Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Carros elétricos, multas, capacetes, economia e faixas BUS

MC, 14.08.10

O Liberation levanta várias dúvidas sobre os benefícios do carro elétrico, a propósito do Salão Automóvel de Francoforte. As emissões de CO2 são semelhantes ao carro com motor de combustão (dado o mix energético europeu), as baterias são muito caras, e há falta de matéria prima para as produzir.

 

Na Suiça, onde as multas de trânsito dependem da riqueza de cada um, há quem corra o risco de pagar 800 mil euros por excesso de velocidade.

 

O Ma Fyn Bach apanhou um artigo científico de saúde pública, onde se defende que as desvantagens do uso do capacete na bicicleta são 20 vezes piores que os benefícios. A ideia já a mencionei, obrigar ao uso do capacete passa a ideia que a bicicleta é perigosa, desincentivando fortemente o seu uso e os seus benefícios para a saúde pública.

 

O Greg Mankiw recomenda um artigo de Holman Jenkins onde se explica porque é que o aumento dos combustíveis é uma medida mais sensata e eficaz do que regulamentar a eficiência ambiental do automóvel.

 

Petição a assinar: Aumento de corredores BUS em Lisboa

Ciclovias? Capacetes? Para quê?

MC, 02.09.09

Nasceu no blogue Klepsydra uma enorme e interessantíssima discussão sobre capacetes, ciclovias, assimetrias legais entre transportes suaves e automóveis, etc.

Quem aborda pelas primeiras vezes a questão da segurança dos ciclistas, acha normalmente que os capacetes e as ciclovias são soluções maravilhosas e consensuais. Contudo como já disse aqui, os cicloactivistas mais experimentados e informados são na maioria das vezes contra as ciclovias e a obrigação do uso de capacetes. Um blogue espanhol dizia até que as ciclovias são o ópio dos ciclistas. Deixo aqui algumas frases soltas dessa discussão roubadas ao Mário Alves, especialista e consultor em mobilidade com destaque para a mobilidade suave.

 

Na última década, quem trabalha nestes assuntos no resto da Europa, tem vindo progressivamente a abandonar a obsessão de segregar [separar dos automóveis] a bicicleta.


Porque é que será que países que têm metas de segurança rodoviária mais rigorosas que as nossas, nunca adoptaram a obrigatoriedade do uso do capacete? Porque fizeram contas e estudos sérios sobre o assunto e não basearam a produção legislativa no senso-comum.

Só para vos citar um deles: a British Medical Association, comparou a perda de vidas por acidentes de bicicletas com os ganhos de anos de vida através da melhoria da saúde do ciclista regular e concluiu por um rácio de 20:1. Por outras palavras, por cada vida perdida em acidentes de bicicleta, 20 são ganhas por melhorias de saúde e condição física de quem pedala regularmente. Como nos poucos países em que foi introduzida legislação para a obrigatoriedade do uso do capacete, tiveram reduções entre 20 a 40% do uso da bicicleta (conforme a faixa etária), o ganho de vidas que o capacete poderia conseguir, não compensa as percas para a saúde dos que deixaram de pedalar. E ainda não estamos a contabilizar os ganhos para a saúde pública da redução das externalidades devido à diminuição de quilometragem em automóvel.
Apesar de ser uma discussão que surge regularmente em todos os países Europeus, um relatório realizado para a Conferencia Europeia de Ministros de Transportes (EMCT) cita um relatório realizado para a Comunidade Europeia (PROMISING): "Do ponto de vista da restrição, até a promoção oficial de capacetes pode ter um efeito negativo no uso da bicicleta, a melhor abordagem é deixar a promoção dos capacetes aos seus fabricantes". O mesmo relatório conclui que a promoção do capacete pode aumentar a percepção de que a bicicleta é um meio de transporte perigoso, diminuindo assim a apetência ao seu uso: "...o
desincentivo ao uso da bicicleta tem consequências bem mais negativas para a saúde pública, que o aumento do uso da bicicleta sem capacete."

 

"Uma Pista Ciclável paralela a uma via é extremamente perigosa. Utilizar a bicicleta neste tipo de via é análogo a utilizar o passeio. Quando este tipo de pista é só num dos lados da via, metade dos ciclistas andam contra o sentido do tráfego motorizado, tornando os cruzamentos mais perigosos." Schimek, Paul, Massachusetts Institute of Technology (MIT - Department of Urban Studies and Planning), The Dilemmas of Bicycle Planning, apresentado no Congresso Internacional da Association of Collegiate Schools of Planning (ACSP) e da Association of European Schools of Planning (AESOP), 1997, Cambridge, USA.

"Um estudo recente em Helsínquia mostrou que é mais seguro andar de bicicleta entre os carros que em pistas de bicicleta bi-direccionais ao longo das ruas. É difícil de imaginar que a nossa rede ciclável possa ser reconstruída. Mas em países e cidades que estão neste momento a começar a construir ciclovias, Pistas Cicláveis Bi-direccionais devem ser evitadas em arruamentos urbanos." Eero Pasanen, The risks of cycling, Helsinki City Planning Department, 2001, Helsínquia, Finlândia.

“Pistas Bi-direccionais ao lado de uma via são extremamente perigosas.” John Forester, "Effective Cycling", MIT Press, 6ª Edição, 1993, Cambridge, USA

Alemanha: Safety of Cyclists at Urban Junctions. Schnull R. and Alrutz D., R262 Bundesanstalt Fur StraBenwesen, 1993. Nos cruzamentos com semaforização, os ciclistas em Pistas Bi-direccionais estão 5 vezes mais em risco que a circular em coexistência. A utilização de corredores contrastantes só reduz o risco de acidente 1,5.

 

Passeios partilhados entre peões e ciclistas ou Pistas Cicláveis, construídas ao nível dos passeios ou só pintadas sobre passeios, são uma invenção do planeamento de tráfego orientado para os carros que foi a tónica das décadas recentes. Andar de bicicleta nos passeios é perigoso em qualquer dos casos (legalizado ou não)." The European Federation for Transport and Environment, no projecto ”Greening Urban Transport”, 2000

“É especialmente inapropriado sinalizar um passeio como via partilhada ou pista ciclável se fazer isso implicar a proibição de ciclistas de usar uma forma alternativa de servir as suas necessidades." (O Art. 78º do CE Português obriga os ciclistas a usar as ciclovias sempre que existam). “Guide for the Development of Bicycle Facilities”, 1999, American Association of State Highway Transportation Officials (AASHTO), Washington, USA

Ciclistas estão mais seguros quando agem e são tratados como condutores de veículos.” John Forester, "Effective Cycling", MIT Press, 6ª Edição, 1993, Cambridge, USA

 


A ler: o Ma Fyn Bach tem um resumo de um relatório europeu sobre os melhores métodos depromoção da bicicleta.