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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Desmontando o greenwash da Euronews

MC, 11.10.10

Este vídeo da Euronews é mais um doirar da pílula ao carro elétrico.

1. Primeiro, um comentário mais geral às reportagens sobre carros elétricos. Por que raio é que associam estes carros às energias renováveis e vice-versa?! Por que não associamos outros objectos elétricos à energia eólica e solar, tal como os elétricos e os trolleys das nossas cidades (esses sim, amigos do ambiente), o ar condicionado, a lâmpada incandescente, o frigorífico ou a televisão em stand-by, deixando assim os combustíveis fósseis para o carro elétrico?

2. A reportagem aborda um sistema que torna a rede elétrica interativa, onde o preço varie durante o dia, e cada utente possa programar o seu carro eléctrico para ser carregado num período mais barato. Sendo que a produção e o consumo de eletricidade são muito irregulares, este é um processo imporante para aproveitar a eletricidade nos momentos onde há excesso de produção (e ela é vendida mais barata).

Esta é uma ideia boa, mas que mais uma vez já existe (com horário fixo em Portugal, e até com horário irregular em alguns países - mas de um modo pouco otimizado) e não se percebe porque vem associado ao automóvel. Termoacumuladores (para aquecer a casa ou a água), máquinas de lavar roupa ou loiça, bombagem de água, etc. são tudo aparelhos que também podem ser ligados a horas irregulares, mas não aparecem na televisão associados a projectos "verdes".

3. A reportagem diz ainda que o carro também pode ser utilizado para revender eletricidade à rede. Carregar e descarregar baterias é um processo muito ineficiente, mas a certa hora a procura da eletricidade pode ser tanta, que pode ser vantajoso ter o carro a devolver eletricidade à rede elétrica. Se a ideia é tão extraordinária, não se percebe por que é que então isto não é já feito pelas empresas elétricas e por quem faz micro-geração. Tendo baterias especialmente construídas para esta tarefa, seria muito mais eficientes e rentável.

 


Quem costuma ter bons vídeos e sem greenwash é a Streetfilms. Recomendo este vídeo (sobre a partilha do espaço urbano em Londres) com os comentários sobre ele no Bananalogic.

Menos Um Carro e a Crise (aumentada)

MC, 11.10.10

Na sequência da (pro)posta anterior, aqui ficam as minhas sugestões para a crise económica e financeira:

 

Curto prazo (défice orçamental)

 

Cobança de portagens em todas as auto-estradas. (700 milhões de euros gastos este ano, equivalente a 5% do défice de este ano)

Fim do incentivo ao abate de automóveis (que chega a 1800€ por carro, 60 milhões gastos este ano).

Cobrança de estacionamento em todas as cidades, incluindo a residentes (preços reduzidos), como é feito na maioria da Europa.

Fim do investimento em novas rodovias.

Fim dos sete benefícios fiscais dados aos automóveis elétricos.

Corte para metade dos reembolsos por deslocações em automóveis privados (Portugal tem dos valores mais altos)

Maior aplicação de multas e a sua cobrança efetiva (temos das aplicações menores, e já nem falo da cobrança).

(Infelizmente, enquanto tivermos um vizinho que tem dos impostos sobre os combustíveis dos mais baixos na Europa, é impossível aumentar estes impostos, de modo a que o preço final reflita os custos totais do seu uso, sem uma concertação a nível da UE)

 

 

Médio e longo prazo (dívida externa, baixa produtividade)

 

Investimento em larga escala na ferrovia e em transportes públicos em detrimento da rodovia. Isto levaria a

  1. Menor importação de petróleo, responsável por grande parte do défice comercial.
  2. Menores custos com os transportes, logo aumento da competitividade da economia.
  3. Aumento do consumo público (neste caso investimento público), num período onde a procura privada está retraída.
  4. Menor compra de automóveis (responsável por parte do endividamento privado, logo dívida externa)

 

 


Página a ver, umas das iniciativas lançadas pela CML na semana da mobilidade, a Lisboa Ciclável.

Conselho

TMC, 11.10.10

Como aumentar a receita de Estado sem aumentar os impostos?

 

Portajar todas as entradas diárias por auto-estrada e ICs em Lisboa. Justificar com a falha do mercado em incluir as externalidades do uso do automóvel (sinistralidade, poluição atmosférica e sonora, engarrafamentos, manutenção das infra-estruturas) e da refinação de gasolina. De um artigo do Diário Económico de 2009, entram e saem de Lisboa por dia 826 mil carros em movimentos pendulares: mesmo subtraindo os 163 mil da Ponte 25 de Abril, já portajada e cerca de metade do total (217 mil carros) da A5 (portajada até ao pé do Estoril), sobram mais de 550 mil carros. Balizando o custo médio diário das portagens entre 3€ e 8€, a receita andaria entre os 600 milhões e os 1600 milhões. Desvantagens para as contas do Ministério das Finanças: as pessoas começarem a usar os transportes públicos e virem morar para Lisboa. De outro ponto de vista, não parece assim tão desvantajoso.

Põe a burqa, que há uma mulher violada a cada dia

MC, 03.10.10

Já temos finalmente imagens da hipócrita (por ser dirigida à vítima e não ao criminoso) campanha promovida pelo lóbi do popó, com a colaboração da PSP, do Governo e das CMs.

Porto (onde há 316 atropelamento nas passadeiras por ano):

 

Lisboa:

 

Enviar esta mensagem ao peão ao mesmo tempo que nada se diz ao automobilista, é do mais cínico que existe. O que o ACP quer com isto é óbvio, passar a ideia que a culpa é do peão. O que não se entende é a colaboração das autoridades.

 

 


Posta recomendada no A Nossa Terrinha: Os campeões das auto-estradas: Adenda 1

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