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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Governo insiste nas portagens urbanas II

MC, 29.01.07
Como escrevi no post anterior a referência ao assunto das portagens urbanas tem pelo menos a vantagem de relembrar a questão. A Associação Nacional de Municípios já veio dizer que não há negociações em curso e Rui Rio veio mostrar a sua oposição.

Retirado do Diário Digital/Lusa:

Rui Rio descarta para já portagens à entrada das cidades
O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, afirmou hoje no Porto que não há condições para impor portagens à entrada das cidades em Portugal enquanto não existirem alternativas de transportes públicos de qualidade.

«Não podemos pôr o carro à frente dos bois e, portanto, uma solução dessas só é equacionável quando tivermos transportes públicos de qualidade», disse Rui Rio (...).

O autarca recordou, a propósito, que, no caso do Porto, já se discute há anos uma linha de metro para Gondomar, que vem sendo permanentemente adiada.

«Não vamos agora taxar os carros que vêm de Gondomar para o Porto, quando não há alternativas viáveis», acrescentou.


Lá está o argumento da qualidade dos transportes públicos! A frase final é também brilhante: não há metro, logo não se pode taxar os automóveis. E os autocarros? Não existem? Não são eles o transporte público mais importante, ao ponto de haver grandes cidade que resolveram o problema do trânsito sem uma única estação de Metro? Repito: enquanto o trânsito for tal que os autocarros andem a 10km/h, os transportes públicos nunca serão de qualidade. É uma pescadinha de rabo na boca!

Governo insiste nas portagens urbana

MC, 29.01.07
Segundo o Jornal de Negócios o secretário de Estado do Ambiente, em nome do Governo, «está disponível para reforçar o diálogo com a Associação Nacional de Municípios no sentido de promover a introdução de portagens nas cidades». Nota também o jornal que a decisão passa sempre pelos municípios, e não pelo Governo.

Já não é a primeira vez que se refere esta intenção deste e de outros governos - e chegou a haver candidatos autárquicos a admitir a hipótese. Embora julgue que a concretização não esteja próxima, é importante que esta necessidade seja constantemente badalada para lentamente desgastar as resistências. A crescente evidência das alterações climáticas também não deixará de preocupar os mais cépticos. A quem defende que primeiro se deverá melhorar os transportes públicos, eu lembro que é impossível os autocarros urbanos e suburbanos prestarem um bom serviço enquanto se mantiverem os nossos níveis de trânsito e enquanto um veículo com cinquenta pessoas tenha a mesma prioridade que outro com uma. Já agora, recomendo um vídeo mais a baixo.


Conduzir Mata

MC, 27.01.07
O Público de hoje cita um vasto estudo sobre o efeito da proximidade do trânsito no desenvolvimento dos pulmões das crianças. Os resultados são os que seriam de esperar, mas com a vantagem de ser um estudo ao longo do tempo (muito mais correcto e preciso do ponto de vista estatístico): défices respiratórios para os mais próximos das vias rodoviárias.

Já era tempo de a União Europeia obrigar os automóveis e os combustíveis a serem vendidos com avisos semelhantes ao do tabaco. A variedade da lista de possíveis avisos a incluir está garantida.

Pulmões das crianças que respiram a poluição do trânsito automóvel desenvolvem-se mal
Clara Barata

Estudo feito na Califórnia ao longo de 13 anos alerta para as origens de problemas respiratórios e cardíacos sentidos na idade adulta

As crianças que vivem perto de estradas com muito trânsito automóvel têm problemas de desenvolvimento nos pulmões, concluiu o maior e mais prolongado estudo deste tipo, publicado on-line esta semana pela revista médica The Lancet. E quanto mais próximo das estradas movimentadas as crianças vivem, mais pronunciados são os problemas, concluiu a equipa de James Gauderman, da Universidade da Carolina do Sul (EUA).
Durante 13 anos, os cientistas acompanharam 3600 crianças da Califórnia. Os efeitos da poluição automóvel são mais notórias nas que vivem a 500 metros de uma via rápida desde os dez anos: aos 18, tinham uma função respiratória significativamente mais reduzida do que os que viviam a 1500 metros daquelas vias.
"Uma pessoa que tenha défices na função respiratória em criança tem grandes probabilidades de ter pulmões menos saudáveis toda a vida", explicou James Gauderman, citado pela Reuters.
A função respiratória é medida com base na quantidade de ar que uma pessoa consegue exalar depois de ter inspirado profundamente, e na rapidez com que o consegue fazer.
Perceber os efeitos da poluição sobre os pulmões durante este período de desenvolvimento acelerado (entre os dez e os 18 anos) era o principal objectivo do estudo, explica um comunicado da The Lancet.
Outros trabalhos permitiram já concluir que a exposição à poluição do trânsito pode causar efeitos adversos sobre o sistema respiratório e cardiovascular e conduzir a doenças como a asma.
Mas faltavam dados para perceber se a poluição poderia afectar o desenvolvimento dos pulmões durante a adolescência. "Esta questão é importante por causa da relação já estabelecida entre a diminuição da função respiratória e os níveis de morbilidade e de mortalidade na idade adulta", adianta o comunicado da revista.

Pensar sobre o crescimento das cidades
"Em muitas áreas urbanas, o crescimento populacional está a levar à construção de habitações e escolas perto de estradas movimentadas. Reduzir a exposição a poluentes relacionados com o tráfego automóvel poderia conduzir a ganhos substanciais na saúde pública", aconselham os cientistas.
Num comentário que acompanha o artigo sobre a investigação, Thomas Sandström (Hospital Universitário de Umeå, na Suécia) e Bert Brunekreef (Universidade de Utrecht, Holanda) apontam no mesmo sentido: "Estes novos dados levam-nos a colocar importantes questões para a sociedade, sobre a estrutura do sistema de transportes, os motores, combustíveis, a combustão e as poeiras que se levantam por causa do trânsito nas áreas urbanas."

Transporte colectivo contra transporte privado

MC, 26.01.07

Este curto video foi apanhado no blog apocalipse motorizado. Mostra bem o quão irracional é apostar no transporte individual nas cidades, porque este é muito mais lento por ocupar tanto espaço.
Há muitos anos lembro-me de ter ouvido um responsável da Carris dizer que se toda a gente em Lisboa andasse de autocarro, não havendo portanto filas de trânsito, que os autocarros da Carris seriam mais do que suficientes para toda a gente, indo até apenas meio cheios, e cumpririam sempre os horários. Mas quando um veículo com 50 pessoas tem a mesma prioridade que um de 1 pessoa, ninguém se pode espantar.

Bicicletas em todos os comboios europeus

MC, 24.01.07
A União Europeia publicou uma directiva que obriga todos os operadores ferroviários, num prazo de 10 anos,  a autorizarem o transporte de bicicletas em todos os comboios. Para saber mais, vê no blog Vou de Bicicleta.

Isto é uma medida fundamental para a mobilidade a nível local, metropolitano, regional e até nacional. Nos países onde a bicicleta é um dos principais meios de transporte é muito comum haver bicicletas no metro, comboios locais e regionais. Ao ser aplicado em Lisboa, por exemplo, torna a bicicleta num transporte válido para a maioria da população. Morando e trabalhando a poucos quilómetros duma das linhas de comboio urbanas ou de metro, a bicicleta é o meio ideal para as ligações que faltam.

Nota: por serem consideradas bagagem normal, as bicicletas dobráveis (como por exemplo estas em cenasapedal.com) podem actualmente ser transportadas em qualquer transporte público.

Movimento dos Sem-Carta

MC, 22.01.07
Interessante crónica de Miguel Carvalho no Visão Online, onde propõe meio a brincar a criação do Movimento dos Sem-Carta. Isto porque os sem-carta não provocam trânsito, não poluem, e assim até reduzem os custos hospitalares, dão vida às cidades, apoiam o comércio tradicional, e outras tantas vantagens. Conclui ele que mereceriam um desconto nos impostos.

E pergunto eu, porque não? Se bem que pessoalmente dar-me-ia mais jeito que o desconto fosse para os sem-carro e não para os sem-carta...

Cá fica um cheirinho:

Não gosto de automóveis.
Gosto de boleias, mas não gosto de automóveis.
Não tenho carta e nunca pensei em tirar. As filas dão-me cabo dos nervos. Sobretudo, quando viajo de autocarro. Se houvesse menos carros, mais rapidamente a arraia-miúda, na qual me incluo, chegava cedo a casa.

Schritttempo

MC, 20.01.07
Nos países mais desenvolvidos da Europa a velocidade do trânsito está limitada a 30km/h na maioria das ruas das zonas residênciais. Apenas nas ruas principais os 50 são permitidos. Tornam-se os bairros mais calmos - por se afastar o trânsito - e mais seguros para os peões, especialmente as crianças - por se reduzir a velocidade. A Alemanha, que provavelmente nem estará só, vai mais longe e obriga os carros a circular em "Schritttempo" em algumas zonas. Schritttempo significa literalmente "ritmo de passo", ou seja à velocidade dos peões.

Não tenho a certeza, mas julgo ter ouvido recentemente que Portugal era o único país da União Europeia a 15 onde não havia zonas com o limite dos 30km/h. Aliás em Portugal ainda se fica espantado por a Câmara de Lisboa colocar radares para controlar a velocidade acima dos 50km/h, havendo muitos que lhe chamam uma "caça à multa". Radares estes que no espaço de um mês apanharam mais de 71 mil automóveis em excesso de velocidade, alguns acima de 200km/h. Haverá melhor prova que em Portugal, comparando com o resto da Europa, o carro é rei e senhor?


Este post vem a propósito de uma boa notícia publicada no DN, sob o título "Experiência alemã avança em pracetas da Amadora". A Câmara da Amadora vai limitar a velocidade a 30km/h em algumas pracetas por razões de segurança e tranquilidade. Não se trata de schritttempo, nem se alarga a bairros inteiros, mas é uma excelente novidade para Portugal. Fica apenas a dúvida: a experiência alemã a que a notícia se refere passou-se nos anos 70 ou foi uma experiência de aumento do trânsito?

Onde está o passeio nas Picoas? II

MC, 19.01.07
Antes do meu post sobre a ausência de passeios na zona de Picoas que obriga os peões a caminharem pela rua, escrevi uma carta à Câmara e à Junta de Freguesia alertando para o problema. O Presidente da Junta foi rápido em responder à minha carta! Embora a sua versão do problema seja um pouco mais soft (e com alguns erros) ele reconhece a grave falha, menciona uma conversa com os técnicos da freguesia, e promete contactar os serviços municipais para a resolução. Os meus parabéns!

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