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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

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Ciclovias à mediterrânica

MC, 09.02.10

Toulouse criou, tal como todas as grandes cidades francesas, um programa de bicicletas partilhadas há poucos anos. Mas sendo uma cidade do sul da França, não teve a mesma a coragem que houve no norte, em termos de criação de infra-estruturas para as bicicletas. A cidade foi coberta de ciclovias, mas ciclovias que apenas servem para manter as bicicletas longe dos automóveis. Em vez de roubar espaço ao automóvel, roubou-se espaço ao peão. A ciclovia foi feita "por onde havia espaço", muitas vezes por ruelas de cargas e descargas, sem qualquer preocupação pela segurança dos ciclistas.

Pessoalmente, passei por muito poucas das ciclovias a serem construídas em Lisboa. Mas pelos relatos que leio das obras, haverá alguns casos semelhantes.

Ciclovias interrompidas:

Ciclovias que cortam o passeio em zonas de grande movimento pedonal.

Ciclovias que atravessam passadeiras. Para lá do absurdo de juntar peões e ciclistas, são um enorme perigo para os ciclistas. Sendo uma passadeira, os carros que viram à direita só param quando já há um peão/ciclista na passadeira. Ora um ciclista avança bem mais rápido que o peão, e o automobilista pode não o ver. O ciclista tem assim que parar praticamente em todas estas passagens.

Ciclovias que galgam lancis.

Ciclovias que ocupam todo o passeio.

Ciclovias que são uma corrida de obstáculos.

 


A ver, um texto e vídeo encontrado pela Ana que mostram muito bem o perigo de circular o mais à direita possível quando se vai de bicicleta. Infelizmente muitos ciclistas novatos têm a tendência de se afastar dos automóveis, julgando que assim estão mais seguros, algo totalmente errado.

 

3 comentários

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    MC 13.02.2010

    Duarte,
    obrigado pela longa resposta.
    Desde já peço desculpa pela referência que tinha feito inicialmente a Lisboa. Tenho o grave defeito de não reler o que escrevo (algo que se nota pela quantidade de erros), e escrevi algo mais forte do que realmente queria. Já retoquei.

    Quanto aos teus comentários. Repara que o post não era sobre a política da promoção da bicicleta, era apenas sobre exemplos concretos de soluções implementadas no terreno. Julgo que também falhaste o alvo (parafraseando o teu post) na tua resposta. Tu falas da promoção da bicicleta em geral, e eu falo no desenho de ciclovias. Para mim são questões diferentes.

    Eu tenho 'mixed feelings' quanto à abordagem que a CML tem seguido no caso das bicicletas, e já o referi várias vezes aqui no blog. Uma estratégia que eu descreveria como dar visiblidade à bicicleta, ou seja mais de marketing do que de planeamento de mobilidade. E isto sem qualquer sentido pejorativo!! A visibilidade é muito importante especialmente quando muita gente que poderia andar de bicicleta, nem sabe muito bem por que não o faz.

    Quanto à parte de mobilidade, os relatos que leio da Av. Brasil (tenho mesmo que passar por lá) indicam que há casos como os das fotos. São casos de tiros no pé (do ponto de vista de mobilidade, não da política de promoção) por prejudicarem o ciclista e beneficiarem o automobilista.

    Resumindo. Não estou a dizer que se poderia ter feito melhor tanto do ponto vista político como de mobilidade, porque conheço bem as resistências que existem. Apenas quis alertar para as desvantagens criadas aos ciclistas.

    Abraço
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    Duarte d´Araújo Mata 14.02.2010

    Miguel,

    "Desde já peço desculpa (...) e escrevi algo mais forte do que realmente queria. Já retoquei."

    Não é de pedir desculpa. A troca de argumentos nos blogs é quase sempre feita sem grande tempo. Para mais não achei nada de excessivo nem na argumentação nem na linguagem.

    "Julgo que também falhaste o alvo (...). Tu falas da promoção da bicicleta em geral, e eu falo no desenho de ciclovias"

    Também falei de ciclovias e dei o exemplo de Sevilha, que cresceu brutalmente o nº de bicicletas de uso diário com a construção de meia dúzia de ciclovias e a implementação de um sistema de bicicletas de uso partilhado.
    Tentar implementar a bicicleta só com o recurso a ciclovias é errar o alvo.
    Tentar que uma cidade sem ciclistas o consiga sem nenhuma ciclovia, mesmo que bem feita, é também errar o alvo!
    As fotos que tu mostras, e eu não conheço Toulouse (ainda) são algumas entre muitas que podemos mostrar a defender ou atacar as ciclovias. Há casos de sucesso e insucesso e eu não sei o "ambiente" de Toulouse para perceber se esses exemplos são excepções, se são a regra, se a própria decisão por ciclovias (algumas que mostras são faixas cicláveis em avenidas de aparente elevado volume e velocidade de tráfego. Serão vias colectoras passiveis de serem intervencionadas facilmente?)
    Uma rede de percursos principais, se possível sobreposta a uma estrutura verde, é uma mais-valia, sobretudo se estiver nas áreas planas da cidade e se ligar equipamentos potencialmente apelativos (ex. universidades, interfaces de transportes, etc).
    Já mudei muito nas minhas abordagens ao longo dos anos, mas esta teoria já a tenho há mais de 10 anos e continuo à espera que alguém me prove que é errado.
    Se houver um aumento significativo de ciclistas num curto espaço de tempo e se a bicicleta (o layer bicicleta) ganhar direitos de cidadania na mobilidade por causa desse aumento e dessa consciência, está aberto o caminho para se ganhar esta causa. Enquanto ninguém andar, a causa está perdida. Ainda estamos a perder a batalha (e por 10 - 0!), apesar de haver mais talvez umas centenas de ciclistas nas ruas diariamente.

    "Eu tenho 'mixed feelings' quanto à abordagem que a CML tem seguido no caso das bicicletas,(...) mais de marketing do que de planeamento de mobilidade."

    Tivemos consciência de que o óptimo era inimigo do bom e tomámos a decisão de avançar "pela bicicleta" contra o enorme lobby do carro e dos "ciclo-cépticos".
    Pela minha parte, penso que a grande maioria dos objectivos foi atingida e qualquer pessoa "ciclo-céptica" hoje em Lisboa já tem que "engolir" a bicicleta nos discursos, nos relatórios...e espero que haja mesmo mais gente a andar.
    A meta proposta na candidatura QREN de 2008 era clara: 5% de todas as deslocações em Lisboa - 25.000 viagens / dia, até 2013.

    "Quanto à parte de mobilidade, os relatos que leio da Av. Brasil (tenho mesmo que passar por lá)(...) por prejudicarem o ciclista e beneficiarem o automobilista."

    Eu tenho que fazer uma "vistoria" crítica a uma ligação que considero da maior importência: teremos uma ligação de Monsanto à Expo ainda este semestre, passando por N escolas, Universidades, Estações de metropolitano, Hospitais, Estádios, enfim, um conjunto de ligações fundamentais. Considero a Av. do Brasil um caso paradigmático do que é o conflito entre uma Rua Colectora e um percurso ciclável. Foi a única rua onde senti o encosto de um autocarro articulado no meu embro, lentamente, sem dramas, mas tive que parar e desmontar. Tem um tráfego incrível a Av. do Brasil. Não convencemos ninguém a iniciar-se na bicicleta se tiver que a fazer. Podemos baixar o tráfego automóvel? Pelo que apurei de vários especialistas, é uma missão impossível e talvez indesejável, ou seja, estrangulá-la vai ter implicações em inúmeras artérias desde quilómetros, a Nascente e Poente. É um canal estruturante de drenagem. Se alguém o quiser fazer, excelente. Aposto 9 contra 1 como não o fazem e continuará uma Avenida de drenagem de carros, e sem ciclistas.
    O problema é que ciclistas experientes não gostarão desta ciclovia, mas espero quando a obra estiver concluída (ainda não está, são relatos de alguma ansiedade os que lês, aquilo está ainda em obras...), sirva plenamente os objectivos.
    Vamos trocando ideias? Obrigado pela oportunidade,
    Abraço!
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