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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Quatro fotografias

MC, 28.01.10

1. Há uns tempos mostrei que um dos passeios que saia da principal praça do país tinha a certa altura 10 centímetros de largura, isto numa rua com 4 faixas. Graças à remodelação da Praça do Comércio, este passeio está a ser aumentado.

 

2. Esta também já tem uns meses. A praça nass traseiras da Estação do Rossio, foi durante largos anos um horrível parque de estacionamento ao ar livre, em plena zona nobre de Lisboa. A praça foi limpa  e onde havia estacionamento há agora uma esplanada.

 

 

3. O greenwash aos carros pseudo-verdes está cada vez mais difundido. Em alguns parques de estacionamento há agora lugares específicos para estes carros (provavelmente nem lugar têm para bicicletas). Mas por quê? Será que ocupam menos espaço a estacionar?

 

4. Uma cena comum em Bruxelas (uma cidade que é plana segundo Helena Matos, apesar de ir dos 20m aos 130m de altitude). Não há que ter vergonha de subir a pé uma rua mais inclinada quando se vai de bicicleta. Se os automobilistas não têm vergonha das desvantagens do carro (meia-hora para encontrar um lugar para estacionar e vocês insistem em andar nessas coisas quando há alternativas?!) por que haveríamos nós, ciclistas, de ter?


O sector automóvel está mal habituado

MC, 27.01.10

Apesar das últimas notícias falarem num aumento de 17,8% no programa de troca de veículos (alguém conhece outro bem de consumo onde o estado ajude a pagar por um novo?), o sector está chateado.

O governo vai alterar a fiscalidade automóvel para acabar com a dupla tributação, acabando com um imposto mas subindo outro na mesma proporção de modo a compensar (o próprio ACP diz que fica igual). O sector está chateado porque o governo não aproveitou a ocasião para baixar os impostos do sector e agora diz que "isso vai impedir a recuperação do sector".  Mais uma vez, qual será o sector que não recuperaria se lhe cortassem impostos?

 

Adenda: a capa de hoje do DN diz em grande que o "orçamento agrava impostos sobre a compra de carros". Quando se lê o artigo, fica-se a saber que o tal aumento do ISV é de uns incríveis 1,7%, e isto nem são valores oficiais, mas de cálculos do sector automóvel. O lóbi não está só mal habituado como sabe fazer manchetes quando lhe dá jeito.

Segundo o Público, o aumento do ISV dá-se apenas nos dois piores escalões ambientais. Há ainda os incentivos fiscais para comprar carros eléctricos - aqueles incentivos que não se aplicam a veículos realmente ecológicos, como a bicicleta.


O NYTimes tem um artigo sobre Vauban, um bairro quase sem carros na Alemanha, sobre o qual o A Nossa Terrinha também já falou.

Já tardava

TMC, 26.01.10

Hoje ficámos a saber que o estacionamento automóvel em Lisboa, nas zonas controladas pela EMEL (o que é bastante diferente dizer que é em toda a cidade), estará sujeito a tarifas mais caras consoante a área escolhida. Nalgumas áreas, presumivelmente no centro da cidade, o estacionamento aumentará em 40% e o tempo de residência do automóvel diminuirá para metade. Uma medida a aplaudir, portanto e que aliviará a pressão automóvel sobre os lisboetas e o espaço público.

 

Para quando uma reacção do Sr. Carlos Barbosa do ACP? Aceitam-se apostas.

 

Queria no entanto partilhar convosco algumas pérolas da caixa de comentários do jornal Público; tal espaço não é nada mais nada menos do que a antecâmara da sociedade portuguesa. Dividi as opiniões entre aquelas que apoiam a medida, as que estão contra e as que apesar de serem contra centram a sua crítica na EMEL e não no aumento das tarifas.

 

A FAVOR

 

Acho muito bem!

Epa a malta dos suburbios ta chateada! Pois eu como residente acho muito bem! Deviam aumentar era ainda mais, para ver se os Lisboetas ficam com mais qualidade de vida e os residentes dos suburbios comecam a ir de transportes publicos para Lisboa. Eu como lisboeta nao gosto de ver a minha cidade inundada dos carros dos amadorenses, sintrenses, almadenses etc etc. A CML existe para defender os interesses dos residentes de Lisboa, nao dos residentes dos suburbios. Os lisboetas querem mais qualidade de vida e menos carros. Em Amesterdao sao 4 Euros/hora para estacionar no centro.

Andem de mota

Para mim é me completamente indiferente, vou de mota todos os dias para o centro da cidade e estaciono á porta do emprego. Quando vou á baixa, estaciono nos sitios indicados para motos, sem pagar qualquer cêntimo. Se mais gente adopta-se este comportamento, como é usual no resto da Europa, ficariam mais lugares vagos para quem realmente necessita.

 

Medida interessante

Esta é uma boa medida já que permite, em princípio reduzir o movimento automóvel na capital. Porém acho que se deviam restringir o número de automóveis por habitante, porque há pessoas com 6 automóveis. Quero só salientar que no tempo de joão soares foram abatidas árvores centenárias para abrir espaço para os parques de estacionamento - salvé ps da direita!!!

 

CONTRA


bloqueiem os parquíemtros! danifiquem-nos! impeçam esta gente de encher os bolsos à custa de quem não tem alternativa para deixar os carros. eu trabalho no centro de lisboa, sou obrigado a levar carro pelas muitas deslocações que tenho de fazer durante o dia, e o preço que pago por um dia de estacionamento chega-me aos 8 euros/dia.

 

É Gamar à vontade !

Esses Camaradas gamam à vontade sem se preocuparem com as pessoas que precisam de andar de automóvel em Lisboa... pois necessitam desse meio de transporte para ganhar a vida, já tão atribulada ! Deste modo a Emel quer ajudar os Ricos e bem nascidos a terem sempre lugar onde quizerem, pois uns cêntimos a mais ou a menos nas algibeiras do Capitalistas não os afetam em nada ! Isto é uma pouca vergonha à moda do Sócrates e do Costa da Câmara de Lisgoa ! E lembrar-me eu do antigo Ditado: "Ao menos, os nossos maiores deixaram-nos as ruas livres" para as usufruirmos ! Isso foi "Chão que já deu Uvas" ! Com o Pinóquio e os seus Apaniguados acabaram-se as Ruas Livres !

 

Mais dinheiro para os proxenetas do costume

Numa cidade extremamente mal planeada e sobrelotada (muito bonita para turistas, infernal para pessoas activas), deviam adequar os parquimetros...às zonas de trabalho e habitação. Eu adorava trabalhar fora de Lisboa! E ir a pé ou de transportes para o emprego.As medidas deveriam ser pró-emprego e pró-industria e não pró-turistas!! Quem mora ou trabalha: selo de estacionamento. E preços decentes! Os outros: PQOP. E em vez de popularem zonas sem condições (como o Chiado), experimentem tirar de la os serviços e o comércio. São proto-aldeias que não foram construídos para os tempos modernos, e devem ser simplesmente utilizados para dormitórios. A mania das cidades portuguesas de "acotovelarem" tudo no centro, causa este caos.

 

  

CRÍTICOS DA EMEL

 

Estamos a saque

Não aos parquímetros, partam, destruam, sim ao policiamento. a emel está a explorar aquilo que foi dado ao cidadão, o espaço público, isto é um roubo e um atentado aos direitos dos cidadãos. o comércio de lisboa ainda vai sofrer mais com isto. as pessoas e as empresas deixarão de ir a lisboa e de se instalarem em lisboa... em troca dos chorudos euros que retiram ao bolso do cidadão que precisa de se deslocar e trabalhar em lisboa... Este país está a saque das empresas ladronas autorizadas pela CMLisboa também cúmplice nos roubos ao cidadão e em especial ao Lisboeta.

  

 ladrões ladrõesa socidedade de ladrões que compôem a Emel rouba com a conivência da camâra de Lisboa, mas que abuso de espaço público !!!!! já não basta os impostos que pagamos ainda temos que subsidiar uma empresa pseudo-privada!?!?! mas este aumento deve-se porque ??? porque os gestores querem comprar carros novos ??? ladrões !!!!!!!

 

 

E agora?

TMC, 25.01.10

A CP tem uma dívida de 3,8 mil milhõs de euros e a REFER  tem outra de quase nove mil milhões de euros. Ninguém questiona a sua relevância social mas, curiosamente, há cada vez menos pessoas a andar de comboio em Portugal. A falta de rentabilidade e as baixas taxas de utilização têm sido os argumentos usados para os fechos das de algumas linhas ou para a redução dos horários. Ao mesmo tempo, justifica-se a falta de investimento e manutenção que poderiam atrair mais clientes para essas linhas do mesmo modo. É um círculo vicioso e falacioso.

 

Perante este diagnóstico do absurdo, qual é a solução? Privatizar?

Lisboa é um parque de estacionamento II

MC, 23.01.10
Ainda sobre a alegada falta de estacionamento em Lisboa, pense nas grandes avenidas arborizadas noutras grandes cidades europeias. Os Campos Elíseos de Paris, o Paseo del Prado de Madrid, a Unter den Linden de Berlim, o The Mall de Londres, etc. todas autênticos símbolos das respectivas cidades. Alguém imaginaria um parque de estacionamento a interromper o arvoredo ou jardins dessas avenidas?

Pois bem, a nossa "Avenida" da Liberdade não tem um, nem dois, mas três parques de estacionamento à superfície legais que se intercalam com os jardins laterais:


Lisboa é um parque de estacionamento.



A ler no Transportes em Revista: A mobilidade sustentável como factor de competitividade entre cidades por Adriano António Pinto de Sousa

Lisboa é um parque de estacionamento I

MC, 22.01.10
Eu não entendo bem o que é o problema da falta de estacionamento que alegadamente existe em Lisboa. Como mostrou e muito bem o Carlos Medina Ribeiro Lisboa não tem falta de estacionamento, os lisboetas é que têm falta de vontade de pagar por ele.

Sejamos sinceros, Lisboa é um parque de estacionamento. E não me refiro ao estacionamento irregular que abunda como em nenhuma cidade europeia (bom, talvez Nápoles), refiro-me a estacionamento legal à superfície. Veja-se isto:


Uma rua estreita (passeios minúsculos) com QUATRO FAIXAS para estacionamento. Lisboa tem quilómetros e quilómetros de ruas assim. Quatro faixas de estacionamento à superfície é impensável nas cidades do Norte da Europa. Nas cidades mediterrânicas encontra-se uma ou outra rua com mais de 2 faixas, mas sempre em ruas largas. Passem uns tempos no Google Maps, e verifiquem pelos vossos próprios olhos.

 

Este abuso de estacionamento legal torna a cidade feia, desagradável, tira espaço público que deveria ser para peões, esplanadas, jardins e até campos de jogos para os miúdos. Pelo seu baixo preço (ou mesmo gratuito para os residentes - algo que também não se repete noutras cidades europeias) é um perverso incentivo à posse e ao uso do automóvel na cidade. Por favor, não me contem a história do despovoamento da cidade por falta de estacionamento. Se há cidade que tem problemas de despovoamento na Europa, ela é Lisboa, a cidade parque de estacionamento.

 


O Passeio Livre tem uma posta antiga bem a propósito: em Oeiras, um estacionamento em altura construido pela câmara para os residentes num local com pouco estacionamento na rua, não tem fregueses... paga-se.

A falácia do uso das renováveis

MC, 20.01.10

A propósito da discussão sobre o uso de electricidade de fonte renovável há uma falácia que é irritantemente repetida.

Quando se diz que 40% da energia usada por um automóvel eléctrico é de fonte renovável, está implícito que esses 40% não têm impacto ambiental (admitindo por momentos que as renováveis não têm impacto ambiental, não sendo por isso indesejáveis). Este raciocínio só faz sentido quando é impossível evitar o uso desta electricidade. Na realidade é necessário pensar naquilo que em economia se chama o custo de oportunidade, ou seja é necessário comparar com as alternativas. Se a deslocação de automóvel nem fosse feita ou fosse feita de modos energeticamente mais eficientes, esses 40% de poderiam ser usados para reduzir a produção a partir de fontes não-renováveis. Quando um carro eléctrico consome 1 kWh, esse kWh vem assim a 100% de energias não-renováveis (90% dele se pensarmos que a deslocação seria feita de transporte público).

Por exemplo, se todos formos de Lisboa ao Porto de carro eléctrico cada um consume 100 de electricidade, 60 virão da carvão/petróleo e 40 virão de hídricas/eólicas. Dito deste modo, parece que apenas os 60 são negativos ambientalmente. Na realidade se fóssemos de comboio apenas teríamos gasto 10 de electricidade, menos 90 do que com o carro. A produção eléctrica nacional poderia ser baixada em 90. E onde iríamos baixar? Não nas renováveis, mas nas poluentes. Ao optarmos pelo comboio e não pelo carro, estaríamos a poupar 90 de electricidade não-renovável e não apenas 60.


 

 


Cartoon apanhado na mailing-list da World Carfree Network:

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