais uma estatística a atestar a nossa absurda dependência do automóvel. Retirada do Eurostat fica aqui o Top10 do peso do automóvel no transporte de pessoas na União Europeia em 2002, medido pela percentagem do total de quilómetros percorridos que são feitos de automóvel.

Reino Unido 88,1
Portugal 87,5
França 86,6
Holanda 86,4
Lituânia 86,3
Alemanha 85,5
Finlândia 84,1
Bélgica 83,3
Itália 83,2
Suécia 83

Um honroso segundo lugar! Lembrando - caso alguém esteja esquecido - que Portugal não é tão rico como os outros companheiros no topo da tabela (eu não daria grande credibilidade ao número da Lituânia porque, como se vê no link, não há um levantamento sistemático desta estatística) fica claro a nossa obsessão crónica pelo transporte individual.
Se olharmos para a evolução nos últimos 10 anos - e embora seja pouco correcto analisar crescimentos de percentagens - a situação de Portugal também é grave, ao ter o segundo maior crescimento. Claramente más notícias para a mobilidade sustentável.

Póvoa e Vila do Conde com uma única rede de transportes?

MC, 07.03.07
O PS da Póvoa de Varzim propôs hoje a criação de uma rede comum de transportes para a Póvoa de Varzim e Vila do Conde (cidades cujo tecido urbano com 150 mil pessoas está cada vez mais interligado). As razões são óbvias: as duas redes actuais são independentes e estão por isso viradas de costas uma para a outra. Segundo a notícia da Lusa «80% das deslocações destas 150 mil pessoas ocorrem dentro do eixo Póvoa/Vila do Conde». Além disso, e segundo o proponente, «a menos que usem meios de locomoção próprios, os residentes nas freguesias do litoral norte e do interior também não dispõem de qualquer interface devidamente articulado com o Metro do Porto».
Este é único caminho a seguir para todas as áreas urbanas do país. O que acontece na região de Lisboa é vergonhoso com dezenas de operadores de transportes (pelo menos um por concelho) sem qualquer interligação e quando esta existe sem harmonização dos horários. Desconheço a situação actual, mas ainda recentemente os horários de partidas dos autocarros em Sintra não coincidiam com o da chegada dos comboios, com óbvias desvantagens para todos. A somar está ainda o caos total em termos de bilhetes, com centenas de bilhetes e passes ao gosto de cada operador... e não ao gosto de cada utente.
Nada bate obviamente a CP que, apesar de ser uma empresa só, tem sub-sistemas com horários independentes e bilhetes independentes! Nos comboios suburbanos não se vendem bilhetes nem sequer há informação de horários dos comboios regionais/nacionais, e vice-versa!