Maioria silenciosa*
*sem conotações políticas
(Post inicialmente publicado aqui sobre Lisboa, mas que se aplica a todas as cidades e a todo o país).
Os telejornais dão destaque, os jornais fazem reportagens, os rádios fóruns de discussão, realizam-se estudos técnicos e contra-estudos, os responsáveis autárquicos fazem reuniões e contra-reuniões, a AML faz-se ouvir, os presidentes da junta põem-se em bicos dos pés, os ânimos exaltam-se, a blogosfera (incluindo este blogue) agita-se, qualquer zé-ninguém tem uma opinião fundamentada, a "sociedade civil" faz petições e marchas lentas, gastam-se milhões de euros e horas a discutir qualquer minudência relacionada com o trânsito (e o estacionamento) do automóvel privado.
E não me refiro apenas à presente situação, onde a CML gastou uma bela quantia em publicidade, e tivemos vereadores na rua a distribuir panfletos. Refiro-me a sempre.
Mas senhores, estamos a falar duma cidade onde mais de dois terços da população nem carro tem. Desses ninguém fala nem quer saber. Na segunda-feira as televisões entrevistavam os automobilistas... e o resto? Será que a restante maioria nada tem a dizer sobre a alteração de segunda-feira? Consta que algumas carreiras de autocarro andaram mais rápido, que o centro histórico estava mais calmo e agradável para peões, consumidores, trabalhadores e moradores. Mas "consta" apenas, os órgãos de comunicação social nada dizem, e "estudos" nem vê-los.
A ler, outros posts meus sobre Lisboa no CidadaniaLx, mas que também se aplicam a outras cidades. Não são posts sobre estacionamento no passeio ou outros detalhes, são mesmo sobre o modo absurdo como a cidade é pensada.
Insólitos Lx, tudo pode acontecer I - quando a própria polícia não percebe por que razão haveria de aplicar as leis
Insólitos Lx, tudo pode acontecer II - estacionamento na praça central
Insólitos Lx, tudo pode acontecer III - o espaço urbano é do automóvel, mesmo no centro
Insólitos Lx, tudo pode acontecer IV - o espaço urbano é do automóvel, mesmo quando é escasso e não há automóveis