Carros e Eficiência Energética
Há umas semanas num seminário no Técnico sobre o Pico do Petróleo organizado pela ASPO-Portugal, James Howard Kunstler (autor de O Fim do Petróleo e o documetário The End of Suburbia) caracterizava muito bem a actual obsessão por carros movidos a electricidade, hidrogénio, ar comprimido, óleo fula, etc. Dizia ele que, quem está preocupado sobre como vamos andar de carro já nas próximas décadas devido à queda da produção do petróleo, não está a perceber o que se está a passar. A questão imediata é como é que a sociedade vai funcionar sem carros (ou com muito poucos).
Os combustíveis fósseis (petróleo, gás, carvão) são ainda hoje a principal fonte de energia, mas todos eles são finitos. A época da energia barata acabou logo não vale muito a pena pensarmos em carros movidos a outras formas de energia - é que há ainda confusão na cabeça de muita gente sobre o hidrogénio, a electricidade e o ar comprimido, nenhum deles é uma fonte primária de energia, têm sempre que ser produzidos. E o problema é que o carro é de longe o meio de transporte mais ineficiente em termos de energia.
Numa apresentação mais técnica, Luís de Sousa respondia de certa maneira à pergunta que eu tinha levantado aqui para o primeiro-ministro, de onde viria a electricidade toda para os carros eléctricos que ele anda a financiar. Estima ele que seria necessário construir 90 centrais nucleares, ou 46 000 turbinas eólicas, ou 3 000km2 de painéis solares, todos os anos para podermos apenas manter o actual consumo energético per capita.
A solução para o futuro próximo parece-me óbvia, deixar de financiar carros eléctricos e passar a financiar meios de transportes energeticamente eficientes.
A ler: a importância económica de impostos mais altos sobre os combustíveis explicado a leigos em economia, por Greg Mankiw.