A Janela da Vizinha
Viver numa rua movimentada é estar condenado a sermos constantemente, 24h sobre 24h, a ser incomodados em casa sem o pedirmos. Um forte zumbido constante apimentado com agradáveis e frequentes buzinadelas (proibidas mas nunca penalizadas) e para os mais sortudos com uma buzinadela contínua de 5 minutos, quando alguém estacionou em segunda fila. É termos que aturar um barulho tremendo que não nos deixa descansar, ver a televisão sossegados e que causa em muitos problemas de concentração e ansiedade. A minha vizinha de baixo não se quis sujeitar a isto e teve que pagar 1400 euros para isolar minimamente o som com janelas duplas... apenas 3 salários mínimos. Agora multipliquem isto por todas as casas em todas as ruas movimentadas do país.
Estamos perante um caso em que a vítima é claramente quem acarreta com todas as consequências de um acto provocado por um anónimo, que passa totalmente incólume. É como ser obrigado a insonorizar a casa porque o vizinho organiza concertos às 3 da manhã, pagar o arranjo do nosso carro quando estávamos parados e levámos com um outro em cima.
E aqui fica mais uma razão para portagens urbanas e parquímetros. Porque convidam a não usar o carro na cidade e permitem ao mesmo tempo que quem sofre seja indirectamente compensada, porque a câmara pode baixar outros impostos.
Notícia recomendada: a UE quer forçar a publicidade automóvel a ser mais explícita na informação sobre o consumo e as emissões de cada automóvel, e a usar slogans menos agressivos. Os Friends of the Earth alertam que desde 1999 que há uma directiva europeia que obriga a que esta informação esteja bem explícita (uma recomendação de 2007 aponta para 20% do espaço do anúncio), mas a indústria automóvel voltou a desrespeitar mais esta norma. Esta associação tem uma campanha para denunciar este incumprimento (tendo já conseguido uma condenação na Bélgica), apelando a todos europeus que lhes enviem anúncios onde isto aconteça.