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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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Nova rede ciclável de Lisboa

MC, 23.09.16

rede ciclável Lx.jpeg

 (fonte)

Esta semana estive presente na apresentação da rede ciclável de Lisboa. Resumiria as novidades em três pontos. O desenho está bem pensado numa lógica de rede; o foco já não é o ciclista de domingo, que quer ir de um jardim ao outro, mas sim quem quer fazer as primeiras deslocações em bicicleta; insiste-se em demasiados erros do passado.

Primeiro de tudo é preciso perceber o que é se quer dizer com "mais 150km de ciclovia". Quem conhece a Av. Brasil sabe que a ciclovia é descontínua numa dúzia de troços. Ou seja há uns metros, acaba, e reaparece do lado de lá de uma paragem de autocarro, de um cruzamento grande, etc. mas isso é contabilizado como se fosse contínuo... e assim continua a ser (ver abaixo). O próprio conceito de "ciclovia" não é o que muitos pensarão: as laterais da Avenida da Liberdade, onde há apenas uns sinais com uma bicicleta e um automóvel a dizer "via partilhada" (o que levanta a dúvida: quais são as vias não-partilhadas então?) são na realidade ciclovias de acordo com a CML.

Posto isto, parece-me que a rede está bem pensada, com um desenho reticular que atenta aos declives da cidade, tentado cobrir uma grande área da cidade. A prioridade deixou de ser a ligação entre o parques e jardins, ligando agora várias zonas residenciais, comerciais e de trabalho da cidade. Veja-se a importância do eixo central, tal como acontece com a rede viária "normal".

Há inúmeros erros que continuam contudo, do pouco que já se pode ver. Na Av Fontes Pereira de Melo podemos ver que a ciclovia será ao nível do passeio e colado a ele, convidando os peões a caminhar nela (como acontece na Dq de Ávila por exemplo). Também aí percebemos que a ciclovia é tão estreita que impede a ultrapassagem de bicicletas; se um ciclista se tem de desviar de um peão, cai perigosamente (há um desnível) para a via onde circulam os taxis e autocarros. Ainda aí, existem ângulos rectos numa ciclovia estreitíssima; em Lisboa os raios de curvatura para automóvel são tão grandes que se pode circular a 80km/h sem problema, mas os ciclistas são intencionalmente forçados a travar até aos 5km/h se não querem sair da via.

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Em Entrecampos vemos que a ciclovia é tudo menos contínua. Sendo que começa do lado esquerdo (!!) da via e sem rampa de subida, o único modo de lá chegar é fazer a travessia de peões a pé, e voltar a montar a bicicleta. A ligação com a ciclovia a norte da praça, é feita atravessando 4 passagens de peões descordenadas entre si (sendo que o carro no mesmo percurso espera apenas uma vez). Sabe-se ainda que esta ciclovia é bidireccional, ou seja quem quer chegar a Entrecampos em vez de ir do lado nascente da avenida (como o resto dos veículos), tem de ir parar ao lado poente (sabe-se lá como) e quando chega a entrecampos, volta para o lado nascente. Por ir no centro da avenida, a ciclovia cruza os automóveis a certa altura através de um semáforo. Não é difícil imaginar o tempo extra que se terá de esperar, em comparação com quem circule pelo alcatrão.

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E nem esta nova ciclovia é contínua, sendo uns troços desconexos, interrompidos por locais de forte concentração de peões (que terão todo o direito a estar ali parados à espera do autocarro). Para lá de ser um convite à ilegalidade (que o ciclista circule fora das zonas verdes), é gerenciador de vários conflitos.

Daí a conclusão de ser uma rede pensada para quem experimenta a bicicleta, e não se incomoda com a dezena de problemas que mencionei, por valorizar mais o sentimento de segurança. Quem decidir optar pela bicicleta como meio de transporte, rapidamente perceberá que em média circulará a metade da velocidade que faria no alcatrão. Quem já usa a bicicleta, não aceitará todos estes inconvenientes, quando tem uma alternativa contínua, sem reviravoltas e travessias de peões, que é o alcatrão. E isto é grave. Os automobilistas não perceberão porque é que os ciclistas não usarão os recursos que foram criados.

E nada disto teria de ser assim, basta pensar no desenho das ciclovias na Holanda ou Dinamarca. Elas tanto se adequam ao turista que vai usar a bicicleta pela primeira vez, como ao ciclista habitual que faz velocidades mais elevadas. Bastaria vontade política.


Nota habitual: não sendo um blogue pró-bicicletas, mas sim pró-cidades mais humanas, a promoção activa da bicicleta não é a primeira das nossas prioridades (como é a melhoria dos transportes públicos, planeamento a pensar nas pessoas e não nos automóveis, redução do estacionamento à superfície e das velocidades, etc). E existem coisas bem mais simples que parecem ter um impacto igualmente favorável para a bicicleta: limitar a velocidade a 50km/h nas principais vias da cidade, 30km/h nas secundárias e piso decente.

Tuk-tuks e as bicicletas, the new kids in town

MC, 26.11.14

Tenho acompanhado a polémica dos tuk-tuks (a moto-furgoneta para turistas na foto) em Lisboa com um sorriso no canto da boca. O debate chegou à Assembleia Municipal, que avançou com várias propostas para o executivo da CML. Pedem-se regulamentos, fixação de horários, de percursos e de um limite máximo para o número deles, e até que os restantes lisboetas paguem (vulgo "incentivos fiscais") para que passem a ser eléctricos.

Quais são afinal as queixas? Poluição sonora, poluição atmosférica, estacionamento caótico, congestionamento, destruição de calçadas, atentado à privacidade nos bairros históricos; todas queixas válidas, nenhuma delas exclusiva aos tuk-tuks. O enorme número de automóveis na cidade de Lisboa causa isto tudo e mais. Ajudado por muitas das motas na poluição sonora, o automóvel consegue um impacto bem mais forte (a destruição das calçadas é o exemplo mais ridículo, basta olhar para a foto para perceber a diferença), só que... esses já cá estavam. E são quem manda na cidade.

As soluções que são propostas pela AML espelham bem isto. Repare-se que aplicar as leis já existentes seria suficiente para reduzir estes impactos negativos, disciplinar os tuk-tuks e conter a sua proliferação. Se um tuk-tuk for efectivamente proibido de estacionar ilegalmente, dificilmente poderá a continuar a funcionar como funciona hoje. Mas aplicar as leis já existentes (ruído, estacionamento, restrições ao trânsito) também seria chato para... (sim adivinharam) para o automóvel. Os novos regulamentos são uma maneira de contornar isso, tratando como diferentes, incómodos que são bem semelhantes.

Toda esta discussão é semelhante à aversão à bicicleta. Apesar de causar menos congestionamento, e de os seus desrespeitos à lei serem em menor número e com uma gravidade incomparavelmente menor, são essas as duas maiores queixas que se ouve por aí. O problema não é o congestionamento, ou os vermelhos passados - isso são apenas desculpas - o problema é que a cidade pertence aos carros na cabeça de muita gente, e os outros só vieram chatear.

 

Os peões e as bicicletas não precisam de semáforos

MC, 30.10.14

Esta foto dum cruzamento* na Holanda tem muito para nos ensinar sobre a gestão da mobilidade urbana, e o transtorno que causam os automobilistas** nas restantes pessoas.
Nos pontos A (onde se cruzam peões com peões), B (peões e bicicletas) e C (bicicletas e bicicletas) não é necessário qualquer semáforo ou regulamentação complexa. O ponto A é óbvio, mas B e C não são óbvios para quem nunca viveu numa cidade dominada pela bicicleta. Apesar de ser um cruzamento com tantos peões, como bicicletas e automóveis (passei lá muitas vezes), em B basta o bom-senso e em C basta uns triângulos no chão a indicar quem deve dar prioridade.
Os pontos D (carro com carro), E (carro com bicicleta) e F (peão com carro) têm algo em comum: envolvem carros e por isso, e apenas por isso, necessitam de semáforos. Os semáforos são assim uma imposição dos automobilistas ao restantes utentes da via.

Pensa nisso.

Por cá, estamos tão agarrados ao paradigma automóvel, que nem imaginamos que possa haver uma diferença entre gerir cruzamentos com bicicletas, e cruzamento com automóveis. Isso é claro na incompreensão que há em relação à maior responsabilização que um automobilista deve ter na cidade face a um ciclista, à possibilidade de haver ruas com dois sentidos para as bicicletas mas apenas um para os automóveis, ao diferente significado que um sinal vermelho deve ter para uns e outros, etc. Nada melhor para o mostrar do que esta foto, de uma "ciclovia" portuguesa com passagens de peões de 50m em 50m, algo inexistente na Holanda. A foto foi tirada no Barreiro, mas existe noutros locais como em Espinho, e o mesmo modo de pensar nas "ciclovias" de Lisboa.

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*Este cruzamento não é uma excepção. Todos os cruzamentos na Holanda são assim.
**Os transportes públicos (que por levarem muitas pessoas em cada veículo) também podem conviver facilmente com o peão como abordei nesta posta.

 

Adenda: este vídeo da hora de ponta em Utreque (Holanda), mostra bem como é tão fácil conciliar dezenas de bicicletas a cruzarem-se.

 

10 Dicas para a bicicleta nos dias quentes

MC, 03.07.14

Chegaram finalmente os dias quentes, mas cidades tão ou mais quentes que Lisboa (como Sevilha e Barcelona) que estão cheias de bicicletas no verão, mostram que isso não tem de ser um problema. Aqui ficam algumas dicas

 

1. Pressão correcta nos pneus

A grande maioria dos ciclistas com quem falo na Cicloficina dos Anjos aparece com pneus com pressão muito baixa -  é "encher até estar um bocado rijo" - o que faz com que arrastem o pneu pela rua. Na verdade o pneu de uma bicicleta deve ter uma pressão bem mais alta que o do automóvel. Enquanto este usa normalmente 2 a 2,5 bar porque precisa de ter mais aderência, na bicicleta a pressão pode ir aos 9 bar consoante o pneu. Podes encontrar esta informação escrita no pneu, aparecendo ou o intervalo recomendado ou o máximo recomendado. Nas BTT o mínimo é o valor recomendado para quando se faz todo o terreno. Em alcatrão, podes usar o máximo.

A bicicleta vai parecer outra.

 

 

2. Pneus mais finos

Usar pneus muito largos, como os de BTT, vai dar ao mesmo problema. Não é preciso ter pneus finos de corrida, há pneus intermédios. E sim, numa jante de BTT pode-se facilmente usar  um pneu bem mais estreito (até 1,1 quando o habitual é 1,9-2,1).

 

3. Velocidade e Mudanças

A bicicleta é mais rápida que o automóvel na cidade por imensas razões, mas não é preciso fazer pirraça aos automobilistas durante 365 dias. Nos dias mais quentes podemos ir mais devagar para controlar a temperatura. Basta reduzir um pouco a velocidade, para haver uma grande diferença.

Mudanças mais leves têm o mesmo efeito.

 

4. Bicicleta bem afinada

Numa bicicleta mal afinada, parte do esforço é desperdiçado. Ter a corrente limpa e bem oleada (meter óleo numa corrente suja de pouco serve), não ter os calços dos travões a tocar nas jantes, e ter o eixo das rodas bem afinado de maneira a que a roda fique a rodar sozinha durante muito tempo, são pontos importantes que não se vêem em muitas bicicletas por aí.

 

5. Saber arrefecer e Capacete

É fundamental que o corpo possa libertar o calor durante e após o percurso, e para isso ajuda que o corpo apanhe ar fresco. Calças estreitas ou a "fralda" enfiada na cintura, impedem a circulação do ar. Que tal usar roupa mais larga, abrir os botões de cima e baixo da camisa, e dobrar para cima a parte de baixo das calças? :)
O capacete tem o mesmo problema: evita a libertação de calor... será que precisas mesmo dele durante (todo) o percurso?

 

6. Pausas

Se evitas os vermelhos (usando outras ruas, ou passando-os) para não perderes balanço, experimenta parar neles. Aqueles segundos de repouso podem ser suficientes para perder calor.

 

7. Levar a bicicleta pela mão

Os automobilistas não têm vergonha de usar um transporte que chega a precisar de mais de 15min para ser estacionado, porque haverias de ter problemas em perder 1min a subir aquela rampa a pé? É algo muito frequente de ver noutras cidades, seja pela inclinação seja pelo vento contrário em alguns troços.

 

8. Evitar mochilas

As mochilas, malas e pastas impedem a circulação de ar. Usa alforges ou pendura a mochila no porta-bagagens ou no guiador.

 

9. Evitar as piores horas

Parece óbvio, mas uma hora mais cedo de manhã pode significar menos 2º e bem menos exposição solar.

 

10. Compartilha a tua dica!

Como os automobilistas vêem os ciclistas, e por consequência o espaço urbano

MC, 07.01.14

São 4 pequenas histórias pessoais recentes, semelhantes a outras que todos os ciclistas e peões terão.

 

1. Av. Prof. Egas Moniz, uma avenida com 2 faixas daquelas onde a velocidade facilmente chega aos 80. Eu desço a avenida de bicicleta pela direita a uns 30-35km/h, mesmo ao meu lado na esquerda uma carrinha vai à mesma velocidade (à procura de estacionamento, caminho?). Formam-se filas nas duas faixas. Durante umas centenas de metros, buzinam-me incessantemente. Como sempre mantenho-me. No semáforo seguinte o automobilista, que "até" anda de bicicleta, queixa-se de eu ter impedido a passagem dele (ele ia em frente, nem virava à direita...). A carrinha, que ia lentamente pela esquerda, não tinha culpa segundo ele.

 

2. Uma rua de bairro, larga, de sentido único, com uma faixa apenas. Do lado direito carros estacionados ilegalmente em segunda fila. Do lado esquerdo vem um ciclista ilegalmente em contra-mão. O espaço no meio é demasiado estreito para passar e o amigo que me dá boleia, tem de abrandar. Diz-me então "o teu amigo ciclista aqui a cometer uma ilegalidade não me deixa passar". Os carros, que ocupam o triplo do espaço ilegalmente, não tinham a culpa segundo ele.

 

3. Uma rua de bairro, longa e estreita, circulo a 20-25 de bicicleta. Atrás de mim um automobilista começa a buzinar-me, eu mantenho-me. Uns 200m à frente, há alguns carros parados porque um automobilista está com dificuldade em estacionar num espaço exíguo. Atrás de mim deixa-se de buzinar. Uma bicicleta que não faz parar ninguém merece buzinadela, um automóvel que bloqueia a rua a várias pessoas, não merece segundo ele.

 

4. Numa avenida circulo de bicicleta, com o capacete pendurado no guiador. No semáforo um automobilista abre a janela e diz "o capacete é para andar na cabeça!". Ainda respondo que não é obrigatório, mas ele até o sabia e insiste. Nunca vi um automobilista a levar uma lição de moral de outro por andar sem cinto. Repreender um ciclista por uma questão de segurança não-obrigatória que apenas lhe diz respeito é aceitável, fazer o mesmo a um automobilista por algo obrigatório, não é aceitável.

 

Sendo apenas exemplos, julgo que não será uma generalização abusiva afirmar que elas mostram a visão egoísta que a maioria dos automobilistas têm do espaço público. São casos onde o ciclista faz algo mais insignificante, mas que apenas merece repreensão por não ser automobilista, por não ser senhor da cidade. A dualidade de critérios nos 4 casos, não poderia ser mais evidente.

 

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Ainda aí alguma desinformação sobre o novo Código da Estrada. A SIC, por exemplo, chegou a afirmar que os ciclistas poderiam circular na estrada. A MUBi fez um excelente resumo do essencial: Ano novo, Código novo.

 

Outro minuto em Groningen, a cidade-modelo da mobilidade

MC, 26.11.13

Veneza é a cidade europeia onde o automóvel é mais... desincentivado, mas não por escolha própria. Esse título cabe a Groningen, uma cidade estudantil no norte da Holanda, onde as pessoas são reis da cidade através da quase inexistência de estacionamento automóvel à superfície e fortíssimas medidas de acalmia de tráfego.

Num dos meus posts preferidos aqui do blog, o António deixava um vídeo de um minuto num cruzamento numa praça central de Groningen. Hoje fica o meu minuto passado em Groningen, noutro cruzamento da cidade. E tal como no outro, este cruzamento também não é numa zona pedonal.

Apesar do frio (o vídeo foi feito em junho e há só se vêem casacos pesados), e da chuva constante (no dia do vídeo o chão está molhado e há vários guarda-chuvas), é uma cidade cheia de vida e comércio. São as cidades que são menos convidativas ao automóvel, as que acabam por ser mais humanas e ter mais vida, não o contrário.
É uma cidade para todos: vêem-se bebés a serem transportados em bicicletas e cadeiras de rodas a passar - e isto foi mero acaso, apenas gravei o vídeo uma vez.
Repare-se também como tudo flui sem precisar de semáforos ou regras rígidas de trânsito. Peões, bicicletas, aceleras e até um coche (!), todos se cruzam sem problema.
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Para não destoar, a leitura recomendada de hoje é um vídeo que conta um projecto de país ingleses que fecham ruas do bairro durante umas horas para que os crianças possam brincar e socializar livremente na rua, como era o hábito há umas décadas, no Copenhagenhize.

Esta sexta é de vez: de bicicleta para o emprego!

MC, 18.09.13

A MUBi, já há uns tempos que convida todos a fazer das sextas o dia da semana da ida para o emprego/escola em bicicleta, possivelmente em articulação com os transportes públicos. A agência municipal Lisboa E-Nova pegou nesta sexta dia 20 (por ser semana europeia da mobilidade) e convidou as empresas a promoverem a bicicleta para o emprego nesta sexta.

Seja a rotina habitual ou a primeira vez, esta sexta não se esqueçam: é Bike to Work Day.

Mapa dos declives de Lisboa

MC, 10.08.13

E porque hoje é dos dias mais quente do ano, dá jeito saber fugir aos declives de Lisboa. Aqui fica o mapa de todos os arruamentos de Lisboa, com a indicação do declive médio, feito por Rosa Félix. Verde escuro é plano, verde claro faz-se, amarelo custa vermelho é de evitar.

Clickar para ver com melhor definição, ou aqui em pdf.

 

Este mapa indica o declive dos arruamentos, mas há também o declive por área, que já postei em tempos.

 

 

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As mudanças no Código da Estrada que traz mais direitos aos ciclistas passaram pelo nosso Facebook, mas não pelo blogue. O JN tem um bom resumo aqui.

Para que serve um semáforo vermelho?

MC, 18.04.13

1. A sério, pensem um pouco, quais são os propósitos dos semáforos?

Eles servem para regular o trânsito (ora passam estes, ora passam aqueles, para que um cruzamento não fique entupido), e para garantir a segurança (quando está verde, sei que posso atravessar sem perigo). Os propósitos são claros e o seu cumprimento está bem definido na lei.

Pense-se então nestes dois propósitos, aplicados a uma bicicleta. Uma bicicleta a atravessar um vermelho. Um ciclista nunca atravessaria um vermelho numa situação em que atrapalhe o trânsito, porque se arriscaria a apanhar com um carro em cima. Um ciclista também nunca atravessaria o vermelho numa situação que coloque os outros em perigo, porque ele é o elemento mais fraco no trânsito, ele é que se colocaria em perigo.

2. Um estudo académico australiano, contabilizou o número de ciclistas que passam vermelhos em Melbourne. Ao contrário da ideia de um incumprimento generalizado, concluí-se que em apenas 7% das ocasiões o vermelho era desrespeitado. Não é preciso nenhum estudo académico para saber que o número de automobilistas a circular em excesso de velocidade (algo que coloca bem mais perigo aos outros) em qualquer cidade do mundo, é mais de 7%.

 

Não quero com isto dizer que os ciclistas devem passar o vermelho a torto e direito, nem que o incumprimento de uns justifica o dos outros. Estou apenas a querer pôr as coisas em contexto. Não percebo porque um comportamento tão insignificante levanta tanta discussão, se não for por um apego cego acrítico à letra da lei.

Deveríamos olhar para isto, como se pensa em quem fuma em casa. Faz sentido proibir o fumo em locais públicos fechados, porque o fumador afecta os outros - em casa ou na rua não. É isso que se faz na Holanda, tanto explicitamente (abrindo excepções explícitas para os ciclistas) ou implicitamente (com um enorme tolerância por parte das autoridades a este comportamento).

 

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E para ficarmos no paraíso das bicicletas, a sugestão de hoje é um catálogo de fotos e situações curiosas em Amesterdão.

Lisboa, cidade de bicicletas

MC, 25.07.12

Ontem deparei-e com isto à porta do Coliseu, 10 bicicletas estacionados, e não havia qualquer evento ligado à bicicleta...

 

 

 

 

... e há um mês com isto numa loja de recuerdos para turistas perto da Sé:

 

 

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A recomendação de hoje é uma galeria de fotos da BBC com bicicletas particulares, The beauty of the bicycle