O automóvel é o meio de transporte urbano mais estúpido que existe II
É comum pensar-se que o automóvel é o meio de transporte que possibilita o transporte mais rápido de pessoas na cidade. Nada poderia estar mais longe da verdade!
Esqueçam (por enquanto) os cruzamentos - que só ajudariam a contrariar este mito urbano - e pensem numa rua de 1km, com 2 faixas, ao longo da qual queremos transportar mil pessoas. Se fossem de carro, com a ocupação média de 1,3 ou 1,4 passageiros por carro, os primeiros demorariam 1 minuto a chegar ao fim da rua, mas porque a rua tem uma capacidade limitada de tráfego (1000 passageiros por hora, por faixa), só 30 minutos depois é que chegariam os últimos. 31 minutos!
A pé, os primeiros demorariam 10 minutos, e 1,5 minutos teriam todos passado. 11,5 minutos.
De bicicleta, 3 minutos para a viagem a direito e 3 para que passassem todos. 6 minutos
Mota não está incluída na tabela, mas eu diria 1minuto + 5 minutos, já que as motas ocupam mais espaço que as bicicletas. 6 minutos
Autocarro, 1 + 2 = 3 minutos, ou 1+1=2 no caso de autocarros expresso.
Eléctricos grandes, 2 + 1 = 3 minutos.
Metro, 1 + 0,5 = 1,5 minutos
Só com 6 faixas é que o automóvel seria tão rápido como os peões. Com 1 faixas apenas, só a partir dos 6 ou 7km é que o automóvel seria mais rápido que o peão. E nem estou a pensar no estacionamento! Claro que nos transportes também ainda haveria que esperar que as pessoas entrassem e saíssem, mas de automóvel teriam que sair do estacionamento, e estacionarem todos depois. Só mesmo os peões é que se safariam com esta tarefa extra.
A coisa torna-se absurda quando quem usa o transporte mais ineficiente, condiciona à força todas as restantes pessoas a sofrerem também as desvantagens da sua escolha.
A mesma ideia em video. Nos segundos finais deste vídeo contem quantas motas passaram no início e quantos carros conseguiriam passar depois.
A ler n'Os Verdes em Lisboa: as trocas e baldrocas dos diferentes tipos de bilhete de transportes públicos em Lisboa, continuam a prejudicar e a atrapalhar quem anda de transportes.
Há que reconhecer que a situação está hoje muito melhor, mas na Holanda resolveram o problema há décadas com uma tecnologia chamada papel.