A linha do Tua e o caciquismo
O deputado socialista eleito por Bragança, Mota Andrade, continua a mostrar a saudável noção de realidade pela qual muitos deputados são conhecidos. A sua fidelidade é com as grandes orientações do grão-mestre e secretário geral do seu partido e, porque não, com o grande empresário e gestor António Mexia da EDP. Os interesses das gentes do seu concelho ficam bem entregues, portanto.
Gosto especialmente das seguintes deixas; mesmo que ele não o saiba, são todo um programa político:
- A ferrovia não pode servir para transportar duas pessoas e transportar um cabaz de laranjas por dia, tem de haver pessoas e mercadorias
- a região necessita é de uma boa rodovia
- não se pode discutir, não se podem investir milhões de euros para transportar uma ou duas pessoas
Com amigos destes, Trás-os-Montes não precisa de inimigos.
A ler: a crónica de José Ferraz Alves, numa visita in situ à linha do Tua e a desconstrução das declarações de Mota Andrade por Daniel Conde, do movimento cívico pela Linha do Tua. É sabido que muito do capital paisagístico que Portugal tem será um dos factores chaves no seu desenvolvimento. Temos que deixar o nosso património cultural e natural cantar. A indústria do turismo crescerá cada vez mais. Desprezar o potencial de transporte de mercadorias até Bragança e quiçá Espanha e o potencial turístico da linha do Tua é uma aposta errada. Ainda para mais quando se pretende defender o seu desaparecimento com a criação de uma barragem injustificável.