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Menos Um Carro

Blog da Mobilidade Sustentável. Pelo ambiente, pelas cidades, pelas pessoas

Menos Um Carro

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Quanto espaço ocupa um automóvel?

MC, 29.07.09

Nesta caixa de comentários uma leitora mencionava um artigo onde se falava do absurdo, em termos de gestão de espaço urbano, que é ter uma pessoa a deslocar-se dentro de um carro, ocupando assim 6m2. Estes 6 metritos quadrados são no entanto muito simpáticos, eu diria mesmo que são uma estimativa do ACP.

Este é um assunto importante porque, como tenho repetido, é o espaço ocupado por um carro que causa a grande maioria dos problemas da sociedade do automóvel (congestionamento e logo poluição, desumanização do espaço urbano, falta de espaço para peões e outras actividades, etc.).

Quanto espaço ocupa então um carro? Aqui fica um exemplo muito, muito simpático para um automóvel, um estacionamento compacto de um hipermercado.

Num espaço 106m por 71m (as vias de acesso também contam, porque sem elas o parque não funciona) cabem no máximo 14x21 carros. Ou seja no mínimo dos mínimos um carro estacionado ocupa 26m2. E isto se assumirmos que o parque está cheio, o que raramente acontece. Durante grande parte do dia está às moscas. Se formos simpáticos e assumirmos que ele está a metade em média, para cada carro estacionado será necessário ocupar 51m2.

Mais exemplos nos próximos capítulos.

 


Foto a ver no bananalogic, o quão simples é transportar-nos de bicicleta.

Reportagem sobre o transporte ferroviário de via estreita entre Portugal e Espanha.

TMC, 28.07.09
Reproduzimos o apelo do Movimento Cívico pela Linha do Tua ao visionamento de uma reportagem da SIC acerca do transporte ferroviário de via estreita em comparação com o espanhol.
 
 
Caros amigos,
 
Amanhã, quarta-feira (29JUL09), no Jornal da Noite (SIC), será apresentada a Reportagem Especial: "Fim de Linha", sobre o transporte ferroviário português, de via estreita. 
 
De acordo com a página web da SIC, que indicamos abaixo, nesta reportagem serão ainda comparadas as realidades portuguesa e espanhola; por um lado, o abandono e o desinteresse evidentes nas linhas-férreas portuguesas, e por outro, a modernização, valorização e aproveitamento de todo um património ferroviário no outro lado da fronteira, em Espanha...
 
O Movimento Cívico pela Linha do Tua, convida todos os interessados a seguirem com atenção esta reportagem e sublinha o facto de nos últimos 20 anos, terem sido encerrados em Portugal cerca de 500 Km de via estreita, nos quais se inclui a Linha do Tua, conforme mencionado no mesmo texto.
 
Atentamente,
 
Movimento Cívico pela Linha do Tua
 
 
 
Fim de linha

Há muito tempo que as linhas ferroviárias estreitas portuguesas atingiram o fim da sua vida útil.
A falta de investimento neste sector ferroviário levou ao encerramento de cerca de 500 quilómetros de linha nos últimos 20 anos. Tua, Corgo e Tâmega são o exemplo mais recente.


Na Reportagem Especial desta Quarta-feira comparamos esta realidade de abandono e desinteresse com o exemplo espanhol, onde as Linhas estreitas foram modernizadas e aproveitadas para transporte de passageiros, mercadorias e turismo.

 

Dúvida: estacionar no passeio vs estacionar na rua

MC, 22.07.09

Porque é que os carros estacionados ilegalmente no local de passagem dos peões são bloqueados*, mas os que estão estacionados ilegalmente no local de passagem dos carros não o são? (Sendo contudo rebocados e com uma probabilidade bem maior?)

(a parte traseira esta num lugar de estacionamento, não na rua)

 

*(imaginando por breves momentos que as autoridades competentes até fazem alguma coisita)


A ler: contra os preconceitos, a CM de Aveiro pôs os seus funcionários a deslocar-se de bicicleta! Notícia do Pública via Cidade Ideal

E peões de capacete?

MC, 22.07.09

Já sabemos que os perigos e inconvenientes da sociedade do automóvel são atirados para cima dos outros, como se de algo normal se tratasse.

O trânsito faz barulho? Azar o teu, morasses noutro sítio. Reduzir o trãnsito é que não!

O trânsito automóvel põe em perigo os ciclistas (andar de bicicleta não é por si perigoso)? Azar, metam um capacete e saiam da rua. Proteger os ciclistas e reduzir as velocidades do trânsito é que não! Etc.

Mas a coisa chegou ao absurdo na Indonésia. Os peões com deficiências físicas vão ser obrigados a sinalizar-se como tal, para que os automobilistas possam notar a sua presença! Tudo a bem da segurança dos peões, pois claro.

“Handicapped pedestrians are obliged to wear special signs that can be easily recognized by other road users,” the clause stated. (...) “This law is to protect pedestrians, including those who are handicapped,” Malkan Amin of the Golkar Party said. “It is for their own protection.”

 

Aquele dia em que um zeloso legislador se lembrará, que obrigar os peões a andarem de capacete é uma medida eficaz para reduzir a sinistralidade, nunca esteve tão perto.

 


Foto de uma praça do centro histórico de Lisboa, roubada ao Observatório da Baixa (sim, estão estacionados). Não admira que a vida fuja para os arredores cheios de auto-estradas, as pessoas preferem o original à cópia.

O tráfego é contra-intuitivo I (Paradoxo de Braess=mais alcatrão pode ser pior para os carros)

MC, 22.07.09

É sabido que toda a gente tem uma opinião sobre tudo e mais alguma coisa, mas haverá poucos temas em que a intuição está tão errada como nos transportes. Digo isto porque independentemente dos gostos pessoais (cidades sem carros cheias de vida ou cidades de auto-estradas), muitas vezes discute-se sem saber que o que defendemos não conduz ao que queremos. Um caso típico, sobre o qual eu já fiz uma carrada de postas, é a ideia errada de que retirar o retirar os carros da cidade também retira as pessoas. Nas próximas postas, tenho alguns outros exemplos.


Paradoxo de Braess = construir mais estradas pode ser pior para o trânsito

 

Imaginem que há 4000 carros que vão de START até END havendo 2 caminhos diferentes, por A e por B. O primeiro troço até A é uma rua curta mas estreita, ou seja há para-arranca se houver muitos carros. Quanto mais carros houver mais tempo eles demorarão, neste exemplo se houver T carros eles vão demorar T/100 minutos. Depois de A há uma auto-estrada longa  mas sem congestonamento, e eles demoram 45 minutos.

 

Por B acontece o inverso, mas no total vai dar ao mesmo. Todos os automobilistas querem chegar o mais cedo possível e vão tentar os diferentes caminhos para se safar. Neste caso os dois caminhos, por serem equivalentes, vão ter mais cedo ou mais tarde o mesmo número de carros, 2000. O troço apertado vai ser percorrido em 2000/100=20 minutos e a auto-estrada em 45min. 65 minutos no total.

Agora imaginem que é feita uma auto-estrada entre A e B que, para simplificar, demora zero minutos a ser percorrida. Os carros podem agora evitar a auto-estrada longa fazendo apenas os dois percursos pequenos (mas estreitos), isto é start-A-B-end. As ruas estreitas vão estar assim ainda mais cheias, demorando 4000/100=40 minutos a ser percorridas. No total os carros vão demorar 80 minutos para o percurso, mais 15 minutos do que antes da construção da nova rua! E eles bem podem tentar encontrar percursos alternativos (start-A-end, start-B-end ou start-B-A-end), que nenhum deles será mais rápido.

O problema com a nova rua é que é impossível pôr os carros a fazer o percurso antigo, porque haveria um chico-esperto que se aperceberia que start-A-B-end seria mais rápido. E depois outro, e mais outro, até que se voltasse aos 80 minutos. (Os números e a estrutura das ruas escolhidas são irrelevantes, este fenómeno acontece para vários exemplos diferentes).

 

Embora este fenómeno seja bem real - há várias experiêncas (por exemplo esta) onde se puseram pessoas a tentar chegar de A a B o mais depressa possível, e elas caem rapidamente no problema descrito - ele não interessa muito para as cidades por uma razão muito simples: nas cidades reais há alternativas como os transportes públicos ou viajar a outra hora. Ou seja aqueles 4000 não são fixos. Agora o fenómeno interessa e muito para nos lembrar que o tráfego é contra-intuitivo.

 


A ler: a World Carfree Network tem agora um blog, o Carfree Blogosphere.

Separadores dos sentidos de trânsito no passeio?

MC, 20.07.09

No CidadaniaLx pus a seguinte foto (tirada num bairro residencial central de Lisboa) e pedi ajuda para perceber o que seriam os pedaços de metal colocados no passeio. Ainda pensei que fosse um modo de sinalizar aos peões que só deveriam caminhar na parte de dentro do passeio, para deixar o espaço para estacionamento livre, mas houve uma sugestão melhor dos leitores, a que está no título.

Julgo que a "coisa" é bastante recente, e isso explica porque é que os carros ainda não aproveitaram mais este espaçozinho roubado ao peão.

 


Ainda a propósito do baixo preço dos parquímetros em Lisboa, uma estatística sobre o preço diário de um parquímetro em várias cidades do mundo, via Cantos de Lisboa.

Lisboa custa entre 12$ e 21$ consoante a frequência em que se mete a moedinha. Basicamente com um preço semelhante a São Paulo e mais barato que Moscovo. Países onde os salários são mais baixos que os portugueses.

A Acessibilidade Metropolitana e a Sustentabilidade nos Transportes - Indicadores Comparativos para uma Reforma Política

António C., 17.07.09

Próxima Segunda Feira dia 20 será feita um Ponto de Encontro com o tema que está no título deste post, promovido pela Lisboa E-nova.

 

O orador é Jonathan Levine. (Universidade Michigan)

O preço é 3Euros para estudantes e 5Euros para o público em geral.

Reserva antecipada é conveniente.

 

Resumo da Sessão:

O planeamento e a política dos transportes é frequentemente avaliado com base em indicadores de mobilidade. De acordo com o Autor, é necessária uma mudança da abordagem ao nível da mobilidade para a acessibilidade com o objectivo de optimizar a necessidade de deslocação de forma a melhor conhecer a efectiva procura de transportes, sendo também uma forma de atingir uma maior sustentabilidade do sistema.

Neste sentido, o projecto desenvolvido na Universidade de Michigan, que será apresentado neste Ponto de Encontro, compara a acessibilidade para as 24 maiores regiões metropolitanas dos Estados Unidos. Os resultados de acessibilidade obtidos demonstram uma relação directa com a forma urbana, sendo as regiões mais densas e centralizadas aquelas que demonstram uma maior acessibilidade.

Horário e Local: 17h30 às 19h30 no CIUL-Centro de Informação Urbana de Lisboa (Picoas Plaza)

Estremoz ganha prémio Cidade de Excelência

TMC, 17.07.09

E porquê? Vejamos a notícia. Os sublinhados são nossos.

 

Estremoz foi considerada "Cidade de Excelência" ao ganhar o Prémio Projecto Urbano - Reabilitação, com o projecto para o Rossio do Marquês de Pombal e largos adjacentes, dos arquitectos Adalberto Dias e Graça Nieto.


O Rossio do Marquês de Pombal, lugar de troca de bens, serviços e cultura desde o século XVI, é uma das maiores e mais belas praças portuguesas, circunscrita por edifícios notáveis e de grande escala, como o Convento dos Congregados, onde funciona a Câmara Municipal, ou o Convento das Maltezas, que deu lugar ao Centro Ciência Viva .


Contudo, "apesar do seu carácter de cidade, da sua formação histórica e dos seus espaços e edifícios de referência (é hoje) um território fragmentado", referem os arquitectos, que identificaram os seguintes problemas na própria praça e na relação com a envolvente: "Excesso de espaço viário sobre o pedonal, uma grande ruptura provocada pelo caminho-de-ferro , fragmentação e dispersão do espaço público, descaracterização de espaços de encontro e sociabilidade, demasiadas frentes de estacionamento, escassez do espaço pedonal de relacionamento com o edificado." O mercado semanal, que cria uma ocupação quase espontânea na praça e provoca grande afluência de pessoas e veículos, tem contribuído para esta desqualificação por transformar o local num espaço expectante e de estacionamento automóvel.  


"De forma a resolver as continuidades perdidas e articular os elementos dispersos desta realidade urbana, a proposta de requalificação desenha uma nova rede de relações conceptuais e materiais: repõem-se eixos visuais e perspécticos, criam-se novos espaços em conjugação com outra mobilidade menos dependente do automóvel, ligando de maneira coerente e contínua os três grandes momentos da cidade de cota baixa e estável, o Rossio do Marquês de Pombal, a Praça Luís de Camões e Pelourinho, e o Largo do Gadanho", assinalam os responsáveis pelo projecto ganhador, que já tinha vencido o anterior concurso de ideias aberto pelo município para o reequacionamento do mesmo local histórico. 

 

A equipa multidisciplinar procurou com o desenho urbano e arquitectónico uma hierarquização e separação clara entre a estrutura viária e os espaços da praça, rede- senhando espaços de estar, eixos viários e ligações.  

"Estas ligações, aliadas à Rota do Comércio Tradicional, permitem a afirmação de uma nova gama de espaços de referência e enquadramento de edifícios simbólicos e monumentais", acrescentam os arquitectos, que também deram especial atenção aos sistemas ecológicos de suporte, para assegurar a infiltração e escoamento hídrico. A título de exemplo, os conjuntos arbóreos do centro da cidade integram um corredor de continuidade no sistema húmido do território, pelo que foi proposto o reforço das árvores existentes e a criação de novos jardins.  

 

Os meus parabéns a toda a equipa que projectou as novas configurações dos terreiros de Estremoz. É muito importante que a restrição ao automóvel nas cidades seja reconhecida e institucionalizado como um factor de desenvolvimento. Note-se que o paradigma é retirar liberdade ao automóvel ao mesmo tempo que se confere mais espaço ao peão, às pessoas, priveligiando a sociaiblidade, os encontros e as trocas.

 

Este tipo de urbanismo começa a ganhar força em Portugal mas, por óbvias restrições políticas e económicas, vai-se exercendo fora dos grandes centros urbanos; é neles que o automóvel ainda impera e a qualidade de vida soçobra. Está na hora de fazer as malas e premiar cidades como Estremoz com a nossa presença.

 

 

Só Hoje - Promoção da Carris

António C., 17.07.09

Encontram-se hoje em alguns locais de Lisboa, stands promocionais da Carris onde se oferecem sementes para plantar salsa e coentros. Para além disto, quem ainda não é portador de um passe mensal, tem direito a um cartão de 10 viagens da Carris.

 

Os pontos encontram-se na Praça de Londres, na Praça da Figueira e num terceiro local (penso que seja Parque das Nações).

 

Infelizmente não consegui encontrar mais informação na internet sobre esta acção e apenas tive conhecimento por ter passado num destes locais. A acção dura 2 dias, ontem e  hoje.

Os parquímetros são caros?!

MC, 14.07.09

Nesta posta mostrei que em Lisboa o automóvel tem preços de desconto na ocupação do espaço público, comparado com outras ocupações. Nesta outra tinha referido que os parquímetros no centro de Amesterdão era ligeiramente mais caros que os portugueses: 4.80€. Depois de um rico, agora um exemplo de um país mais pobre, o Chile.

330 pesos por meia hora que por acaso correspondem ao preço de Lisboa, 0,40€. Mas primeiro, trata-se de uma foto de uma pequena cidade chilena, e não da capital. Segundo, o preço de uma refeição completa equivale a 2h ou 2h30 de parquímetro. Em Lisboa, não há tascas a fazer refeições por 1,80€. Terceiro, se compararmos com o PIB per capita (nominal) o parquímetro chileno é 2,5 vezes mais caro.

O preço ridiculamente baixo praticado por cá, e a quantidade de protesto contra o seu suposto exagero, apenas provam o quão o espaço urbano em Portugal é escravizado pelo automóvel.

Pessoalmente já ficaria contente se o sistema funcionasse com os preços actuais...

 


A ler: nem de propósito Eurico Cordeiro queixa-se no LXsustentável de como a vida na cidade foi destruida graças ao automóvel ao longo das últimas décadas.

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