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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Isto é culpa da sociedade do automóvel

MC, 29.05.10

 

Há 5 semanas que o Golfo do México sofre dos maiores desastres ambientais, sociais e económicos que há memória nos últimos anos. Bem sei que o petróleo não serve só para o automóvel, mas este é o principal consumidor de petróleo. Se não fosse a sociedade do automóvel, não haveria esta ânsia de extrair petróleo a qualquer custo.

Mais fotos aqui.


O Paulo voltou à estrada para divulgar a bicicleta como meio de transporte, agora com 100 dias de bicicleta em Portugal.

Parabéns ao Transporlis (guia de quase todos os transportes públicos da Grande Lisboa)!

MC, 25.05.10

O Transporlis consta da lista de links do blogue desde o início, mas era uma página praticamente inútil. Há muito tempo que não a usava, e tenho que admitir que o serviço está agora de parabéns!

O Transporlis é um guia de quase todos (ver comentários) os transportes públicos da Grande Lisboa, que nos planeia o percurso do ponto A ao ponto B à hora H. Na imagem o cálculo do melhor percurso entre o Dafundo (no Concelho de Oeiras) até à Costa da Caparica (Concelho de Almada). A página dá-nos ainda a informação sobre o horário e o preço do percurso escolhido.

 

Claro que há pontos que poderiam ser melhorados, como disponibilizar trajectos alternativos, disponibilizar trajectos a horários subsequentes (para o utente saber o que fazer caso perca uma ligação e saber o quão frequente são as ligações no percurso escolhido), etc. Mas depois de décadas em que o sistema de transportes públicos de Lisboa era totalmente opaco e inimigo do utente esporádico, este novo Transporlis é uma excelente notícia!

 

 


A ler um texto de Carlos Gaivoto no Transportes em Revista chamado As cidades portuguesas e os transportes no combate às alterações climáticas

 

 

A MAIOR PARTE das cidades do sul da Europa tardam em corrigir a sua forma e estrutura de expansão, “insistindo” os seus governantes no modelo de desenvolvimento baseado no perigo da dispersão urbana, permitindo a continuada construção especulativa através do aumento dos perímetros urbanos, pouco avaliados e organizados de forma a conter os desperdícios de mobilidade e de acessibilidade, para além dos efeitos negativos nos consumos de energia e ambiente.

O fim do automóvel?

TMC, 21.05.10

Há uma enorme diferença de percepção entre os agentes que teimam em promover o automóvel e a de diversos especialistas académicos que assinalam, quando o não o seu fim, pelo menos o seu inevitável declínio.

 

No programa da TSF "Mundo Novo", responsável por assinalar as invenções humanas que mais marcam a nossa vida, falou-se do automóvel. A professora Ana Bastos resume bem quais as ferramentas que dispomos para refrear o uso de comportamentos de mobilidade ligados em exclusivo ao uso do automóvel.

 

E será o automóvel um mal necessário? Poderemos eliminá-lo completamente? A especialista é da opinião de que há deslocações que se têm de fazer obrigatoriamente de carro. Claro que falta dizer que foi a possibilidade das distâncias serem abatidas por via da velocidade de um automóvel que potenciou a construção de edificado...que só pode ser acedido por automóveis! Como já foi dito várias vezes por aqui, o automóvel modificou os próprios conceitos de urbanismo e arquitectura. Talvez seja por isso impossível uma cidade sem automóveis, tais como as conhecemos.

 

Mas a questão nunca deve ser posta em termos de tudo ou nada; deve-se sim assinalar que há vários graus de carro-dependência e que temos todos a ganhar em sermos uma sociedade que não dependa tanto do automóvel.

 

Dica: porque é que um programa sobre as melhores invenções tecnológicas deveria incluir a bicicleta? Respostas para aqui.

 


 

Estudos sobre a viabilidade da bicicleta em meio urbano são cada vez mais frequentes. Queiram ajudar o autor deste inquérito! Tem muitas perguntas pertinentes e maduras, o que já assinala que o andar e o fazer andar de bicicleta está a tornar-se mais complexo: já começa a haver uma cultura da bicicleta em meio urbano.

  


  

Ao andar de autocarro e com o aumento das temperaturas tenho visto cerca de 20 ciclistas por dia. Cerca de 10 à ida e outros 10 à vinda. O trajecto é em muitas partes contíguo a ciclovias por isso é suspeito estar a dizer que as ciclovias potenciaram mais ciclistas. Mas tenho para mim que em muito ajudaram, sendo por isso fundamentais para o aumento de ciclistas: digo isto porque o uso da bicicleta, na cidade, está muito ligado à percepção da segurança própria. Ora, é comum observar os ciclistas, na ausência da ciclovia, a continuarem o périplo no passeio. Talvez ignorância do código da estrada, talvez jogando pelo seguro. O que me parece certo é que, para além de faltar educação para a bicicleta, sem as ciclovias nunca haveria sequer a opção pelo uso da bicicleta de modo diário para tantas pessoas.

"A chave não é encontrar uma forma de arranjar gasolina mais barata, a chave aqui é sair da estrada"

MC, 21.05.10

Uma interessante entrevista do economista Jeff Rubin ao DN, que vai de encontro ao que nós temos escrito por aqui sobre política energética e transportes, e à declaração de James Howard Kunstler que eu gosto muito: quem está a pensar em como vamos continuar a andar de carro, não percebe que a questão com a qual nos deparamos num futuro próximo é como vamos viver sem andar de carro.

 

Algumas partes:

 

Que vantagens vamos tirar daí?

Estamos a ficar sem reservas?

Não estamos a ficar sem petróleo, mas antes sem petróleo que temos capacidade de queimar. Todos os anos o mundo perde cerca de 4 milhões de barris por dia e consome 85 milhões. O que isso quer dizer é que temos de arranjar 20 milhões de barris por dia nos próximos cinco anos para que daqui a outros cinco possamos consumir a mesma quantidade que em 2010. Estamos a substituir petróleo low cost por high cost, além dos elevados custos ambientais das novas reservas.

 

O que aconteceu em 2008 vai voltar a repetir-se?

Antes da crise da Grécia, o barril estava a ser comprado a 85 dólares. E repare que a maioria das economias consumidoras de petróleo não está nas mesmas condições que estava antes de começar a recessão. O petróleo até pode voltar aos 40 dólares, isto se continuarmos em recessão, não digo que não. O que digo é que não podemos sobreviver como economia global se o preço do petróleo voltar aos três dígitos. E, quando isso acontece, a distância custa dinheiro. O modelo de economia global deixa de fazer sentido.

 

Quando é que isso vai acontecer?

Está a acontecer enquanto falamos. O petróleo esteve agora a custar 85 dólares por barril. Há três anos, esse preço seria um recorde inacreditável e agora é o que se paga quando metade do mundo está em recessão. Vamos chegar aos 150 dólares por barril. E não me parece que a economia esteja mais apta para lidar com esses preços do que estava em 2008. É por isso que acho que temos de mudar. Não faz sentido irmos buscar tudo à Índia ou à China porque os salários são mais baixos. O custo de importação vai ser mais caro. Aquilo que poupamos em custos de pessoal gastamos para trazer os produtos.

 

Vamos ter de nos habituar a outra forma de vida?

Sim, em tudo. No que comemos, onde trabalhamos, onde vivemos, como gerimos o nosso negócio, que tipo de trabalhos temos. Essas serão as mudanças que nos permitirão adaptar a preços de três dígitos. Mas não vamos deixar de comer. O problema é que nos Estados Unidos, Canadá ou Europa Ocidental metade dos terrenos agrícolas são hoje sítios pavimentados. As mesmas forças económicas que acabaram com as fábricas e as levaram para a China vão ter de reverter isso. Rendibilizar novamente os locais não porque o governo diz mas porque os preços do petróleo o dizem.

 

E acha que as pessoas estão preparadas para esta reviravolta?

A única vez em que concordei com George W. Bush foi quando ele disse "estamos viciados no petróleo". E estava 100% certo. Mas ninguém está mais viciado do que os norte-americanos. Contudo, é uma mensagem que as pessoas não querem ouvir. Preferimos fingir que conseguimos encontrar novas fontes de energia porque não queremos cortar no nosso consumo. Mas a chave não é encontrar uma forma de arranjar gasolina mais barata, a chave aqui é sair da estrada. Nisso acho que os europeus estão mais habituados. Pelo menos têm sistemas de transporte muito mais desenvolvidos.

 


Cada vez há mais iniciativas a favor da bicicleta: mais uma interessante numa escola de Faro a ler no Planeta QI.

 

Porquê andar a pé?

TMC, 12.05.10

Qual é a principal diferença entre o andar a pé e andar de automóvel? Curiosamente, um automóvel deveria ser qualquer coisa que fosse capaz de auto-mover-se, mas parece que só classificamos os carros como os únicos objectos capazes de se automoverem.

 

É claro que a resposta depende do objectivo da deslocação. Se o meu objectivo for transportar móveis para uma mudança de casa não faz sentido carregá-los à mão pelas ruas durante todo o trajecto. Neste sentido, o andar a pé não pode competir com o automóvel. Porquê?

 

Nas cidades, o andar a pé é preterido com frequência pelo automóvel porque com este se consegue percorrer maiores distâncias em menos tempo. Quem está entre 10 a 20 minutos do emprego por automóvel demoraria talvez 40 minutos a pé até ao mesmo destino. Portanto, o argumento é de que com o automóvel poupa-se tempo na viagem para que se possa gastá-lo noutras actividades.

 

É comum dizer-se que o automóvel e outros meios de transporte vieram anular as distâncias. É aqui que reside um efeito pernicioso do automóvel. Enclausurados por metal e vidros, somos subtraídos ao ambiente exterior e através da velocidade estabelecemos uma relação com o espaço percorrido de passagem. A velocidade, tão prezada por nos poupar tempo (para quê?), resume a viagem apenas à chegada ao ponto de destino.

 

Ora, o andar a pé, ou melhor, o deambular, não é decerto uma solução para todas as deslocações, porque elas prestam-se a diferentes objectivos. Mas é aí que reside a sua importância. Mesmo que eu demore 15 minutos a pé até casa da Joana, o objectivo, apesar de ser ir visitá-la, acaba por ficar suspenso, porque vou percorrendo as ruas sem outro objectivo senão o de percorrê-las. Esta observação, aparentemente inócua, é precisamente o que o andar a pé e também de bicicleta facultam: uma maior atenção e sensibilidade ao espaço público, às redondezas, aos pormenores urbanos. O tempo demora, já não corre.

 

Se alguém duvida da importância do deambular como marca de uma maior consciencialização para a cidadania e para a natureza, basta verificar quais são os lugares em que de imediato notamos uma mudança no espaço: precisamente no local de emprego ou no local de residência, porque é aí que ainda fazemos uns minutos a pé entre o estacionamento do carro e a porta de casa.

 

Em resumo: só andando a pé é que nos ligamos ao mundo e em meio urbano ao que resta da cidade.

 


Alguns próximos oasseios pedestres na natureza e em meio urbano;

 

- "À descoberta do espírito do Douro", no dia 15 de Maio, organizado pela Oficina da Natureza;

- "Dias de Sicó" - passeio pedestre no Zambujal, no dia 16 de Maio, organizado pela Terras de Sicó;

-  Percurso pedestre em Paderne, também no dia 16 de Maio, organizado pela Almargem;

- O colectivo de arquitectos paisagistas Bound também organiza passeios regulares por Lisboa. É espreitar.

Duas cidades, duas medidas

TMC, 11.05.10

É sabido que Lisboa está a rebentar pelas costuras em termos da capacidade de absorver mais automóveis. Apesar disso, o presidente António Costa já veio exigir explicações ao governo para o adiamento da terceira travessia do Tejo, que envolve uma componente rodoviária. Quando a contestou, não foi por esta pressupor uma componente rodoviária, mas devido ao seu enquadramento paisagístico não ser o melhor. Um pouco como discutir, perante uma ameaça de fogo, se se deita gasolina ou gasóleo.

 

No dia em que quiserem encalacrar alguém do PCP ou d'Os Verdes sobre a mobilidade em Lisboa, basta recordar-lhes o contraditório da sua posição perante a nova ponte sobre o Tejo.

 

No Porto, por outro lado, a Câmara quer, com o objectivo de melhorar a mobilidade, aumentar  a eficiência de rebocamento de automóveis em 5000 viaturas. A medida foi aprovada com os votos contra do BE e PCP.

 

Uma lição sobre como fazer mais com menos.

O mercado da bicicleta

TMC, 07.05.10

Um argumento fraco contra a perda de predomínio do automóvel nas cidades é o seguinte:

 

"Sem o automóvel muitas actividades económicas na cidade ficariam enfraquecidas. Até correriam o risco de desaparecer. Muitas garagens e oficinas de mecânicos fechariam".

 

Aqui parece dar-se a confusão entre o transporte e o transportado. Exceptuando a entrega de mercadorias e bens, quem realmente produz riqueza é o transportado, não o transporte. É a pessoa que é responsável pela criação de riqueza. Mesmo que fosse verdade que algumas oficinas de mecânicos encerrariam, a adopção da bicicleta como meio de transporte generalizado poderia potenciar outras oportunidades: abertura de mais lojas de bicicletas e acessórios, empresas de encomendas, etc.

 

Um novo meio de transporte potencia também novas oportunidades para a publicidade e para projectistas de imobiliário urbano. Por exemplo, no caso de estacionamentos para bicicletas, chega-nos esta pérola da Front Yard Company:

 

 

 

 

Não tenhamos medo de mudar. Principalmente quando há todas as razões para isso.

BUZINE, para ajudar a fluir o trânsito.

António C., 06.05.10

Nenhuma medida se tem mostrado mais eficaz para melhorar o trânsito nas cidades do que aumentar as situações em que se buzina.

 

Infelizmente no nosso país só é possível buzinar em situações de emergência, mas vindo dos estados unidos temos esta conferência de imprensa onde se explica os benefícios para a cidade de se buzinar mais e em mais situações.

 

Um ovo de colombo para fazer fluir o tráfego.

 

Uma bicicleta estacionada ocupa SESSENTA vezes menos que um carro

MC, 05.05.10

Numa página onde se promovia a bicicleta, cujo endereço felizmente perdi, dizia-se que esta ocupava 6 a 10 vezes menos que um automóvel. Eu imagino que esta gente vá buscar estes números a "estudos" encomendados pelo ACP, porque estão constantemente a dar tiros no pé.

Em circulação, já referi aqui que a bicicleta ocupa 13 vezes menos que um automóvel. Façamos então as contas para o estacionamento.

 

 

Na vertical da fotografia há uma bicicleta em cada 20cm. Na horizontal há duas em cada 4,50m. Assim, uma bicicleta estacionada ocupa 0,45m2, na melhor das hipóteses. Um carro ocupa 26m2, quase 60 vezes mais.

Por que é que isto é importante? Para que as nossas cidades não sejam parques de estacionamento de latas e sejam espaços para pessoas.

 


A DG de Energia e Geologia tem agora uma página para telemóvel com toda a informação sobre preços dos combustíveis em todos os pontos do país. Eu acho muito bem que o consumidor tenha direito ao máximo de informação, mas só num ambiente de paranoia colectiva onde é um sacrilégio cobrar um euro ao automóvel, é que o Estado gasta energia em centralizar esta informação, ao mesmo tempo que nada faz noutras áreas.

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