A energia e os transportes em Portugal
Um colega brasileiro, numas postas atrás, comentava com espanto e curiosidade sobre a matriz energética portuguesa. Para quem não está enquadrado com o panorama nacional, é uma dúvida legítima. Mal sabe o Rogério que uma das principais riquezas do país são as nossas contradições.
O que assusta nos anúncios do governo sobre os benefícios concedidos não é a demagogia, o tom messiânico e o habitual sentido de progresso com que eles vêm engalanados. O que se exigia seria informação correcta sobre esse futuro auspicioso. E os limites à substituição do parque automóvel nacional, totalmente dependente de combustíveis fósseis por um parque automóvel eléctrico são bem concretos.
Isto porque a componente eléctrica da nossa matriz energética, apesar da forte aposta nacional em energias renováveis (eólica, solar, biomassa e as desvantagens da hidríca) não tem muito mais por onde crescer de forma sustentada e não é suficiente, a longo prazo, para permitir uma mudança de paradigma; não é possível substituir o parque automóvel actual, totalmente dependente de combustíveis fósseis, para um parque automóvel eléctrico. Não só isso, mas mesmo que a percentagem de automóveis eléctricos cresça, eles nunca serão verdes: além dos recursos gastos na sua manufactura, além do espaço público exigido pela sua utilização, apenas um em três carregamentos das baterias é que seria proveniente de fontes renováveis.
Resumindo, em Portugal é bastante possível e até aconselhável sermos mais eficientes no sector dos transportes sem adoptarmos necessariamente o automóvel eléctrico.