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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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Utilizador Pagador ou Os 1315€ Que Me Roubaram

MC, 19.03.07
Há um princípio fundamental em economia (infelizmente maltratado) chamado utilizador-pagador ", que ganha o nome de poluidor-pagador " quando o aspecto central do utilizador é o facto de ele poluir.  A ideia central é que o preço de um serviço/bem a ser usado/comprado deve espelhar o custo total desse serviço/bem. Assim ao optar entre diferentes alternativas o utilizador vai ter em conta não apenas as vantagens que cada uma traz, mas também os custos para a sociedade de cada uma. Não faz sentido uma televisão ser tão barata como uma maçã, porque a produção da primeira acarreta obviamente mais custos. Se houver dois modos de produzir o mesmo produto, e imaginando que a única diferença é um dos modos ser amigo do ambiente e o outro poluidor, então o produto produzido através do método mais verde deve ser mais barato para que os consumidores tomem a decisão mais correcta para a sociedade.
Como é óbvio este princípio não se tem aplicado em plenitude no caso dos transportes. Por um lado é verdade que o transporte rodoviário privado para lá do seu custo (preço do automóvel e combustíveis) é altamente taxado (imposto automóvel, impostos sobre combustíveis, portagens, etc...) comparado com os transportes públicos (subsídios do estado) e as bicicletas (apenas se paga a bicicleta). Mas por outro é claro que esta taxação não é suficiente para cobrir todos os custos que a sociedade têm devido à utilização do automóvel: ambiente, construção e manutenção de estradas, fiscalização do trânsito, vítimas de acidentes, doenças causadas pela poluição, stress, ocupação do espaço urbano, instituições como os tribunais e a DGV para regular o trânsito, o sistema de seguros, o sistema de inspecções obrigatórias, etc...
Esta conversa toda vem a propósito dum relatório da Agência Europeia do Ambiente sobre os subsídios a cada tipo de transporte (notícia no DD). Segundo a notícia «"o transporte rodoviário - o principal contribuidor para os problemas ambientais dentro do sector dos transportes -" é o principal beneficiado pelos subsídios, destaca o documento». O transporte rodoviário recebe a nível europeu 125 mil milhões de euros por ano dos estados, ou 253€ de cada europeu. O mais escandaloso é que os custos que não são pagos pelos utilizadores em particular, mas pagos por todos, ascendem a 650 mil milhões de euros! Ou seja 1315€ por cada um de nós!! Assim dificilmente caminharemos para uma mobilidade sustentável.

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