Porque razão os peões deve(ria)m desrespeitar as regras VIII
As nossas cidades são em muitos casos pedaços de bairros rodeados por vias-rápidas, em vez de um contínuo urbano. Para o peão ir ao vizinho da frente resta-lhe a possibilidade de usar estas horrendas passagens aéreas... É preciso caminhar até elas (normalmente só há uma de km a km) e atravessá-las, o que pode ser bem chato como se vê acima. O que seria feito num minuto numa cidade humana, demora um quarto de hora com estes "amigos do fluxo automóvel". As vias-rápidas (desde "avenidas" a auto-estradas mesmo) acabam por servir assim de barreira à coesão social e urbana da cidade, tornando-a mais desumana.
Estas passagens são mais um exemplo de como o peão é totalmente desprezado em nome da circulação automóvel. Ironicamente, e como sempre, não é quem está na origem do conflito de espaço que é sacrificado e forçado a respeitar os outros, é o peão que não causa congestionamento nem necessita de grandes viadutos que se lixa.
O caso da fotografia é particularmente aberrante, porque está numa zona cheia de enormes viadutos, mas não parece ter havido um milésimo dos fundos necessários a essas obras, para aqui criar uma solução mais amiga do peão.
Pior, a passagem aérea não atravessa uma auto-estrada, atravessa uma estrada a 100m de uma rotunda (a foto é tirada da rotunda). Ou seja as velocidades ali não são altas. Porque não criar umas lombas e uma passadeira? Por que é que o peão é forçado a dar aquela volta toda, em vez de ser o trânsito a parar por 10 segundos?
Eu ali não teria dúvidas... era atravessar a direito.
Eu não dou grande significado a estatísticas isoladas de uma medição mensal, logo com pouca significância estatística, mas aparentemente a circulação automóvel já se está a reduzir. O JNegócios diz que em Junho houve menos 60 mil carros a entrar em Lisboa.