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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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A morte lenta do comboio em Portugal

MC, 02.02.11

Os últimos dias têm sido ricos em más notícias para a ferrovia nacional. Há o fecho do Ramal de Cáceres (assinem a petição contra o encerramento), os poucos comboios internacionais deixam de ser diários, o fim da ligação directa de Beja a Lisboa, um futuro incerto para o Ramal da Lousão/Metro do Mondego, fim do serviço para Leixões, etc. Descontando poucas excepções de aberturas (Lisboa-Setúbal por exemplo), este tem sido a sina do comboio nas últimas três décadas em Portugal. O resultado está à vista: em 20 anos há menos 43% de passageiros, sendo nós o único país da Europa Ocidental onde se deu uma queda. Espanha está no extremo oposto, com mais 157%.

 

A culpa é de todos.

É da má gestão da CP, que apesar de vez em quando descobrir que afinal é muito simples melhorar o serviço, insiste em ter horários que não encaixam, bilhética não-integrada e que não faz sentido, falta de coordenação entre as linhas, etc. E isto é a má gestão que o passageiro vê, imagine-se o que vai lá por dentro.

É da patológica paixão dos portugueses pelo automóvel. A auto-estrada rende votos, o comboio não. E todos conhecemos histórias de alguém que prefere o carro mesmo quando a oferta do comboio é claramente melhor.

É dos sucessivos governos que estiveram em contra-ciclo, construindo mais de 2000km de auto-estradas quando o resto da Europa apostava no comboio.

 

O petróleo está de novo a 100 dólares, Portugal importa 2200 milhões de euros de produtos petrolíferos por trimestre, quase metade do nosso défice comercial. Ainda se planeiam novas vias-rápidas e auto-estradas. Chegou a altura de lançar um verdadeiro plano nacional ferroviário, tal como foi feito há duas décadas para a rodovia. E não estou a falar de manter os ramais decadentes do interior (tenho alguma simpatia por essa luta, mas pergunto-me se não haverá algo melhor a fazer pelas populações com o dinheiro que é gasto na sua manutenção), falo de construir novas linhas, de ligar todas as médias cidades do país e construir um bom serviço na Grande Lisboa e Grande Porto, tal como foi feito com as auto-estradas. Vamos arrepender-nos seriamente daqui umas décadas, se não o fizermos.

 

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Um vídeo a ver sobre a ferrovia no Grande Porto, no blogue de Nuno Gomes Lopes, que aliás tem muita informação sobre a ferrovia em geral.

 

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Adenda graças ao mesmo blogue:

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