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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

O planeamento urbano centrado no automóvel causa sedentarismo e obesidade

MC, 27.07.17

O sedentarismo é provavelmente o maior problema de saúde pública mundial neste momento, responsável por mais de 5 milhões de mortes por ano.
Um estudo inovador publicado na Nature, teve acesso ao número de passos dados no dia-a-dia, registado por 700 mil smartphones em todo o mundo. O estudo mostra que a obseidade está fortemente relacionada com estes dados.Mostra ainda que quanto mais uma cidade for feita e pensar nas pessoas em detrimento do automóvel (mais "walkable"), menos obesidade há. E isto acontece para todas as idades, géneros, níveis de rendimento, etc.
No gráfico vemos que a "activity inequality" (associada à obesidade), tem um agravamento de 40% devido apenas à qualidade do espaço urbano.

Ter cidades mais amigas dos peões, com passeios mais largos, com menos esperas nos semáforos, sem pontes e túneis pedonais, sem vias-rápidas no centro da cidade, com travessias mais seguras para os vulneráveis, sem estacionamento (legal ou ilegal) a dificultar a circulação pedonal, etc. é um dever de saúde pública.

In more walkable cities, activity is greater throughout the day and throughout the week, across age, gender, and body mass index (BMI) groups, with the greatest increases in activity found for females. Our findings have implications for global public health policy and urban planning and highlight the role of activity inequality and the built environment in improving physical activity and health.

http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature23018.html#sf9-inarticle

 

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Tram-trains

MC, 09.01.10

O tram-train é um comboio que é eléctrico (trem que é bonde em brasileiro) e um eléctrico que é comboio. É um veículo que está preparado para funcionar tanto a velocidades altas e poucas paragens como a velocidades baixas e muitas paragens. Muito mais importante ainda é  circularem nos dois sistemas diferentes, dentro e fora da cidade, que usam sistemas de alimentação eléctricos diferentes (voltagem, etc.). Pensem nos cabos que há nas linhas da CP e nos cabos dos eléctricos/trolleys citadinos e só daí perceberam a diferença.

O tram-train nasceu nos anos 80 em Karlsruhe, quando a cidade se apercebeu dum problema que estava a afastar muita gente dos transportes públicos: quem morava fora da cidade podia chegar facilmente à cidade de comboio, mas o comboio não os deixava onde queriam. Para a maioria era necessário mudar para o eléctrico (o que implica desconforto, mais uma espera, mais um horário a saber, mais incerteza no tempo de viagem, etc.) para chegarem ao destino final. A solução passaria por ter um comboio que vinha de longe e entraria pela cidade dentro (aqui fica a minha dedicatória a quem acha irrelevante o facto de as principais estações de Lisboa, Porto e Coimbra estarem longe do centro, porque "têm boas ligações"). Com um pouco de imaginação de engenheiro, o sistema híbrido foi criado e inaugurado em 1991. A solução foi um sucesso, tendo sido alargado a outras linhas de Karlsruhe e a várias cidades por todo o mundo.

 

Esta semana há notícias da chegada de um tram-train ao Porto, na linha da Póvoa. Não é exactamente um tram-train no verdadeiro sentido da palavra, mas um eléctrico que está preparado a atingir grandes velocidades (100km/h) quando circula nas linhas sub-urbanas. Tem ainda a capacidade de devolver à rede eléctrica a energia cinética (energia do movimento) quando trava, poupando assim até 30% do consumo.

 


A ler o artigo Do Cars Cause 100.000 US Deaths a Year no blog do Carbusters, onde se mostra que os homicidios ligados à sinistralidade automóvel são apenas uma parte do grave problema de saúde pública que é a ditadura automóvel.

A poluição sonora automóvel mata

MC, 08.10.09

Esta notícia não merece ser atirada para o rodapé.


A recent Swedish study of 30,000 people in the province of Skåne has confirmed what many other studies have suggested. That the noise generated by traffic causes higher blood pressure and increases the risk of heart disease, strokes and blood clots.

"We have determined that at noise levels over 60 decibels there is a connection between high blood pressure in the young and the middle-aged and that it's an important risk factor in relation to heart disease and strokes"
, says Theo Bodin from the University Hospital in Lund.

 

Quem já passou por Amesterdão e Copenhaga, sabe bem como uma cidade pode ser tão diferente de Lisboa, Porto, Braga, etc. As cidades podem exister sem ruído.

 


Num documento da FPCUB como o Nuno Xavier - um leitor do Menos Um Carro - largou totalmente o automóvel e se tornou num ciclista urbano 100% convencido, via Vou de Bicicleta.

A poluição automóvel e a saúde de crianças e idosos

MC, 09.07.09

Notícia do DN já com um mês (versão completa aqui):

 

Urgências enchem-se de crianças com picos de poluição

 

(...)

Os picos de poluição em Lisboa fazem disparar o número de crianças com problemas respiratórios e também aumentar o risco de mortalidade, sobretudo na população idosa. É no eixo central da cidade, que corre do Lumiar para o castelo, que se incluem as zonas mais poluídas e o tráfego automóvel demonstrou ser o factor mais importante para a concentração excessiva de partículas no ar que os lisboetas respiram.

(...)

Os dados mostram, pela primeira vez, que, na sequência de picos de poluição (três a cinco dias depois), a afluência às urgências pediátricas do Hospital D. Estefânia por infecções respiratórias tem um aumento significativo. Isto, apesar de, habitualmente, estas doenças já representarem um terço dos atendimentos na unidade, sobretudo por infecções agudas, asma e pneumonia.

(...)

A equipa avaliou todas as faixas etárias e concluiu que há uma subida do risco de morte em 0,66% com um ligeiro aumento da poluição, que se situa em dez microgramas por metro cúbico (um micrograma é a milésima parte do miligrama). Mas para a população idosa, com mais de 75 anos, "esse risco é aumentado, sobretudo para as pessoas que sofrem de doenças respiratórias e do aparelho circulatório", explica.

(...)

"Lisboa tem em algumas zonas concentrações de partículas no ar muito acima dos valores-limite estabelecidos pela UE, com base nas recomendações da Organização Mundial de Saúde, e por isso decidimos fazer um estudo que caracterizasse essa poluição", conta Francisco Ferreira.

(...)

De acordo com a directiva europeia para a qualidade do ar, a concentração de partículas PM10, por exemplo, não pode ser superior a 50 microgramas por metro cúbico em mais de 35 dias ao longo do ano. Mas, à excepção de 2002, Lisboa tem excedido todos os anos esse limite.

 

Por curiosidade, segundo o qualar.org, hoje às 13h (uma hora com pouco trânsito, num dia em que já há muita gente de férias, num dia algo ventoso 30km/h segundo o Yahoo Weather) havia 43µg/m3 na "avenida" da Liberdade... pouco abaixo dos 50 máximos.

 


A ler, com especial dedicação ao Paulo Lourenço do JN: In Amsterdam, more trips now by bike than by car

Pequenos "efeitos colaterais" da ditadura do automóvel X

MC, 04.03.08
Noise from rail and road transport is linked to 50,000 fatal heart attacks every year and 200,000 cases of cardio-vascular disease in the EU, de acordo com um estudo da European Federation for Transport & Environment.
Uns 135 mortos por dia apenas devido ao ruído dos transportes!

The study estimates that the full costs to society, including costs to health services, of traffic noise pollution are at least EUR 40 billion per year.

Children exposed to high levels of traffic noise have been shown to suffer from difficulty concentrating; difficulty sustaining attention; difficulty remembering complex issues and poorer reading and general school performance. Costs to business include sick days and lower productivity of staff.

Obesidade infantil

MC, 21.02.08
Ainda ontem a RTP transmitiu um programa sobre esse grave problema de saúde pública nos países ricos que é a obesidade infantil. E por coincidência O Xiclista tinha há dias uma tabela sobre esta doença nos vários países europeus:

Os países que mais associamos às bicicletas (Holanda, Dinamarca e Alemanha) estão os três no fundo. Portugal parece ser o primeiro em obesidade (barra escura), e está acompanhado pelos seus vizinhos mediterrânicos e "bicicletofóbicos" em termos de peso excessivo. Nem a dieta mediterrânica nos safa.
Claro que correlação não é causa, e a alimentação e o desporto escolar também contam (a correlação será bem mais baixa de certeza). E claro que andar de carro não implica ser obeso. Julgo que a situação é ainda pior, é toda a cultura de sedentarismo e comodismo que lhe está associada que é ali reflectida na tabela.

Cada condutor inglês custa 512€ em saúde em comparação com um ciclista

MC, 22.01.08
Ora aqui está mais um número a provar os enormes custos que a ditadura do automóvel traz à sociedade. Um estudo da Cycling England, uma organização semi-governamental, indica que por cada automobilista que deixe o automóvel e passe a usar a bicicleta há uma poupança de 382 libras em custos de saúde.
Lembre-se disso da próxima vez que pensar que os impostos sobre os combustíveis são altos.

Pequenos "efeitos colaterais" da ditadura do automóvel VI

MC, 27.12.07
Porque será que muitos dos principais problemas de saúde no mundo ocidental, como hipertensão, diabetes, colesterol, enfartes, doenças vasculares, etc... têm como uma das causas o sedentarismo?
Ou por outras palavras, como se pode ser minimamente saudável quando o maior exercício físico que se faz no dia-a-dia é caminhar da porta do prédio até ao automóvel (o que já será um desporto radical para quem tem garagem)?


Roubado do Carectomy